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Bruna 🎡

Eu estava bêbada o suficiente para cantar absolutamente tudo errado em um karaokê. Sorria e cantava para todos os vídeos possíveis.

Enquanto mexia no celular, uma notificação chegou, era o Foguinho, tinha respondido um dos meus storys.

"ta linda, mb 😍"
"se quiser, a proposta de uber ainda ta de pé."

Sorri mas não respondi, depois falaria com ele com calma, porém, quando eu estava prestes a desligar o celular chegou outra notificação. Mas dessa vez era do lobinho, respondendo a mesma foto.

"nossa, que susto"
"vou até bloquear, abri e pensei que fosse anúncio da loira do banheiro."

Gargalhei comigo mesma e mandei "larga do meu pé, obcecado por mim que eu sei". Voltei atenção as meninas, sem muita preocupação, tinha chegado outra mensagem, mas eu deixei pra responder depois.

Daniela : Amiga, me puxou pelo braço e eu olhei pra ela, entediada. -Tem um homem ali que pediu pra te chamar, quer falar com você.

Procurei e meu corpo entrou em transe no momento em que eu vi. Era o policial do dia do hospital, o que havia me feito companhia. Tentei transparecer seriedade e me aproximei dele.

Bruna : Oi! -Sorri. -Tudo bem com você? Minha amiga disse que me pediu pra me chamar. -Ele realmente, era um gato. Olhos verdes e uma estrutura corporal perfeita. Não tem como negar, uma perdição, porém, infelizmente não irei desfrutar.

-Lembra de mim? -Bebeu do copo dele e eu confirmei com a cabeça. Coloquei o meu cabelo pra trás da orelha e cruzei os meus braços. -Curiosidade em saber se ta tudo bem. -Falou olhando pra minha boca e eu soltei minha respiração, repreendendo a atitude dele.

Bruna : Eu tô bem! Tudo se ajeitou, graças a Deus!

-Que bom. -Falou super animadinho. Conseguia identificar no olhar dele, não era maldade, em desconfiar de mim ou algo do tipo. Era falta de vergonha na cara, até porque no dia eu deixei claro que era casada. -Só com as amigas?

Bruna : Nosso dia hoje. Esperando o meu marido sair do trabalho pra vir me buscar. -Falei mesmo, e aparentemente ele se tocou, pareceu se lembrar que eu era casada.

-É claro. -Soltou a postura e eu inclinei minha sobracelha. -Bom, só queria saber se você estava bem...mas, que bom. -Confirmei com a cabeça e agradeci, antes de sair.

Mas já fiquei neurótica naquilo, né? Respondi a mensagem do Foguinho e perguntei se a carona ainda estava de pé, pelo menos pra disfarçar. Ele disse que sim e eu marquei um horário, pra não ficar tão óbvio.

Vi o policial sair, e depois de uns cinco minutos chegou mensagem do Foguinho, nenhuma das meninas quis vir comigo, então eu atravessei a rua e me aproximei do carro, entrando.

Bruna : Não me leva pro morro agora, da umas voltas ai, qualquer coisa. -Falei colocando o cinto e ele me olhou.

Foguinho : Ta, mas por que? -Rodou a chave, mantendo o olhar fixo em mim e eu suspirei, encarando ele.

Bruna : Só da uma volta. -Falei rápido. -Preciso de tomar um ar, ver mais a pista antes de subir.

Encostei no encosto, ouvindo a música do carro e peguei o meu celular, lembrei da mensagem do Lobão e abri pra ver o que era.

"se tiver de boa eu te pego ai e a gente da um giro."

Por algum motivo lembrei da noite de ontem, foi um lance do caralho e por mais que eu negasse, sabia que se continuasse nesse papo com ele, ia acontecer outra vez.

Preferi não responder, até porque nem seria possível pra ele também, imagina chegar ali e dar de cara com o policial, por mais que não tenha informações exatas dele, ninguém nunca sabe, né?

Foguinho : Ta sabendo o que ta pegando? -Perguntou e eu neguei, colocando o celular no meio das minhas pernas e prestando atenção nele. -Lobão desceu com os menor todo do beco da tua vó, ninguém sabe o motivo, mas o boato é que os moleque tão tudo sofrendo la, sem comida e esses lance de tortura.

Bruna : Ata. -Respondi, imaginando que seria sobre a questão que ele me falou, lance de ter x9 no morro, já que estavam armando pra matar ele.

Foguinho : E não vai falar nada? -Questionou rindo e eu dei de ombros, franzindo minha testa.

Bruna : Eu não! Problema é deles, e eu em. Alguma coisa deve ter, né. -Abaixei o vidro. -Triste pra família, mas é isso ai, cada um com suas escolhas, a gente colhe o que planta.

Falei séria e ele não rendeu mais esse assunto também. Garoto estacionou na orla de Ipanema e desligou o carro, tirando as mãos no volante e prestando atenção em mim.

Foguinho : E ai. -Olhou pra mim e eu cruzei minhas pernas, fazendo cara de dúvida. -Você nunca me chama assim, cara. Ta pegando o que?

Bruna : Você me ofereceu carona, eu disse que aceitava e agora ta questionando isso? -Eu ri e ele abaixou a cabeça, fazendo com que eu visse só um pouco do sorriso dele.

Foguinho : Ta bom pô, mas você não é sonsa, sabe das intenções que eu tenho com você. -Meu coração já ficou meio assim ali. Porque ele era foda pra caralho, mas eu tinha um medo imenso de fazer ele sofre com o pós.

Bruna : E medo da nossa amizade estragar também. -Fui sincera e ele soltou uma risada. -Tô falando sério, garoto. -Empurrei ele com a mão, que soltou um suspiro, olhando na direção da minha boca.

Foi involuntário, nem eu percebi, mas cedi quando ele puxou o meu rosto. Me deu um selinho devagar e pediu passagem com a língua, segurei o rosto dele e percebi um sorriso partindo dele se formar entre o nosso beijo lento.

Era bom, leve e em um ritmo ok, mas foi impossível não comparar com o do Lobão, só conseguia lembrar da pegada dele e imaginar as posições das mãos dele no meu corpo, e eu me culpava por aquilo.

Até porque eu tinha total consciência, que se eu não houvesse ficado com o Lobão, estaria sendo muito bom. Mas era uma tarefa complicada não ter na mente uma voz que dizia "você sabe que o dele é melhor."

Vivência [M] Where stories live. Discover now