Capítulo 46

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Abri meus olhos encontrando um quarto branco com alguns tons de azul em um canto, olhei devagar para o lado encontrando Lívia mechendo no celular e sentada no sofá ao lado de uma mulher loira que estava lendo um livro. De repente as duas me olharam e deram um pulo do sofá.

ㅡ SOFIA. ㅡ Falaram juntas mas só quem saiu correndo para fora do quarto foi Lívia.

ㅡ Ainda bem que você acordou.
ㅡ Minha mente estava confusa, não sei por quanto tempo dormi mas tenho algumas lembranças de Axel saindo desse quarto, mas não sei se foi só um sonho. ㅡ Como se sente?

ㅡ Bem, na medida do possível. ㅡ Tentei dar um sorriso fraco mas tudo doía em mim.

Lívia voltou para o quarto ao lado de uma enfermeira, ela estava... chorando? porque?

ㅡ Você é bem forte, Sofia. ㅡ A enfermeira sorriu para mim.
ㅡ Dependendo da sua recuperação pós cirurgia, você terá alta em alguns dias.
ㅡ Ela mediu minha pressão e mais algumas coisas, disse que se precisasse era só chamar e saiu do quanto.

ㅡ Filha... ㅡ Aquela mulher loira e de olhos claros se sentou na poltrona ao meu lado e começou a chorar, o que me fez lágrimar por me comover com ela.
ㅡ Eu... pensei que fosse te perder antes de te ter. ㅡ Ela limpou os olhos e sorriu fraco para mim acariciando minha bochecha. ㅡ Eu te amo tanto, e imagino que tem muitas perguntas a fazer.
ㅡ Assenti ainda confusa e ela endireitou sua postura na cadeira. Eu não conseguia ter ressentimento ou raiva por ela, afinal, ela não teve culpa do Rafael quase matar nós duas. ㅡ Então, pode começar.

ㅡ Porque você fingiu estar morta? porque prenderam o Rafael se ele não te matou? ㅡ Seu olhar ficou distante como se ela estivesse lembrando de algo bem doloroso.

ㅡ Eu fiquei em coma por dois anos, filha. ㅡ Sua cabeça se abaixou e sua voz ficou baixa também. ㅡ Seu pai não sabia controlar a raiva, um certo dia ele chegou com a ideia de que eu estava o traindo, eu tentei explicar que não mas... Ele me bateu com força, com toda a força que ele tinha, ele quase me matou e a última coisa que vi foi ele indo para cima de você, me senti tão fraca, tão inútil por não ter forças e me levantar de lá para te defender...
ㅡ Melanie segurou em minha mão e suspirou. ㅡ Foi aí que sua avó, Branca, entrou, ela chegou a tempo de me levar para Boston e moveu o que pôde para não me deixarem morrer, mas fiquei em coma e quando acordei fiquei desesperada por não saber onde você estava e quase entrei em um quadro de depressão, mas sua avó já tinha começado a te procurar, mas não te achava de jeito nenhum.

ㅡ Ela odiava o Rafael, não é?

ㅡ Sim filha, eu sou a filha mais nova dela. Meu pai tinha negócios com o Rafael e eu me apaixonei perdidamente pelo seu pai quando o conheci, e não pensei duas vezes em fugir com ele. Minha mãe foi até o Brasil me buscar, mas eu não quis voltar para Boston e ela disse que só queria me proteger e que o Rafael iria quebrar meu coração, porque mesmo sendo um homem muito rico ele não era um bom homem para mim, e eu me arrependo amargamente por não tê-la escutado.

Agora as coisas estavam se esclarecendo, tudo que Axel havia me contado fazia total sentido agora, mas eu queria saber mais... Sobre ele.

ㅡ E o... Axel? ㅡ Falei com incerteza na voz.

ㅡ O Axel começou a te procurar quando tinha 15 anos, você era a melhor amiga dele desde que ele foi passar as férias em casa, vocês eram muito apegados um com o outro e não se desgrudavam, mesmo que Rafael não gostasse de vocês dois juntos. Depois de anos ele te achou e eu sabia o que ia acontecer, sabia que vocês iam acabar se apaixonando, minha mãe mesma disse isso. E ele não queria que você soubesse de nada, queria primeiro saber quem estava te perseguindo e te livrar de tudo... Mas não foi assim que aconteceu. ㅡ Melanie passou a mão no meu cabelo fazendo um cafune, e era o mesmo que ela fazia quando eu era criança, eu sentia isso.
ㅡ Sabe filha, eu sei que você precisa de um tempo, mas, assim que o seu coração estiver bem e sarado, não deixe o amor da sua vida ir embora. ㅡ Ela depositou um beijo na minha cabeça e eu não disse mais nada, eu não conseguia perdoar ele ainda...

ㅡ E a minha avó?

ㅡ Está em casa preparando tudo para a sua volta, querida. ㅡ Melanie sorria e parecia que ela ia transbordar de alegria. ㅡ Vamos recomeçar, e vamos ser uma familia feliz. ㅡ Assenti e ela se ajeitou ao meu lado me abraçando como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo para ela.

[...]

CINCO DIAS DEPOIS

Tive alta hoje pela manhã e minha mãe disse que eu e Lívia íamos para a casa dela e da vovó, minha avó amou a Lívia e disse que a teria como uma neta. Elas mandaram buscar nossas coisas em nosso apartamento a alguns dias e só faltava nós, na verdade eu, para mudarmos de fato.

Entramos em um condomínio cheio de casa de gente rica, não demorou muito e o motorista parou em frente a um enorme portão branco, ele ligou o interfone e logo abriram o portão para que nós entrassemos. Era uma casa enorme, que de longe dava pra ver o jardim que tinha ao lado dela, era realmente linda. Na porta estava minha avó e uma mulher de postura perfeita ao seu lado, de pele morena e um cabelo cacheado lindo.

O motorista parou em frente a elas e eu desci logo após Lívia e minha mãe, que ainda estou me acostumado a chamar de mãe.

ㅡ Querida, seja bem vinda a sua casa.
ㅡ Minha avó me abraçou forte, ela sempre me abraçava com toda a força que tinha quando me via. ㅡ Quero que conheça minha amiga que é também a melhor amiga de sua mãe. ㅡ Ela sorriu para a mulher morena. ㅡ Abigail Baker, essa é a Sofia. ㅡ Baker? ela é a mãe do Axel?

A mulher me olhou com alegria nos olhos e abriu os braços para me abraçar, o seu abraço trazia conforto e de certa forma me lembrava o abraço do Axel.

ㅡ Seja bem vinda a sua casa, querida.
ㅡ Ela sorriu para mim e eu devolvi o sorriso, ainda não estava acostumada com tanto afeto ao meu redor.

Entramos em casa e minha avó começou a me mostrar cada canto e cada detalhe, até as fotos de quando eu era criança, ela tinha porque minha mãe sempre enviava para ela. Me apresentou aos seus empregados e depois me levou ao meu quarto que ficava ao lado do quarto de Lívia. Ele era branco com um ar bem moderno, tinha uma cama e uma televisão na parede da frente, um banheiro e um closet, mas o que mais me chamou atenção foi a varanda que tinha ali, dava para ver o jardim de lá, me encostei nela e fiquei observando o pôr-do-sol, e o sol sempre me lembrava o Axel.

ㅡ Querida, e o seu namorado? ㅡ Minha avó se encostou na varanda ao meu lado.

ㅡ Não tenho namorado, vovó.
ㅡ Respondi baixo mas acho que deu para ela escutar.

ㅡ Eu sei que está ressentida, e Axel disse que não vai incomodá-la de forma alguma, por que ele te ama e te quer bem, mesmo que você tenha que estar longe dele para isso. ㅡ Olhei assustada para ela. Ele seria capaz de se afastar, mesmo me amando, só para me ver bem? ㅡ São palavras dele, e eu o entendo. Mas, se você o ama e tiver capacidade de perdoá-lo, não deixe-o ir embora, ele te ama desde que eram crianças. Ele pode até ser um pouco tapado e sem noção, arrogante as vezes, mas te ama e ele mataria e morreria por você. ㅡ Vovó sorriu, me deu um beijo e logo saiu do meu quarto.

Eu só conseguia ficar cada vez mais confusa, não sei o que fazer. Amanhã volto para o trabalho, não falo com a Madelyn mais e Justin disse que não é nem necessário, mesmo que ela tenha se aproximado e ido no hospital várias vezes.

Mas e Axel?

Como eu vou tirá-lo do meu coração? o que vou fazer com esse sentimento tão forte que tenho por ele? Eu queria muito tê-lo aqui comigo, mas talvez seja tarde demais para isso.

Fim ou o início de tudo para eles?

Fim ou o início de tudo para eles?

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