Lei do Coração

Capítulo 26

Um aperto no peito.

É a descrição do que eu senti, na verdade acho que nem chega perto disso.

Era como se Axel não estivesse apenas lendo aquilo da boca para fora, era como se ele quisesse repassar algo através daquilo.

Me ajeitei na cama e fiz uma careta fingindo dor, para tirar mais aquele clima pesado que talvez só exista na minha cabeça.

ㅡ O que foi? está doendo a sua perna?
ㅡ Ele se levantou rapidamente e ficou em frente a cama de hospital.

ㅡ Er... parece que arde e meus olhos estão pesando de sono. ㅡ Menti, em parte. Não estava com sono.

ㅡ São os remédios, acho bom você dormir, vou ficar aqui do seu lado se precisar. ㅡ Assenti, Axel se sentou novamente com seus livros nas mãos e virei minha cabeça para o outro lado encontrando Lívia que ainda dormia profundamente.

Algumas horas se passaram, não sei quantas mas não estava conseguindo dormir. Quando ia chamar Axel para dizer que estava com fome um celular toca, fico do mesmo jeito quando Axel atende, para não atrapalhar sua ligação.

ㅡ Oi mãe... Não, mãe... É, ela está melhorando e agora está dormindo. Estou bem... Não, não se preocupe que não vou falhar. Não, mãe, isso não vai acontecer... Mãe, isso que eu te contei foi só uma hipótese, não tem probabilidade de dar certo um dia... Não, diga a ela que estou cuidando dela e logo mais a terá em suas mãos... Também te amo, tchau...

Eu sempre ficava curiosa e em dúvida em relação as ligações que o Axel recebia, não que fosse da minha conta, mas era interessante e as vezes eu tinha vontade de perguntar. Era como se ele escondesse algo, só falava quando eu estava longe e quando ligavam na minha presença ele se afasta, não entendo ele.

ㅡ Boa noite. ㅡ O médico entrou e eu acabei me assustando, fiquei com medo de Axel perceber que eu não estava dormindo e que escutei sua conversa com sua mãe. ㅡ Desculpa te assustar, Sofia. ㅡ Ele riu. ㅡ Vim ver como você está. ㅡ O médico se aproximou e verificou minha pressão, minha perna ferida e prosseguiu anotando em um fichario. ㅡ Amanhã pela manhã você já pode ir para casa, Sofia. Já está bem melhor, mas não poderá fazer esforços físicos e também trabalhar fora. Vai ter que ter completa recuperação para o ferimento não infeccionar.

ㅡ Mal posso esperar para ir para casa.
ㅡ Sorri.

ㅡ Alta... Sofia... ㅡ Lívia se remexeu no sofá, coçou os olhos e seu olhar se dirigiu em minha direção e seus olhos foram se arregalando aos poucos.
ㅡ SOFIA. ㅡ Ela deu um pulo do sofá e veio em minha direção me dando um abraço apertado, resmunguei de dor porque ainda me sentia fraca. ㅡ Aaaah, eu senti tanto a sua falta. Como ela está doutor?

ㅡ Amanhã já pode ir para casa, mas ainda venho trazer as recomendações por escrito.

ㅡ Muito obrigada. ㅡ Sorriu e me abraçou forte de novo.

ㅡ Então até mais, qualquer coisa me chamem ou chamem a enfermeira que fica no corredor. ㅡ Assentimos e quando o médico abriu a porta já tinha alguém nela prestes a bater... Justin, com um buquê de rosas nas mãos.

ㅡ Boa noite. ㅡ Ele sorriu gentilmente para o doutor, olhei de relance para Axel que estava encarando Justin com um olhar mortal, parecia que ele ia pular da cadeira a qualquer momento.

ㅡ O que foi? parece bravo. ㅡ Arqueei uma sobrancelha o olhando, seu olhar se dirigiu ao meu e o que tinha de ódio foi se transformando em calmaria. Nunca havia sentido isso em alguém.

ㅡ ... Nada. ㅡ Sorri gentilmente, sem saber o porque, assim que ele dirigiu novamente o seu olhar ao livro.

ㅡ Oi, trouxe essas flores. ㅡ Peguei de suas mãos um buquê de margaridas, não eram minhas favoritas mas eram lindas.

ㅡ Obrigada, são lindas. ㅡ Dei para Lívia colocar em cima da mesinha de canto, ela estava sorrindo maroto e eu já até sabia o porquê.

ㅡ Er... pode ficar de atestado quanto tempo precisar, o seu caso foi adiado.
ㅡ O meu caso... lembrei que precisava ajudar aquela garota, e eu vou fazer isso, nem que seja em uma cadeira de rodas. Apenas assenti concordando, sabia que não valeria a pena argumentar porque isso só me traria dor de cabeça. ㅡ Vim aqui outras vezes mas não me deixaram entrar. ㅡ Justin olhou diretamente para Axel.

ㅡ Porque não diz que eu não te deixei entrar? ㅡ Axel fechou o livro e se levantou.

ㅡ Ah, qual é. Tu se acha demais só porque é o segurançazinho da Sofia.
ㅡ Justin elevou o tom de voz e deu um meio sorriso.

ㅡ Sim, sou o segurança da Sofia, e por isso posso estar com ela em qualquer lugar e protegê-la de qualquer coisa, cuidar dela a qualquer momento porque sempre estou com ela. Coisa que tu não pode fazer, Conway. ㅡ Axel sorriu vitorioso como se tivesse ganhado uma briga.

ㅡ Tem razão, mas isso não vai ser para sempre. ㅡ Justin sorriu, parecia que Axel não havia falado nada. ㅡ Eu tenho que ir, Sofia, as coisas na empresa estão apertadas e você faz muita falta lá.

ㅡ Não vejo a hora de voltar para a minha rotina. ㅡ Suspirei, porque mesmo sendo uma rotina um pouco cansativa, eu amava ela.

ㅡ Amanhã passo na sua casa para te ver, talvez leve Madelyn comigo porque ela queria te ver mas não deu tempo.
ㅡ Riu nervoso. ㅡ Tchau, Sofi. ㅡ Justin deu um beijo no topo da minha cabeça e seguiu em direção a porta, abrindo e fechando para sair.

ㅡ Já vai tarde. ㅡ Axel murmurou ao meu lado.

ㅡ Por que não gosta dele? ㅡ Lívia fez o favor de perguntar, parece até que leu os meus pensamentos.

ㅡ Não é que eu não gosto dele, só não tenho afinidade. ㅡ Deu de ombros sem olhá-la. ㅡ Dá pra ver que ele tá afim da Sofia.

ㅡ Ué, e se estiver, o que isso importa? os dois são solteiros. ㅡ Lívia respondeu, mas eu sabia que ela estava querendo ir mais a fundo naquele assunto.

ㅡ Ele não faz o tipo da Sofia, tem que ter muito peito pra aturar ela e ele não tem isso. ㅡ Lívia caiu na gargalhada assim que Axel parou de falar.

ㅡ E quem faz o tipo da Sofia, você por um acaso? ㅡ Vestígios do seu riso ainda estavam presentes no seu rosto. Axel não respondeu.

Não disse nada.

E aquilo de certa forma fez um frio percorrer a minha espinha.