Acampamento de Verão (9)

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Eu tremia convulsivamente enquanto chorava assustada com tudo que ocorrera. Johnny me abraçava mais e mais forte acariciando as minhas costas me acalentando sem pressa. Parecia estar disposto a ficar ali junto comigo até eu parar de chorar.

— Eu vou ajudar você a denunciar ele. Sou testemunha, não se preocupe, você não está sozinha.

— Não me solte por favor, não me deixe sozinha — o pedido saiu num fio de voz, como se todas as minhas forças tivessem esgotado naquela luta que parecia totalmente em vão.

— Prometo que não vou.

Nós ficamos mais alguns minutos aqui e eu não me sentia sufocada ou com calor por ele estar me abraçando tão forte que eu podia sentir seu coração bater depressa. Pelo contrário, a cada batida do seu coração os meus nervos começavam a se acalmar, a cada toque em meu cabelo e nas minhas costas os meus soluços iam cessando.

— Você quer que eu leve você? — Johnny me ajudou a levantar e só agora pude perceber as expressões de preocupação que ele tinha.

— Não, tudo bem. Não conta pra ninguém por favor, só vamos falar com os professores. Eu não quero toda essa gente me olhando com pena.

— Prometo — ele beijou minha testa e limpou a umidade dos meus olhos.

Johnny colocou uma mão na minha cintura e eu fiz o mesmo com ele. Nada vinha na minha cabeça como "o que as pessoas irão pensar quando nos vê assim, juntos". Isso era a menor das minhas preocupações, tudo que eu queria era contar o mais rápido possível e não ficar sozinha nem por um segundo. Mas a única companhia que eu desejo é a do Johnny. Me sinto protegida com ele e a gratidão por ter me achado primeiro que aquele homem nojento tivesse feito algo pior comigo, reforça ainda mais essa vontade de está com ele.

Quando chegamos ao acampamento todos que estavam presentes ficaram nos olhando, as meninas faltavam me fuzilar com os olhares que davam em minha direção. Elas ao menos sabem o que aconteceu e já me odeiam. Johnny percebeu o que estava acontecendo e apertou-me mais contra ele. E nós fomos para a cabana dos banheiros onde estava a professora Kim, esperando os alunos tomarem banho.

— Nós temos algo muito sério pra falar pra senhora. — Ele olhou para mim e eu senti uma nova onda de choro se aproximar. Não queria chorar aqui, eu odeio parecer fraca.

— Aconteceu alguma coisa? — Ela nos encarou preocupada.

Sem voz para poder contar agora, eu esperei que Johnny falasse por mim primeiro.

— Eu vi o professor Choi tentando abusar da Sunmi  perto do riacho.

Os olhos da professora se arregalaram e ela olhou para mim sentindo pena.

— Meu Deus, isso é muito grave. Vamos lá para a cabana conversar com mais tranquilidade. Não se preocupe Sunmi, nós vamos resolver isso.

Ela acariciou meu cabelo e eu não sei, mas esse gesto me deixou pior do que já estou. É horrível a sensação de ser vítima de algo assim, não só pelo óbvio, mas porque as pessoas te olham com pena e para mim é muito doloroso.

Nós fomos para a cabana/dormitório dos salva vidas e enfermeiros, depois dela pedir para uma das alunas vigiar a cabana dos banheiros. É muito melhor do que colocar o professor Lee depois do que Johnny acabou de contar.

Nos direcionamos para um dos quartos que tem na cabana e ela me ofereceu um copo d'água. O qual tomei avidamente, estava precisando molhar a minha garganta.

— Me conte o que houve.

Relatei para ela desde o início, sentindo cada frase, cada lembrança me doer como um corte feito por algum objeto pontiagudo por todo o meu corpo. Mostrei os meus pulsos para ela como se fosse uma prova, mas ela os segurou e fez um leve carinho.

[𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄/𝐑𝐄𝐀𝐂𝐓𝐈𝐎𝐍] ° 𝑵𝑪𝑻 • (HIATUS)Where stories live. Discover now