Capítulo 01

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Eu estava aterrorizada, a mulher de cabelos escuros estava caída em minha frente clamando por socorro, eu ao menos conseguia olhar em seu rosto que o mesmo estava banhado por sangue. O meu peito doía de uma forma inexplicável, era como se eu estivesse sentindo a mesma dor que ela.

E você... ㅡ Um homem, forte de pele clara e cabelos negros se aproximou de mim, o meu corpo se arrepiava pela sua voz tão irritada. ㅡ Você é igual a ela, você merece ter o mesmo destino que ela. ㅡ O homem começou tirar o cinto de sua calça e com ele em mãos bateu em minha perna de forma tão forte que senti o sangue quente escorrendo por ela.

Por favor... não... ㅡ Minha voz saía como um ruído de tão fraca e baixa que estava. Não conseguia ver o seu rosto e isso era o que mais me intrigava.

Está vendo ela? ㅡ Olhei para o chão enxergando a mulher sem força alguma deitada sobre ele. ㅡ Você vai acabar igual ela.

NÃO, NÃO, NÃO! ㅡ Pulei da cama e percebi que aquilo foi apenas um pesadelo, mas um pesadelo que parecia muito real.

ㅡ Sofia? ㅡ Lívia entrou correndo no quarto. ㅡ O que aconteceu? ㅡ Ela apalpou o meu rosto sentindo que eu estava suada e ainda estava tremendo.
ㅡ Você... Você teve aquele pesadelo de novo? ㅡ Balancei a cabeça em confirmação. Ela sentou ao meu lado e passou a mão devagar na minha costa.
ㅡ Vamos fazer que nem das outras vezes, vamos respirar fundo várias vezes. Repete comigo. ㅡ Fiz os mesmo movimentos que ela, inspirando e expirando várias vezes até que aquela sensação de pânico passasse por inteiro, eu odiava ter esses pesadelos.

ㅡ Já estou melhor. ㅡ Levantei da cama para ir ao banheiro tomar banho.

ㅡ Tem certeza? Eu posso fazer um chá para você. ㅡ Lívia se ajeitou na minha cama e cruzou as pernas, ela já sabia que eu ia recusar qualquer coisa que ela me oferecesse. ㅡ Amanhã você tem aquele julgamento importante... vai ser um marco para a sua carreira que já é um sucesso caso você ganhe.

ㅡ Eu vou ganhar. ㅡ Mesmo que tivesse um pouco insegura, demonstrei total firmeza em minha voz. ㅡ Assim como ganhei todos os outros. ㅡ Lívia sorriu, ela parecia mais uma criança admirada.

ㅡ Não sei como você consegue, eu no seu lugar estaria nervosa morrendo de medo.

ㅡ Ficar nervosa e morrer de medo não vão resolver o caso daquela criança, eu preciso trazer conforto para ela e ficar vulnerável a qualquer situação não é o melhor jeito.

ㅡ Tem razão... ㅡ Lívia pareceu pensativa. ㅡ Bom, já que você não precisa mais de mim, eu já vou indo, tenho que arrumar as malas para a mudança amanhã cedo e ir ao estúdio me despedir antes de viajarmos.
ㅡ Assenti e a mesma correu em minha direção para me dar um abraço, ela sempre fazia isso mesmo sabendo que eu não retribuiria e logo saiu do meu quarto.

Lívia é minha amiga, bom, ela me tem como irmã porque crescemos juntas no orfanato, os pais dela morreram em um acidente de carro e nenhum parente quis ficar com ela, por isso colocaram a menina no orfanato. Já eu, bom, eu não sei como cheguei lá porque as freiras sempre se enrolavam contando a minha história e sinceramente, para mim não faz diferença alguma. Sou uma das poucas crianças do orfanato a ter sobrenome, as freiras disseram que quando a assistência social foi me levar ao orfanato disseram que a criança se chamava Sofia Cooper, sobrenome nenhum pouco brasileiro mas que também não me interesso em saber assim como nenhum parente meu se interessou em saber de mim.

[...]

Toda de preto. Mais uma vez eu me vesti de preto, acho que a roupa mais colorida que tenho no armário é uma camiseta branca. Algumas pessoas dizem que eu pareço a morte em pessoa, talvez por eu não me deixar convencer facilmente por elas, e não olhar com amor para ninguém, nem mesmo para a Lívia que é a única família que tenho. As pessoas são manipuladoras demais as vezes e gostam de pessoas que são manipuláveis, já entrei nesse cenário várias vezes para ver até onde um dos acusados de um dos casos que já participei iria mentir, mas consegui ir além fazendo com que o cara tropeçasse na própria história.

Hoje eu teria mais um caso, o último no Brasil antes de viajar para a Califórnia. Um homem batia muito na sua mulher até que um dia a matou, fez várias pessoas acreditarem que teve um assalto em sua casa, ele mesmo pôs elementos em cena que evidenciasse isso. Ficou com a guarda da filha e se fez de bom pai até dois meses depois da morte da esposa quando a avó quis tomar a guarda da criança porque nunca engoliu essa história de assalto.

Foi aí que ele mostrou quem é de verdade, consegui provas de que não houve assalto algum e nenhum movimento estranho na casa, pode parecer coisa de louco mas ninguém havia olhado em câmeras de perto da casa do ex casal, todos apenas caíram na história dele, não sei como. Em frente a sua casa tem um supermercado que dá pra ver toda a casa com perfeição, atrás de sua residência também tem uma academia com câmeras o que me deu mais certeza de tudo, não houve assalto. Foi tudo uma armação.

A criança parecia assustada com o pai, chorava para ficar no colo da avó e disse que ama mais a avó, o que nos favorece porque isso mostra que ele não é tão bom pai quano fala. Mostrou vários indícios de que estava mentindo quando o interroguei, como ter passado a mão nas pernas várias vezes, estava suando e seus olhos não me encaravam diretamente.

Hoje vai ser dada a sentença de guarda e se eu mostrar que foi ele mesmo que matou a mulher, vai pegar uns bons anos de cadeia e com certeza aquela criança vai viver um pouco em paz.

Hoje vai ser dada a sentença de guarda e se eu mostrar que foi ele mesmo que matou a mulher, vai pegar uns bons anos de cadeia e com certeza aquela criança vai viver um pouco em paz

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