Sofia Cooper, uma advogada renomada no Brasil com tão pouco tempo de carreira e ainda tendo apenas 25 anos. Fria, calculista, cheia de traumas por não conhecer nada do seu passado e ter crescido em um orfanato que a fez sofrer muito, mas agora reso...
ㅡ Ai, eu estou tão nervosa. ㅡ Lívia andava de um lado para o outro no camarim. Viemos no evento de dança de Boston que foi promovido pela escola de dança que ela trabalha. As alunas dela iam se apresentar e ela está com medo de alguma coisa dar errada. Não gosto de sair, mas ela insistiu tanto que vim, consequentemente Axel também veio.
ㅡ Respire fundo e mantenha a calma, você é a melhor professora de dança que essa escola tem. Impossível dar alguma coisa errada. ㅡ Ela me olhou desacreditada, parecia que eu tinha acabado de falar alguma besteira. ㅡ O que foi?
ㅡ Você... ㅡ Lívia tocou meu rosto e minha cabeça. ㅡ Não está com febre... Então porque está falando coisas tão bonitas? ㅡ Arqueou uma sobrancelha parecendo pensativa.
ㅡ Milagres acontecem. ㅡ Axel falou em um tom divertido, ele fazia aquilo justamente para me irritar. Decidi ignorá-lo para não ter que discutir perto da Lívia e ela ficar mais nervosa. Saí do camarim e encontrei uma porta que levava a plateia, estava quase cheia e havia pouquíssimos lugares vazios. Meus olhos foram direto a uma senhora na primeira fileira que parecia estar com dificuldades para respirar.
Sem pensar duas vezes me aproximei dela passando por aquela multidão, a senhora de cabelos castanhos e pele clara estava ficando vermelha. Toquei em seu ombro e me agachei em sua frente no pouco espaço que tinha entre nós.
ㅡ Inspire e expire junto comigo. ㅡ Ela assentiu rapidamente me seguindo nos movimentos de inspiração e expiração. Fizemos isso várias vezes até que a sua respiração foi ficando calma e a cor de sua pele voltou ao normal.
ㅡ Obrigada querida. ㅡ Ela se inclinou me abraçando, não sou acostumada a abraçar as pessoas mas aquele abraço foi tão bom que quis ficar lá por mais tempo, mas senti alguém me olhando e vi que era Axel assim que olhei para o lado. Soltei a senhora e ela me lançou um sorriso carinhoso. ㅡ Eu tenho um problema no pulmão, as vezes a minha falta de ar ataca como hoje.
ㅡ Não deveria ficar só então, senhora.
ㅡ Ah, estou com minha filha mas ela foi ao banheiro. ㅡ Ela sorriu de novo. ㅡ Qual o seu nome, moça bonita?
ㅡ Sofia.
ㅡ Que nome lindo, assim como você. Pode me chamar de Isabel.
ㅡ É um prazer, dona Isabel. ㅡ Nunca fui gentil com as pessoas, odiava isso, mas senti a necessidade de ser boa para essa senhora e até sorri para ela.
Até o momento que Axel me puxou para outro lugar que ficava mais perto do palco, o tanto que eu odeio ele não pode ser medido. Esse arrogante, mal educado, intrometido e tudo de pior que existe.
ㅡ Eu sei que deve estar me xingando em pensamento, mas não é bom você ficar interagindo com estranhos. ㅡ Me soltei dele parecendo uma criança de birra.
ㅡ Porque você tem que ser tão arrogante assim?
ㅡ Porque você tem que ser tão teimosa assim? ㅡ Ele cruzou os braços da mesma forma que eu faço sempre, era como se estivesse me imitando.
ㅡ Aquela senhora estava passando mal, não podia deixar ela daquele jeito. E ela é bem amável, se quer saber.
ㅡ Desde quando você tem coração para ajudar as pessoas? ㅡ É sério que ele acha que eu sou tão sem sentimentos assim?
ㅡ Você é insuportável. ㅡ Me sentei parecendo uma criança que acabou de levar bronca da mãe.
ㅡ Quer pipoca? ㅡ Bipolaridade?
ㅡ Não, vai que você tenha envenenado isso. ㅡ Ele revirou os olhos e começou a comer a pipoca. Não demorou muito um homem subiu no palco anunciando a primeira turma, que no caso seria a da Lívia.
Logo começou a tocar Perfect de One Direct. Sorri porque é a cara da Lívia colocar nossa música favorita para os alunos dela dançarem. Eles foram perfeitos, tem tanto talento que podem deixar qualquer juiz de boca aberta.
A dança foi finalizada e a turma de Lívia recebeu nota máxima, sendo assim eles foram classificados para a próxima fase do festival. Me levantei assim que a última turma finalizou sua apresentação e estava indo direto para o camarim quando alguém tocou em meu ombro, olhei para trás imaginando ser Axel mas não era ele, era um loiro, alto de olhos azuis.
ㅡ Está sozinha? ㅡ Ele perguntou com um enorme sorriso nos lábios, um sorriso bem bonito por sinal. Não tive tempo de responder porque Axel brotou da terra ao lado dele.
ㅡ Algum problema? ㅡ Olhou diretamente para o rapaz. O olhar de Axel me deu medo. Era frio, um pouco sombrio e parecia escurecer a medida que ele encarava o rapaz que saiu dali imediatamente sem nem ter tempo de me dar tchau.
ㅡ Porque você é assim? qual é o seu problema? ㅡ Empurrei seu ombro com força, a vontade que eu tinha era de bater nele ali mesmo.
ㅡ Já disse para não andar falando com estranhos, as pessoas não são confiáveis, Sofia. As pessoas não são o que aparentam ser. ㅡ Paralisei com a última frase dele. As pessoas não são confiáveis, Sofia. É isso que eu sempre falo para a Lívia e para qualquer pessoa. Será que estou deixando de seguir o que sempre falo para as pessoas?
Não quis mais falar nada, me encostei na porta do camarim esperando por Lívia mas ainda sim pensando no que Axel havia dito. Talvez eu devesse ouvir mais vezes ele.
Mas que idiotice.
Não tenho que ouví-lo, ele só fala besteira e é um grande idiota. Acho que o cansaço está me fazendo delirar, estamos o dia todo aqui.
[...]
Lívia nos fez andar por cada barraquinha que tinha no festival, nos fez comer várias comidas que tinham por lá e brincar em todos os brinquedos. Ela é uma criança de 24 anos.
Já estávamos indo para casa, acho que Axel se divertiu já que deu vários sorrisos idiotas enquanto competimos um com o outro.
ㅡ O que vocês acham da gente assistir um filme? ㅡ Lívia se mecheu para o banco do meio do carro.
ㅡ Não. ㅡ Eu e Axel falamos juntos, olhei para ele e controlei o riso.
ㅡ Por que não? ainda não são nem sete da noite. ㅡ A garota cruzou os braços e fez um bico.
ㅡ Os seus filmes são de animação, não gosto de animação. ㅡ Nem vi quando Axel estacionou na garagem do prédio, descemos e Lívia continuou insistindo.
ㅡ Por favor, Axel, convence a Sofi. Ela obedece mais você do que eu. ㅡ Ela estava segurando no braço dele, o mesmo parecia não aguentar mais aquilo e então eu comecei a rir da situação.
ㅡ Sofia, você poderia ter a gentileza de assistir filme com a gente? ㅡ Ele só faltou ficar de joelhos, seu olhar de súplica me fez querer rir.
ㅡ Está bem. ㅡ Dei de ombros entrando no apartamento.
ㅡ Viu? ㅡ Lívia passou na minha frente para ligar a TV ㅡ Vamos assistir Frozen. ㅡ Ela deu um sorriso enorme se sentando no sofá. Fui para o lado dela e sentei, olhei para o Axel que deu de ombros e se sentou ao meu lado prestando atenção no início do filme.
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