Capítulo 03

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ㅡ Enfim você chegou, não aguentava mais esperar. ㅡ Lívia estava com os braços cruzados em frente a porta do nosso apartamento, cheia de malas a sua volta. ㅡ Já peguei todas as malas que arrumamos, os vizinhos ficaram de entregar a chave do apê para o nosso novo inquilino. ㅡ Lívia parecia tão feliz que eu até me permiti sorrir, até porque eu tive uma ótima manhã. ㅡ Você está sorrindo... Você dificilmente sorri...
ㅡ Seus olhos se arregalaram devagar.
ㅡ Ganhou a causa?

ㅡ Óbvio. ㅡ Sorri convencida e ela pulou em mim para um abraço, não foi surpresa, já sabia que ela ia fazer isso.

ㅡ Eu sabia que você ia ganhar, mais um pra conta. ㅡ Os olhos de Lívia brilhavam, até que eles se desviaram para trás de mim. ㅡ SOFIA! O que era aquilo? você viu? Você viu aquilo Sofia? ㅡ O olhar de Lívia que antes estava feliz, agora parecia com medo.

ㅡ O quê? ㅡ Me virei para trás vendo apenas o elevador e a placa da escada.

ㅡ Ali... ㅡ Lívia apontou para perto da escada. ㅡ Tinha alguém ali, Sofia. Alguém vestido de preto e parecia nos observar. ㅡ Fiz uma careta para ela e caminhei até a escada e não havia ninguém ali.

ㅡ Viu? Não tem ninguém. ㅡ Me virei para ela. ㅡ Agora vamos, se não vamos perder o voo. ㅡ Puxei a garota junto com as malas, ela ainda parecia confusa com sabe lá o quê ou alguém que tinha perto da escada, Lívia sempre foi muito paranoica com as coisas.

[...]

Boston, finalmente...

Desde criança quando permitiam que víssemos TV no orfanato, eu me apaixonei por Boston. Comecei a buscar mais sobre em livros, revistas, era um sonho morar aqui e Lívia também sempre quis sair do Brasil por um tempo, nós combinamos a muito tempo que viriamos para cá, e finalmente chegamos, parece até mentira.

ㅡ Táxi? Táxi... ㅡ Eu e Lívia estávamos tentando conseguir um táxi para nos levar até a nossa casa, mas é bem complicado.

ㅡ Ai, eu não aguento mais essa humilhação. ㅡ A garota cruzou os braços estressada e se sentou na calçada. Lívia odeia ter que esperar, eu também odeio, então nós duas estamos estressadas com isso.

Depois de um tempo nós conseguimos chamar a atenção de um taxista, quando ele parou do nosso lado senti alguém bater no meu ombro, olhei para o lado pensando que fosse a Lívia, mas não era.

Simplesmente um cara alto, moreno, com fones de ouvido passou do nosso lado, ele me olhou rapidamente e quando ia entrar no táxi eu puxei seu braço. ㅡ Eu chamei esse táxi antes de você. ㅡ Ganhei a atenção dos seus olhos que pareciam confusos, mas logo suas sobrancelhas foram erguidas e o seu semblante fechou mais do que já estava antes, parecia frio e vazio, chegou a me arrepiar.

ㅡ Não chamou não. ㅡ A voz dele era um pouco grossa, rouca, era até bonitinha.

ㅡ Chamei sim, você não pode ir com ele.

ㅡ Eu posso sim, o motorista é meu amigo e eu já havia o chamado antes.
ㅡ Ele sacudiu o seu braço fazendo-me soltá-lo, entrou no carro e simplesmente foram embora, me deixando ali com a maior cara de idiota.

ㅡ O que aconteceu? ㅡ Lívia, que eu achava estar do meu lado quando aquele cara estava aqui, apareceu com uma latinha de refrigerante e uma garrafinha de suco, óbvio que o suco era meu e o refrigerante dela. ㅡ Já que estávamos demorando aqui achei melhor comprar algo pra tomar, comprei suco pra você. ㅡ Peguei da mão dela e contei tudo o que aconteceu, eu estava com uma tremenda raiva, achei que fosse até explodir em determinado momento.

ㅡ Senhoritas? ㅡ Um senhor parou com o seu táxi ao nosso lado, fiquei tão feliz que até me permiti sorrir. Eu e Lívia colocamos todas as nossas malas dentro do carro e entramos no mesmo em seguida, não via a hora de chegar em casa e tomar um bom banho, mesmo que aqui esteja muito frio.

[...]

ㅡ Lívia, O. Que. É. Isso? ㅡ O taxista nos deixou em frente da nossa casa, que mais parecia uma casa abandonada. A varanda de cima estava com várias partes quebradas, em uma das janelas da frente tinha um buraco enorme no vidro, o quintal parecia não ter reparos a meses, onde eu fui me meter....

ㅡ Eu... eu não sei... ㅡ A sua voz demonstrava bastante preocupação.
ㅡ Quando vi no site parecia ser tão linda, isso não é possível. ㅡ Eu estava tão entretida com o julgamento final que deixei o aluguel da casa por conta da Lívia, foi ela que escolheu, fez o pagamento da primeira parcela já que vamos ficar apenas um mês até conseguirmos um apartamento no centro da cidade, mas pelo visto ela conseguiu o pior lugar, ou melhor, levou um golpe.

ㅡ Não foi sua culpa. ㅡ Ela me olha aliviada.

ㅡ Eu sei que você está estressada por isso, mas vai ser só esse mês ou talvez até menos, amanhã mesmo vamos começar a correr atrás de um apartamento para alugarmos ou comprarmos, nossos carros chegam amanhã, o que torna tudo mais fácil, então, mesmo que seja quase impossível, não fique tão estressada. ㅡ
ㅡ Ela sorriu, chegava a ser engraçado o quanto ela me conhecia.

ㅡ Vamos entrar? ㅡ Falei como se não tivesse dado atenção ao que ela tivesse falado, adoro irritar minha amiga. Ela revirou os olhos e me seguiu, hoje iríamos começar uma nova vida, uma nova vida em Boston, que talvez nos fizesse esquecer tudo de ruim que passamos.


 Ela revirou os olhos e me seguiu, hoje iríamos começar uma nova vida, uma nova vida em Boston, que talvez nos fizesse esquecer tudo de ruim que passamos

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