— Nada, querida. — e ajeitou o próprio assento em posição ereta, ignorando a minha atenção ao que segurava um dos clássicos da literatura romantista americana perto do rosto.

Lucy pareceu seguir a mesma linha de raciocínio, por sua vez, cedendo concentração a um magnifico livro de terror, extremamente renomeado pela crítica, ao qual eu amava.

Eu poderia puxar assunto sobre a edição de Ed & Lorraine Warren - Demonologista, mas meu receio de Alexa novamente se intrometer na conversa era maior. Logo, inclinei meu banco para trás, peguei minha almofada para encostá-la atrás da nuca e fechei os olhos tentando ao máximo esquecer o incomodo que sentia no estômago, sobretudo os motivos que o faziam ficar assim.

. . .

Charlotte é uma das principais cidades e centro comercial da Carolina do Norte. Repleta de patrimônios históricos, aos poucos foi se tornando uma região propícia para emigração e imigrantes, onde uma de suas principais características, segundo o que acompanhei pela internet, era a boa oportunidade que ofereciam de se inserir no mercado de trabalho devido à falta de candidatos, além da segurança e preços acessíveis para quem busca construir uma família típica daquelas de comerciais de margarina que passam na BBC.

De qualquer forma, não me parecia tão surpreendente por conta da quantidade de prédios que verticalizavam a paisagem. Sempre preferi regiões mais abertas, naturais, provavelmente no centro do Estado eu poderia encontrar aquilo que tanto gostava. Mas como eu não estava aqui para passeio, mas sim para trabalho, acredito que esteja de bom tamanho, especialmente o hotel que Lauren reservara para a equipe.

Agora segurando meu book fotográfico, cujo continha meu portfólio, eu esperava atenta as indicações de Keana sobre o quarto que eu deveria me direcionar. Logo mais teríamos um desfile em Charlotte para associados e sócio contratante, e eu mal conhecia a cidade em que estava pisando, muito mais empresa ou hotel. 

— 18 B. — apontou o andar sem enrolar na conversa, pois estávamos atrasadas em quarenta minutos devido ao trânsito que nossa van enfrentou até chegar em Charlotte. — Seu fitting já foi aprovado e está nos cabides. Tiffany estará na mesma sala te esperando.

— Meu o quê?! — franzi testa e sobrancelhas. Era a quinta vez do dia que ela fazia isso sem perceber.

— Oh, desculpe, Mila... Sempre me esqueço que você é nova no vocabulário. — se aproximou de mim, carinhosa do jeito que era, me deixou um beijo na bochecha. — Fitting é a prova das roupas que serão usadas no nosso trabalho. Se precisar de algum ajuste, Cloe estará lá para fazer o que for preciso. 

— Ok, 18 B então.

— Isso, no segundo andar.

— Perfeito. — afirmei com a cabeça, andando para trás e quase me esbarrando com um vaso nitidamente caro que, caso derrubado, custaria cinco vezes o meu salário. — Ops...

— Vai lá, Mila! Vai agora, pelo amor de Deus.

Como eu ainda estava usando a minha boa e confortável sapatilha social, consegui correr as escadas e chegar a tempo no estúdio de Tiffanny. Optei pelas escadas já que da vez que decidi vir com o elevador para onde Keana se mantinha, acabei me perdendo por cinco minutos na máquina, sem saber manuseá-la, uma vez que os botões e suas indicações estavam apagadas pelo desgasto. 

— Licença, Tiffanny... — tenho a iniciativa de virar a maçaneta após dar sete toques e não obter nenhuma resposta. — Ah...

— Boa tarde, Srta. Cabello. — Lauren sentada na primeira cadeira de apoiadores braçais a frente, de pernas cruzadas e segurando uma garrafa plástica de água vazia. — Não parece feliz em me ver. O que houve? Não gostou da viagem ou não gostou da visão?

A Amante do Meu Marido (Concluída)Where stories live. Discover now