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Lobão 🐺

Tava de marola na boca, sem muita coisa pra resolver no momento. Bolei um pra mim, acompanhando o visor do celular e mandei mensagem pra Bruna, questionando se ela queria que eu buscasse pra gente dar um peão.

Mas nem deu pra render e vê se ela tinha respondido também, me acionaram na salinha de tortura, dando o papo que dois moleques tentaram fugir e eu desci com a nave, estacionando na viela.

Passei o capacete pelo braço e empurrei minha carteira pro bolso, tinha uns menor ali e eu parei do lado, estendendo a cabeça pra entender.

-Ai patrão, avisar logo que ninguém aqui tem caô com isso não, responsabilidade nossa é a segurança externa aqui, os cara tava tentando pular o muro e ai nois entrou, metemo bala pra assustar e passamo eles pra dentro. -Tatu começou a falar e eu cocei a testa, pegando as informações do bagulho.

Papo que não ta tendo tortura com ninguém, ta ligado? Tô fazendo pressão psicológico pra ver se eles sabem de qualquer parada, tem informante no morro e eu tô no sapatinho.

Eles são da base e mais fáceis de serem manipulados, ta na minha mente a maldade e eu quero vê quem vai ser o primeiro a abrir o lero, mas vou dar a incerteza, ficar tranquilo e quando eles menos esperarem começo a agir na base da tortura, independente de qualquer caô.

Lobão : E o Foguinho ta morto la dentro, porra? Não consegue da jeito nos cara? -Perguntei e eles deram de ombro. -Fala caralho, me chamou aqui pra que? Ficar jogando conversinha?

-Foguinho ta ai não patrão. -Olhou pra baixo, passando a mão na nuca e eu ri em falso, levando a mão até os meus olho. -Desceu pra pista dando o papo que ia buscar a Bruna, mas ninguém tem haver...

Lobão : Tem haver sim porra, responsabilidade dele e de vocês, ta me tirando? Achando que eu tô pra brincadeira e com tempo? -Perguntei boladão, na moral mermo. Monto o esquema pra maluco crescer pra cima de mim? Tentando brecar? Não fode.

-Pô Lobão, decisão dele é dele, temo nada com isso não. -Olhou pra baixo e eu desci uma mão pela cintura, jogando a cabeça pra trás.

Lobão : Desdobra um de vocês ai e vai pra la, ficar no lugar dele. E o papo é um só, qualquer parada errada é na cobrança de vocês também.

Entrei pela portinha e os menor tava tudo no mermo lugar, sentados e amarrados. Passei a visão e ajustei a corrente no pescoço.

Lobão : Qual o que fez a graça de tentar fugir? -Cruzei os braços e só vi olho arregalado. -Vai ser da pior ou melhor forma? No tempo de vocês. -Puxei o banquinho ali e sentei. Tirei a peça da cintura e apoiei sobre a coxa, acendendo um enquanto marolava.

-Fui eu, Chefe! -Levantou a mão e eu estendi as pernas, cruzando elas. -Foi mal ai...

Lobão : Tentou por que? Ta temendo? -Finalmente levantei e parei na frente dele, mas logo em seguida agachei. -Alguma fita pra me falar? -Destravei a arma e deslizei pela orelha dele.

-Não... -Gaguejou. -É que eu levei pra mente, achei que tu fosse agir na maldade mermo com quem não tinha nada haver com o bagulho.

Lobão : Pensou errado... -Levantei. -Só não te mato agora porque vai servir de exemplo pra parceiro seu. -Falei tirando o radinho do bolso. -Alguém da o aviso pro Foguinho me procurar quando ele chegar.

Sai da sala, trancando e fiquei batendo a mente com aquilo, não coloquei confiança no que ele havia falado e ia levar pro desenrolo mermo, da pior forma possível pra eles.

Ia colocar o Foguinho pra torturar ele, na frente dos outros, ia acompanhar de perto e a obrigação iria ser dele pela falta de compromisso. Moleza demais, me tirar de otário. Brabão que eu vou aceitar.

Bruna 🎡

Me afastei dele, passando o cabelo pra trás e ele sorriu, descendo o polegar para o meu queixo, voltei para o meu assento normal do carro e respirei fundo, tentando pensar em qualquer outra coisa que não fosse aquela situação.

Ele ia falar algo, mas o meu celular tocou, era a minha vó perguntando se eu estava bem e eu disse que sim, ao desligar a ligação o visor permaneceu aceso, e com isso, a notificação da mensagem do Lobão, exposta, mas eu desliguei e enfiei na minha bolsa.

Foguinho : De papo com o Lobão, garota? -Perguntou ligando o carro, enquanto ria e eu subi o meu olhar pra ele.

Bruna : Não! Mas se estivesse, também não seria do seu interesse. -Respondi e ele me olhou de canto, negando com a cabeça.

Foguinho : Lobão não é boa peça, loirão, você mais do que ninguém sabe. Te meteu em várias fitas erradas, pra ficar nessa agora? De ideia trocada? Esquece rapidão as parada né.

Bruna : Se eu perdoei ou deixei de perdoar ele, é um problema exclusivamente meu! E se eu disse que não estou de papo com ele, é porque não estou. -Falei firme. -Querer me da lição de moral? Se manca né.

Foguinho : Bruna, não me intrometo na sua vida não, tô dando conselho de amigo só, pra você ficar suave. Só não quero te ver triste, o homem é ruim pô, torturando vários moleque novin la, por nada...tirando a vida dos cara, por puro capricho.

Bruna : Ta incomodado? -Perguntei. -Sai do movimento, ue! Julga tanto, mas na hora de resenhar, beber do whiskey que ele banca, ta la né? Também não concordo com as atitudes dele, e tenho posicionamento pra isso, mas você? -Eu ri. -Recebe o dinheiro sujo que ele oferece. Primeiro você vira exemplo, jae?

Fiquei calada também, e eu em! Maior perturbação pra minha cabeça. Até esqueci do policial, mas estava tudo tranquilo, então mandei ele seguir direto pro morro.

Uns cara vieram atrás dele, dizendo que o Lobão tava procurando e eu subi pra minha casa andando.

(…)

Vivência [M] Where stories live. Discover now