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Bruna 🎡

Estava subindo o morro a pé, Foguinho foi atrás do Lobão e me deixou literalmente, sete ruas abaixo da minha casa. Tirei os meus saltos e permaneci andando, pensando em tudo que ele havia me dito.

Fui atravessar a rua, mas eu estava tão além, que nem percebi a moto descendo, foi quase em cima de mim e eu cai de bunda no chão, principalmente pelo susto ao ter tropeçado na calçada.

Lobão : Ta maluca, porra? Não sabe olhar pro lado antes de atravessar a rua não? Igual criança. -Parou ela ali e desceu, estendendo a mão pra me ajudar a levantar.

Bruna : A culpa é tua, que não sabe andar devagar. -Levantei, batendo a mão na minha bunda e ele me encarou de cima em baixo, negando com a cabeça. -Que foi?

Lobão : Você ta ridícula, cara. -Soltou uma risada. -Rosto todo manchado ai, de maquiagem, pé todo preto. -Eu dei o dedo do meio pra ele e suspirei, fechando os olhos, sentindo a onda da bebida bater.

Realmente, o suor do meu rosto misturou com a maquiagem e eu fui cair na bobeira de passar a mão, rímel me deixou toda manchada.

Lobão : Ta aqui essas horas por que? -Perguntou, subindo na moto dele outra vez.

Bruna : Porque você é um infeliz. -Respondi. -Chamou o Foguinho e ele disse que ia atrás de você, me deixou lá.

Lobão : Tô procurando ele mas não impedi de te deixar em casa não, ue! Bagulho ai é falta de respeito dele, sai dessa. -Passei a mão no rosto e agachei pra pegar os meus saltos. -Sobe ai, te levo la.

Pensei em recusar, mas não consegui, estava extremamente cansada e só queria a minha cama, ele me deixou na porta de casa e eu desci.

Lobão : Toma um banho, quem sabe assim você não volta a ficar apresentável. -Falou e eu soltei uma risada, ignorando total o comentário dele enquanto caminhava pra dentro da minha casa.

Bruna : Me erra, garoto! -Murmurei. -Tchau.

Fechei a porta e subi direto pro banho mesmo, detestava deitar com a sensação de estar suja. Abri o insta e abriu direto na mensagem que o Lobão havia me enviado, perguntando se eu queria que ele me buscasse.

Peguei o celular e respondi "não costumo andar com pessoas do seu tipo." Ele viu e respondeu na mesma hora.

"é, o tipo que você anda não tem capacidade pra te deixar em casa kk"

Deixei o meu celular por baixo do travesseiro e dormi a noite toda, um sono extremamente perfeito. Acordei eram onze da manhã, já veio na minha mente que amanhã é véspera de natal.

Costumava passar com a Laura, até porque nós sempre atendiamos até mais tarde no salão, porém esse ano eu não sei como vai ser, já que minha vó sempre viaja.

Coloquei uma roupa e saí de casa, com o celular e o cartão, fiz mercado e na volta eu trombei com o Lobão e o Foguinho saindo de uma casinha.

Foguinho estava com a mesma roupa de ontem e olhava pra baixo, com a roupa toda suja de sangue, mas aparentemente não era dele.

Assim que me viu, saiu andando e eu me aproximei do Lobão, que tirava um cigarro do bolso, enquanto respirava calmamente.

Bruna : O que aconteceu com ele? -Perguntei e ele negou com a cabeça, franzindo o cenho.

Lobão : Não é do seu interesse saber. -Respondeu soltando a fumaça pro outro lado.

Bruna : Foguinho matou alguém, Lobão? -Perguntei curiosa e ele soltou uma risada, completa no deboche.

Lobão : Não. -Respondeu, como se não quisesse render mais uma palavra sobre o assunto.

Bruna : Então é aqui que você ta torturando os moleques? -Questionei, colocando a mão na cintura e a expressão dele mudou por completo.

Lobão : Que papo é esse? Não tô fazendo nada pra ninguém não, quem é que ta rodando essas fita? -Feição dele estava fechada o suficiente pra eu perceber que ele estava sendo verdadeiro.

Bruna : Ta mantendo eles ai por que então? Pra brincar? -Tentei fugir do assunto mas ele ficou calado, arrastou a garganta e eu sem entender muito o que estava acontecendo.

Lobão : Fala ai, único que sofreu tortura foi o carinha que tentou fugir ontem e mermo assim foi depois que a gente trocou aquele lero. -Cruzou os braços com o cigarro entre meio os dedos.

Foguinho mentiu pra mim então, não tinha total conhecimento sobre o assunto, mas com certeza eu iria questionar ele sobre o assunto.

Bruna : Precisava falar com você. -Suspirei, colocando as mãos na cintura e ele estranhou, mas nem rendeu mais também.

Lobão : Agora tô sem tempo. É parada séria? -Tirou o celular do bolso e eu dei de ombros, me irritando já. -Vou resolver um bagulho fora do morro, quando eu chegar, encosto la na sua casa, jae?

Só acenei com a cabeça, pelo assunto ser do meu interesse e segui o meu caminho. Almocei por ali e mesmo e depois mandei mensagem pra um mercado, onde eu havia encomendado cinquenta cestas básicas, pra distribuir pra algumas famílias aqui do morro.

E teria o ceia solidária também, a pastoral organiza e todos os anos eu me esforço pra participar, de alguma forma, recolhemos doações e realizamos um jantar, em uma das ruas daqui, muitos moradores de ruas e famílias necessitadas aparecem.

Finalmente cheguei em casa, e guardei minhas compras, tomei um banho e fiquei com o cabelo molhado, só coloquei uma blusa largada e sentei no sofá pra começar a fazer minha unha.

Passou maior tempo, assisti diversos filmes natalinos, tava pescando no sono quando ouvi barulho na porta dos fundos, na cozinha, bufei irritada e fui abrir, dando de cara com o Lobão.

Ele estava com uma bermuda preta e uma blusa roxa, ambas da hurley, kenner no pé e um boné, apoiando o capacete no braço direito.

Lobão : E ai? -Revirei os olhos e dei espaço pra ele entrar -Marca dez ai, tô numa larica, carinha vai entregar a pizza ai.

Bruna : Não te chamei pra jantar. -Fechei a porta, notando a rua vazia e ele deu de ombros, entrando na minha casa.

Vivência [M] Onde as histórias ganham vida. Descobre agora