Capítulo 09

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ㅡ Você é a coisa mais preciosa que já me aconteceu, minha lindinha. ㅡ Uma mulher de cabelos castanhos iguais aos meus me abraçava, me esforcei para ver seu rosto mas não conseguia. ㅡ Eu te amo muito, e, mesmo que aconteça alguma coisa comigo eu sempre vou te amar e cuidar de você. Seja lá de onde eu estiver.

Do que ela estava falando? Seja lá do que fosse, eu estava gostando daquilo, eu me sentia confortável e não queria sair dali, queria ficar naquele sonho ou pesadelo para sempre. Mas quem era aquela mulher?

ㅡ Eliza? Onde você está? precisamos conversar. ㅡ Uma voz masculina soou no ambiente, aquela voz me dava arrepios e me deixou com medo. Era a mesma voz de todos os meus sonhos, mas como em todos eles, eu não conseguia ver o rosto de ninguém.

ㅡ Mamãe? o que está acontecendo?
ㅡ Pera, mamãe?

ㅡ Fique aqui e não saia, eu já volto.ㅡ Ela saiu dali, o que me parecia ser um quarto, e eu comecei a chorar após ouvir vários gritos do outro lado da casa. Me escondi embaixo da cama, alguns segundos depois a porta do quarto foi arrombada e eu me vi em desespero, novamente.

Acordei assustada após o pesadelo que tive, fazia alguns dias que não tinha. Acho que vou ter que voltar a tomar remédios. Mas pelo menos dessa vez não gritei e consequentemente, não acordei Lívia. Peguei meu celular que estava na escrivaninha, vi que tinha algumas mensagens mas não iria responder agora. O meu interesse era só no horário, 05:17.

Não ia mais ficar deitada, até porque daqui a pouco teria que levantar. Então, levantei, lavei o rosto, vesti uma roupa de corrida e saí do apartamento sem pensar duas vezes. Precisava correr um pouco para tirar aquele sonho ㅡ ou pesadelo ㅡ da minha cabeça.

A manhã ainda estava escura, fria, mas não liguei para isso. Coloquei uma música e comecei a caminhar depressa, aquilo estava me aliviando aos poucos, acho que vou fazer isso todas as manhãs. Senti passos atrás de mim, dei de ombros e continuei andando, só que dessa vez mais devagar.

Os passos atrás de mim começaram a ficar mais fortes, eu não tive coragem de olhar para trás. Foi então que comecei a andar mais rápido, mas, a medida que eu andava mais rápido, mais rápido a pessoa também andava atrás de mim. Resolvi olhar para trás e vi aquele mesmo corpo, aquele mesmo homem que estava correndo atrás de mim a alguns dias, o mesmo que estava no elevador ontem, e o mesmo de hoje. Bom, pelo menos eu acho que é a mesma pessoa.

As casas das ruas estavam todas fechadas ainda, afinal, era cedo demais. A rua principal não ficava longe, então decidi correr, correr com todas as forças que eu não tinha. As botas que o homem usava fazia barulho no chão, não sei se ele era lento ou se queria só me assustar. Seja lá qual for a intenção dele, estava conseguindo o que queria. Faltava apenas uma rua para chegar a principal, acelerei mais, quase voei, só parei quando faróis de um carro pararam bem em cima de mim, quase me batendo, mas por sorte o motorista freou antes de me bater.

ㅡ Tá ficando maluca, não olha por onde anda? ㅡ Aquela voz, aquela voz irritante. Axel. Era ele que dirigia e foi ele que saiu furioso do carro. Seus olhos se arregalaram levemente quando viu que a pessoa que ele quase matou era eu, a quem ele deve proteger. ㅡ Cooper? o que faz aqui?

ㅡ Eu... eu... ㅡ Olhei para trás e não havia mais ninguém, aquele homem tinha desaparecido.

ㅡ Você o quê? ㅡ Ele olhou para trás também. ㅡ Estava sendo perseguida, Cooper? Aliás, o que faz sozinha na rua? não são nem 06h00 da manhã. Você tá querendo morrer mesmo, né? ㅡ Axel passou as mãos no rosto freneticamente parecendo irritado.

ㅡ Eu vim correr, não conseguia mais dormir.

ㅡ Faz qualquer coisa ㅡ Ele falou como se fosse óbvio. ㅡ cozinha, assiste alguma coisa na TV, lê, sei lá. Faz qualquer coisa mas não sai de casa sozinha.

ㅡ Você não manda em mim. ㅡ Esbravejei cruzando os braços.

ㅡ Tenho que cuidar de você, sou seu segurança, esqueceu? - Axel chegou mais perto de mim, me fazendo prender a respiração sem nem saber o porquê.
ㅡ Entra no carro e vamos para sua casa.

ㅡ O quê? ㅡ Perguntei não acreditando que ele queria mandar em mim.

ㅡ ENTRA NO CARRO E VAMOS PARA A SUA CASA. ㅡ O seu tom de voz era rude, ele não gritou mas parecia estar furioso.

ㅡ NÃO GRITA COMIGO. ㅡ A raiva que tinha no olhar de Axel foi sumindo aos poucos, ele parecia estar se acalmando. É claro que ele não gritou comigo, mas eu não ia perder a oportunidade de fazer esse drama. Queria sair como a certa da história.

ㅡ Desculpa, eu só fiquei preocupado e me exaltei. Não era pra ter acontecido. Me desculpa mesmo. ㅡ Ele entrou no carro e eu entrei em seguida, pegamos a rua para casa e o caminho inteiro foi num silêncio. Ele não ia falar e não era eu que quebraria esse silêncio.

 Ele não ia falar e não era eu que quebraria esse silêncio

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