Capítulo 27

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ㅡ Will, a gente podia fazer um piquenique, certeza que a mamãe empresta algumas louças pra gente.
ㅡ Eu falava com o Will, meu amigo que é filho da amiga da minha mãe que mora na Califórnia, ela o trouxe para passar alguns dias com ela aqui em casa porque veio ver a minha mãe, são amigas desde criança.

ㅡ Pode ser, mas tem que ser de manhã, porque de tarde é muito calor, Sofi.
ㅡ Will se virou, ele estava de costas colhendo algumas flores. ㅡ Toma. ㅡ Ele me estendeu um buquê de rosas, as minhas favoritas que ajudei minha mãe a plantar.

ㅡ Obrigada, Will, são as minhas favoritas. ㅡ Sorri agradecida.

ㅡ SOFIA. ㅡ Ouvi uma voz atrás de mim que estremeceu todo o meu corpo, era a voz do meu pai. ㅡ Por que ainda está brincando com esse moleque? não disse que não quero você perto desse garoto? ㅡ Meu pai estava furioso, desde que chegou de viagem e viu a amiga da minha mãe aqui com o Will, ele não gostou, papai não gosta dela, e também não gosta do Will, assim como não gosta da minha avó que eu nunca conheci porque ele não deixa.

ㅡ Mas ele é meu amigo, papai, e também ele... ㅡ Fui interrompida por meu pai.

ㅡ EU NÃO QUERO SABER, ENTRA SOFIA.

ㅡ Alonso! ㅡ Minha mãe saiu de dentro de casa, essa foi uma das poucas vezes que vi ela enfrentá-lo. ㅡ Deixe a Sofia brincar, se quiser descontar a raiva que trás do seu trabalho desconte em mim, mas não na nossa filha. ㅡ A voz da minha mãe soou firme, não tinha um pingo de medo.

Mas eu tinha.

Por que sabia o que meu pai ia fazer.

ㅡ Muito bem, você que pediu. ㅡ Alonso saiu puxando minha mãe pelo braço levando-a em direção de casa.

ㅡ Não, não. ㅡ Corri atrás deles, e Will correu atrás de mim.

ㅡ PARA SOFIA, SUA MAE PEDIU E AGORA ELA VAI TER QUE AGUENTAR.
ㅡ Comecei a chorar porque não aguentava ver minha mãe sofrer, só queria ter uma família normal, sem esse tipo de coisa. Tentei pegar no braço da minha mãe, mas Alonso me puxou e me atirou contra o chão, bati minha cabeça e a dor foi tanta que comecei a ficar tonta.

ㅡ Vem, Sofi. ㅡ Will me ajudou a levantar. ㅡ Um dia isso vai acabar, Sofi, um dia isso vai acabar.

[...]

ㅡ AXEL! ㅡ Acordei desesperada depois do pesadelo que tive, as vezes penso que não são pesadelos, mas sim memórias que estão voltando a minha mente já que não lembro de nada da minha vida antes de chegar no orfanato.

ㅡ O que foi, Sofia? ㅡ Axel se levantou rapidamente da poltrona perto da minha cama, nem reparei que ele estava lá quando acordei. ㅡ Teve pesadelos de novo?

ㅡ ... Sim. Me ajuda a levantar. ㅡ Eu havia chegado em casa hoje pela manhã com o Axel e Lívia, usando muletas por que não posso movimentar bem minha perna ainda. Vou ter que usá-las por duas semanas. Lívia havia saído para trabalhar e depois do almoço resolvi dormir um pouco, os remédios estavam fazendo eu ter muito sono.

Axel me ajudou a levantar, me deu a muleta e assim fui para a varanda do meu quarto com ele atrás de mim, segurando devagar em minha cintura.

ㅡ Eu acho que... são lembranças que estão voltando a minha mente. ㅡ Falei baixo mas deu para ele escutar.

ㅡ Como assim lembranças? ㅡ Axel se aproximou mais de mim, estávamos em pé olhando o pôr-do-sol na varanda do meu quarto. Olhei para ele melhor e percebi que estava usando apenas uma calça moletom branca, e a luz do sol que batia no seu rosto fazia com que ele ficasse mais lindo ainda, já que realçava a cor castanho dos olhos dele.

As vezes acho que estou ficando louca. Eu o odeio.

ㅡ Er... ㅡ Voltei a mim quando percebi que estava o olhando demais. ㅡ Como já te disse, não lembro de nada de antes do orfanato. E os pesadelos que tenho são com os meus pais, sempre. O meu pai sempre está furioso com a minha mãe e... sempre bate nela no sonho. Hoje sonhei com eles e com um menino, chamado Will, e com a mãe dele, mas ela não aparecia no sonho, só... era mencionada. Talvez eu esteja lembrando das coisas, mas não sei porque...

ㅡ Algo que está próximo a você pode ter feito você lembrar, sempre acontece isso com pessoas que tem perda de memória.

ㅡ Você tem razão. ㅡ Suspirei olhando para frente, o pôr-do-sol estava lindo, era uma das coisas que eu mais admirava. ㅡ E...Er... Eu... esqueci de agradecer. ㅡ Eu odiava ter que agradecer as coisas para as pessoas, mas Axel cuidou de mim igual a Lívia cuidava.

ㅡ Agradecer o que? ㅡ Céus, já é difícil fazer isso, ele se fazendo de desentendido torna tudo mais difícil.

ㅡ Você ter cuidado de mim, queria poder retribuir isso de alguma forma, vou ser grata sempre. ㅡ Sorri observando o sol que já estava se pondo.

ㅡ É o meu trabalho, sou pago para isso. ㅡ Axel se aproximou mais de mim e isso estava me fazendo ficar nervosa. Eu nunca ficava nervosa. ㅡ Mas tem uma coisa que você pode fazer em forma de agradecimento. ㅡ Ele sorriu mostrando os dentes, que sorriso...

ㅡ E... o... o que é? ㅡ Droga, gaguejei, eu nunca gaguejo.

ㅡ Uma coisa que estou querendo a muito tempo e que tenho que me segurar muito para não fazer. Só que agora não estou mais conseguindo segurar, Sofi. ㅡ Axel se aproximou mais de mim colocando uma mecha do meu cabelo para trás. Ele tocou em minha cintura segurando firme nela, aquilo fez o meu corpo inteiro arrepiar. O seu rosto se aproximava do meu devagar e o seu olhar percorria todo o meu rosto como se eu fosse uma obra de arte e ele estivesse admirando. Quando o olhar de Axel caiu para a minha boca e só o que nos separava eram pouquíssimos centímetros de distância eu estremeci, por perceber o que estava para acontecer.

E sem me deixar pensar muito no que estava acontecendo, Axel juntou nossos lábios em um beijo lento que parecia envolver sentimentos, mas só parecia. Abri minha boca dando passagem para sua língua e ambas começaram a dançar.

Eu me senti nas nuvens, porque senti algo estranho no estômago, algo que nunca senti antes e temi o que aquilo fosse significar.

Segurei o rosto dele intensificando mais o nosso beijo, paramos por falta de ar e finalizamos com um selinho. Axel apertou a minha cintura e encostou sua testa na minha, ainda não tinha caído a ficha.

Axel e eu nos beijamos.

Axel e eu nos beijamos

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