36 • Christmas Night

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— Eu estou indo pegar pipoca para você, Srta. — a acusei em falso tom, apenas deleitando dessa liberdade que ela me dera ao deixar-me ser genuína e frágil ao seu lado. 

— Eu sei, amor. Quero que volte logo. Deixar o filme rolando te fará se apressar. — sorri boquiaberta ao que Karla novamente retribuía meu sorriso, dessa vez semelhante com a de uma criança sapeca. — Melhor ir rápido, ou irá perder a cena da menina fugindo do sequestrador. 

Estávamos assistindo Chamada de Emergência. Era o nosso primeiro filme de suspense juntas e confesso estar adorando a adrenalina de assisti-lo junto de Camila. A mulher simplesmente sentia a dor e angústia da vítima, era divertido ouvi-la se lamentar como se os personagens pudessem escutá-la.

Vou até a cozinha e apresso o que tenho a fazer. Jogo o resto de pipoca nos dois baldes, visto que Camila preferia pipoca temperada apenas por sal, enquanto eu, doce, com leite condensado por cima. Quanto a bebida, tomávamos suco de caixinha de uma marca duvidosa ao qual Camila trouxera. Insisti a ela que me deixasse ir ao mercado comprar o único suco processado ao qual eu confiava: o da marca brasileira. Os melhores e mais naturais sucos vinham de lá, por sinal, eram os que eu tomava desde criança. 

No entanto, a cubana não me deixou mudar seu cronograma, onde parecia disposta a seguir detalhe por detalhe de seu planejamento ao me mostrar novos horizontes e caminhos.

Era bom ser surpreendida e desacatada as vezes. Se não fosse ela, eu jamais saberia que o suco de maça, com limão e framboesa da marca duvidosa Natural One era delicioso. 

"Lauren"

— Oi, amor. — estranhei o aparecimento repentino de Camila na cozinha. Ela parecia mais estar cambaleando do que andando como eu fiz ao me deslocar para cá. — O que houve, vida?

Ela tinha desligado a TV.

— Lauren, você sentiu isso? — tinha os braços cruzados abaixo do seio, como quem estivesse sentindo frio. 

— O quê? — perguntei, deixando os baldes em cima do balcão.

Seus olhos meio fechados, testa franzida, onde também parecia estar sentindo dor. 

— O que você está sentindo, amor? — novamente questionei, tentando decifrar o que ela estava sentindo Dor de cabeça? Pressão baixa? — Camila?

— Essa sensação.. — seu cenho estava franzido, onde ela mesma aparentava não entender aquilo que sentia. — Estranha, sabe?

— Não é o ar condicionado? — olhei ao redor, e sinceramente? Minhas roupas eram tão características de verão quanto as de Camila. Não era possível que ela tenha sentido uma friaca repentina dessas e eu não. — Você quer que eu aumente a temperatura? Você está com frio? Posso pegar um cobertor também.

— Não, não é isso. — por fim, escorou uma das mãos sobre a mesa de jantar. Me aproximo de Camila, mas não a toco. — Você tem certeza que não está sentindo isso, Lauren?

— Sentindo o que, amor? — e quando pensei em tocá-la, Camila me interrompeu.

— Espere, não me toque. — pediu, fazendo o sinal com a mão direita livre para que eu aguardasse. A respeitei, apesar de preocupada. O jeito que falava, parecia estar com tontura. 

— Você não está se sentindo bem? Será que foi o suco?

— Não sou eu... — seu semblante de quem estava enjoada e iria vomitar. Então Camila fechou os olhos, respirando fundo, enquanto eu a mirava completamente assustada, sem saber o que fazer. — Eu preciso... — arfou em dor.  — Eu preciso apenas de um copo de água, amor, por favor.

A Amante do Meu Marido (Concluída)Where stories live. Discover now