͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏01. beatriz. ⋆✴︎˚。⋆

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Caminho até a mesa das comidas, que está decorada com uma toalha branca e cheia de queijos, biscoitos e frutas. Duas das minhas amigas mais chegadas — Hope Matthews e Cora Thompson — já estão lá. Uma loira e uma ruiva, as duas são os anjos mais bonitos e inteligentes do mundo.

Corro até elas e quase me jogo em seus braços.

— E aí? Como foi? — pergunta Hope, ansiosa.

— Tudo bem, acho. Ela falou que achava que Harvard deveria agradecer por ter a mim como aluna, e que a primeira leva de cartas de aceitação vai ser enviada em breve.

Pego um prato e começo a me servir, desejando que os pedaços de queijo fossem maiores. Estou com tanta fome que poderia comer uma peça inteira. Passei o dia louca de ansiedade por causa dessa reunião, e, agora que acabou, quero cair de cara na mesa de comida.

— Ah, tá no papo — declara Cora.

Nós três somos orientandas da professora Gibson, que é uma grande partidária de ajudar mulheres jovens. Existem outras organizações no campus voltadas para a formação de contatos profissionais, mas a influência dela é orientada exclusivamente para o avanço das mulheres, e não tenho palavras para agradecer o apoio.

O coquetel de hoje foi pensado para que suas alunas pudessem conhecer alguns membros do corpo docente dos programas de pós-graduação mais competitivos do país. Hope está batalhando por uma vaga na faculdade de medicina de Harvard, e Cora vai para o MIT.

É isso aí, a casa da professora Gibson parece um mar de estrogênio. Tirando o marido dela, só tem mais outros dois homens aqui. Vou sentir saudade deste lugar quando me formar. Tem sido como uma segunda casa para mim.

— Estou cruzando os dedos — digo, em resposta a Cora. — Se não entrar em Harvard, então vou pra Boston ou Suffolk.

O que seria bom, mas Harvard praticamente iria me garantir o trabalho que quero depois de me formar — um emprego num dos principais escritórios de advocacia do país, ou o que todo mundo chama de Big Law.

— Você vai entrar — diz Hope, confiante. — E espero que pare de se matar quando receber essa carta de aceitação, porque, caramba, amiga, você tá tensa.

Giro a cabeça no pescoço mecanicamente. É, estou tensa.

— Eu sei. Minha rotina tá me matando. Fui pra cama às duas da manhã, porque a garota que ia fechar o Boots & Chutes foi embora mais cedo e me deixou sozinha, aí acordei às quatro por causa do expediente no correio. Cheguei em casa lá pelo meio-dia, caí na cama e quase perdi a hora.

— Você ainda tá nos dois empregos? — Cora afasta os cabelos ruivos do rosto. — Achei que ia largar o trabalho de garçonete.

— Ainda não posso. A professora Gibson disse que eles não querem que a gente trabalhe no primeiro ano do curso de direito. Só vou conseguir dar conta se já tiver economizado o suficiente pra comida e aluguel antes de setembro.

Cora faz um barulhinho de compreensão.

— Sei como é. Meus pais fizeram um empréstimo tão grande que daria pra fundar um pequeno país com o dinheiro.

— Queria que você morasse com a gente —  resmunga Hope.

— Sério? Não tinha percebido — brinco. — Você só disse isso duas vezes por dia desde que o semestre começou.

Ela franze o nariz perfeito.

— Você ia amar o lugar que meu pai alugou pra gente. Tem um janelão que vai do chão ao teto e fica do lado do metrô. Transporte público.

A Conquista | BETRIZ Where stories live. Discover now