Capítulo 06

37 5 0
                                    

Aquela frase ficou se repetindo na minha cabeça por segundos e segundos.

Por um momento quis que aquilo fosse brincadeira de alguém, mas a pessoa que escreveu essas palavras não parece estar de brincadeira.

ㅡ Sofia Cooper? ㅡ A loira mal educada me chamou. ㅡ O Conway já está desocupado. Pode entrar.

Nem me dei trabalho de olhar para ela, apenas bati duas vezes na porta até ouvir um entre. Quando entrei me deparei com um homem que devia ser uns dois anos mais velho que eu, com certeza deve ser herdeiro de tudo isso daqui. Ele é bonito, cabelos loiros e uns 1,80 de altura. Ele sorriu e se levantou vindo em minha direção.

ㅡ Sofia Cooper, muito prazer. ㅡ Ele estendeu a mão para mim e eu sorri um pouco torto. ㅡ É um prazer conhecê-la, tive ótimas recomendações da filial da Conway no Brasil. Sente-se.

ㅡ O prazer é todo meu, senhor Conway. ㅡ Me sentei esperando que ele falasse mais alguma coisa enquanto o mesmo olhava uma ficha que com certeza era minha.

ㅡ Temos um caso que acho que você se sairia muito bem. ㅡ O senhor Conway olhou em meus olhos. ㅡ A propósito, meu nome é Justin, não precisa me chamar de senhor Conway como todos me chamam aqui, temos praticamente a mesma idade. ㅡ Ele sorriu, um sorriso muito bonito por sinal.

ㅡ Claro, Justin. E podemos começar agora? ㅡ Sorri, havia passado mais de uma semana sem analisar as coisas e isso já estava me dando nos nervos.

ㅡ Claro, claro. Mas antes vamos conhecer a sua sala, com certeza você vai se sentir mais a vontade se estiver trabalhando lá. ㅡ Assenti e levantei no mesmo tempo que ele também se levantou. Justin abriu a porta me dando passagem para passar primeiro, olhei de canto de olho para a loira que revirou os olhos quando me viu.

ㅡ Aonde vai, Conway? ㅡ Ela se levantou vindo em nossa direção. Mas, Conway passou direto por ela como se não tivesse ouvido a garota. Quis rir dela mas infelizmente não pude, então segui meu chefe até um andar a baixo do seu.

Nós chegamos em frente a uma porta de vidro e ele a abriu dando-me a visão de uma sala mediana, com paredes brancas e uma linda vista para a cidade, o pôr-do-sol deve ser lindo ao ser observado daqui. Ao centro da sala tinha uma mesa de vidro com uma poltrona giratória, em frente a mesa havia duas cadeiras. Era uma sala bonita, e não ia decorar, prefiro que fique simples assim.

ㅡ Bom, espero que goste. ㅡ Conway colocou as mãos no bolso e sorriu.

ㅡ É linda, vai ser ótimo trabalhar aqui.
ㅡ Olhei para a vista admirandoa

ㅡ Você não é de falar muito, não é?

ㅡ Ah, é que é meu primeiro dia. ㅡ Menti, mas não queria dizer ao meu chefe que odeio socializar.

ㅡ Entendo, Sofia. ㅡ Ele riu parecendo sem graça. ㅡ Bem, aqui estão as folhas com alguns detalhes do seu primeiro caso. Se quiser, pode marcar uma hora com os clientes.

Peguei os papéis de sua mão e dei uma olhada. O caso se tratava de uma mãe que abandonou a filha, deixou a menina morando com o pai e a avó paterna. E agora ela voltou e fez uma denúncia contra o pai de sua filha, o acusando de maus-tratos. E, mesmo tendo deixado a filha para trás a moça não tem receio algum e insiste desesperadamente em ir morar com a mãe. Mas, ao meu ver isso está muito mal contado e está confuso demais, mais confuso que o normal.

ㅡ Na versão do pai, que suponho que é a que esteja lendo, a mãe arranjou um amante e deixou a criança morando apenas com ele e com sua mãe que faleceu faz dois anos. Ele disse que a mãe da menina maltratava ela e batia muito nela antes de abandoná-la, e agora ela não é diferente.

ㅡ Sim, mas não faz sentido a versão dele. Se a mãe batia nela, abandonou e agora voltou e continua sendo a mesma pessoa, porque a menina iria querer morar com ela. Isso está muito mal contado, Justin.

ㅡ Sim, esse caso está mais complicado do que alguns outros, ninguém quis ficar contra ele, o homem é milionário e tem uma baita influência. Ninguém quer se meter com gente assim.

ㅡ As vezes é necessário se arriscar por algumas coisas. ㅡ Folheei os papéis em minha mão imaginando que aquilo estava mal contado. ㅡ Quero marcar uma hora com Jefrey. Depois, quero uma com a Lizzy, mãe da menina.

ㅡ Nossa, que rápida. ㅡ Ele piscou várias vezes. ㅡ Vou pedir para que a minha secretária marque, na verdade você precisa de uma também. ㅡ Riu. ㅡ Vou marcar também umas entrevistas e você escolhe quem quiser para ser sua secretária. ㅡ Assenti agradecida, então Justin disse que tinha que resolver algumas coisas e saiu da minha sala, enquanto eu fiquei analisando aquela história mal contada.

[...]

Saí do escritório 17h00 e fui no estúdio buscar Lívia, até que vi ela saindo de lá com várias caixas nas mãos. Saí do carro para ajudá-la e quando cheguei perto vi que eram caixas de Donuts.

ㅡ Pra quê é isso? onde você comprou?
ㅡ Peguei cinco enquanto ela segurava cinco.

ㅡ Minhas alunas do último horário me deram, fofas né? ㅡ Lívia sorriu colocando as caixas no banco de trás do meu carro.

Nós fomos até no estacionamento conversando sobre como foi o meu dia na Conway e em como o estúdio que ela trabalhava era deslumbrante. Estacionei e nós descemos, pegamos as caixas coloridas no banco de trás e caminhamos para dentro do prédio, entramos no elevador que estava vazio até que ele parou e ainda não tinha chegado no nosso andar que era o penúltimo.

ㅡ Sofia... ㅡ Lívia já estava com a voz trêmula olhando para mim.

ㅡ Calma, não deve ter sido nada demais. ㅡ Acionei o botão de alarme e tentei falar com o porteiro, ele disse que não demoraria mas um minuto ali parecia uma eternidade.

Se passaram 5 minutos. 10. 15.

E nada de virem nos resgatar. Lívia tem claustrofobia e eu não fazia ideia de como acalma-la. Ela estava chorando e e eu não sabia o que fazer naquele momento, estava com raiva por não ter quem nos resgatasse.

Levantei para acionar o interfone, era a única coisa que eu consegui pensar em fazer.

ㅡ Sofia, acalme-se, já estamos indo. ㅡ Era a voz daquela desgraça de zeladora.

ㅡ Merda, como você quer que eu fique calma? A Lívia tem claustrofobia sua idiota, não tem como ficar calma. ㅡ Ela desligou da outra linha e agora sim, estava tudo perdido.

Me abaixei ao lado da Lívia e segurei as mãos dela, a abracei de forma desengonçada. Ela havia me acalmado tantas vezes e eu nem ao menos estava conseguindo retribuir.

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.
Lei do Coração Onde as histórias ganham vida. Descobre agora