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Maratona 2/3
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Lobão 🐺

Bolei um beck, passando a mão no rosto e estiquei minha perna. Fiquei maior tempo fazendo uns contatos e por fim deixei quieto, já tinha instruído quem precisava e segui a meta de ficar mais na miúda, esperando a poeira abaixar.

Eu tinha total compreensão que os cana estavam rondando o morro e fazendo uma investigação sinistra, o melhor que eu poderia fazer era da uma segurada e voltar quando tivesse tudo numa boa.

-Quem é vivo sempre aparece, né não? -Entrou na sala que eu tava e eu sorri, negando com a cabeça. Levantei e comprimentei ele com um aperto de mão. -Qual foi a da fita, meu irmão? Maior tempo.

Lobão : Pois é, pô, sumi mermo. Apareci pra da um tempo do Rio, os bota tão em cima. -Respondi, sentando na poltrona e ele fez o mesmo, do outro lado.

-Tô sabendo, mas fé que vai ser momentâneo. Enquanto isso você aproveita o que há de melhor por aqui. -Eu ri, me esticando pra servir uma dose de whiskey.

Lobão : Vou aproveitar pra fazer vista grossa, ver como tá o rendimento por aqui. -Ele confirmou e eu fiquei maior tempo trocando ideia com ele, sobre o comércio aqui.

Cheguei no Paraguai hoje depois do horário do almoço e fiz meus corres pra adiantar o que era necessário. Fiquei o trajeto todo pensando na Bruna, mas assim que eu fiz contato com os moleque eles me disseram que ela já estava em casa então eu fiquei suave.

E então eu deixei a responsabilidade com o Kaue, ele sabia o que precisava fazer, não era a primeira vez que acontecia. Botava fé que ele ia saber desenrolar tudo da melhor forma possível.

E dois meses pareceram duzentos dias irmão, sem caô. Eu tava agoniado no bagulho já, não tinha muita noção de como tava funcionando as parada no meu morro e aquilo tava me consumindo.

Tinha total noção que o Kaue tava enrolado, e cheio de coisa pra resolver, toda vez que eu tentava contato o irmão ficava "desencana, tô desenrolando, já te falei." com a marra dele, maluco tirava onda.

Mas apesar de tudo tava na hora de eu voltar, na primeira oportunidade, quando tivesse tudo no certo eu ia pegar caminho pra minha comunidade.

(…)

Bruna 🎡

Os dois primeiros meses do ano estavam sendo um inferno na minha vida, o policial e o delegado simplesmente não paravam de me pressionar, eu tinha total compreensão que estava sendo seguida e que o meu celular estava grampeado.

E com isso, eu precisei me afastar do morro para o meu próprio bem, eu precisava me preservar, porque se eu desse mole com certeza eles iriam ter provas contra mim.

Mas o que realmente me deixava estressada, no ódio, é que eles não estavam sendo formais. Porque eu entendo, pô, é o serviço deles, querendo ou não o Lobão tá no erro e por mais que seja complicado eles são pagos pra isso, porém, estava tudo sendo de forma ilegal.

Umas três vezes eles me ligaram, ou apareceram onde eu estava, ameaçando a minha vó, afirmando que sabiam onde ela estava. Ou então me forçavam a dar informação, alegando que nada iria respingar sobre mim.

O meu medo era não ter ideia de até onde eles iriam aguentar o meu papo, que eu realmente não sei de nada e que eu não conheço os meninos do movimento e tudo mais. Eu tinha total compreensão que a paciência deles comigo estava se esgotando, então assim, eu precisava encontrar uma solução o mais rápido o possível.

Não tenho notícias do Lobão, desde o dia que ele se enfiou naquela mata, não fazia ideia do que havia acontecido com ele e também não podia dar mole de procurar, até porque qualquer brecha dava ruim tanto pra mim quanto pra ele.

E no meio disso tudo? Criei uma narrativa que havia terminado o meu relacionamento, até então com o meu hipotético marido, se eles acreditaram ou não, não é comigo, mas da mesma forma eu estava pisando em ovos.

Respirei fundo, abrindo a porta da casa onde eu estava ficando e coloquei a mão no peito extremamente assustada quando vi o Gabriel, o policial, sentado no meu sofá.

Bruna : Quantas vezes eu vou precisar falar pra vocês que eu não sei nada sobre esse assunto que vocês estão querendo saber? -Questionei, me fazendo de sonsa e ele levantou, vindo na minha direção.

-O delegado tá te dando muita colher de chá, pô, mas eu já saquei a da tua, ta no erro e se fazendo. -Colocou a mão por baixo do meu cabelo e fechei os olhos, com dor. -Mas a sua casa caiu, já era pra você e pra esse bando de bandido filho da puta que você encoberta. Ou vai me dizer que não reconhece você nas fotos também?

Ele me empurrou com força e simplesmente pegou umas fotos que estavam ali pra esfregar na minha cara, eram diversas, e eu estava em todas, na casa de praia.

-Eu quero ver você meter marra pra cima de mim agora, maior vagabunda você, não é? Marmita de bandido. Se não falar por bem, vai falar por mal. -Sacou a arma e destravou ela, colocando sob a minha testa. -Desenrola a fita.

(…)

Vivência [M] Where stories live. Discover now