Good or Bad

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Aviso no final!!

Nunca tinha ouvido tantos sermões sobre suas vestes como ouvira hoje. Coisas como: "use algo mais comprido", "não mostre seus joelhos", "nem nada tão brilhante". Ordens de sua mãe, que já estava cansada de ouvir.

É o seu primeiro dia na faculdade, já estava se preparando para os comentários maldosos sobre a roupa fora de época que estará usando.

Cabelos compridos e pretos na altura da cintura, estavam numa trança bem feita que ela tanto estava acostumada a fazer.

Uma das doutrinas de sua religião, é não cortar o cabelo, mas ela sempre cortava as pontas mesmo que a mãe diga que isso é errado. As pontas duplas estragam o cabelo e é uma das coisas que ela mais gosta de cuidar em seu corpo.

Com um vestido abaixo do joelho florido num tom verde água meio soltinho ao corpo para que não marque suas curvas que ninguém nunca viu, apenas ela. E uma sandália baixa que amarra no tornozelo. Ela estava pronta para o seu primeiro dia, as pessoas de sua antiga escola a zoavam mas estavam acostumados com seu estilo retrô. Não fazia ideia de como os seus colegas agora da universidade, irão lidar com sua aparência. Se irão caçoar ou deixá-la em paz.

Com sua mochila no ombro, Hye foi para o ponto de ônibus depois de pedir a benção dos pais. Arrancando alguns olhares tortos, ela subiu na condução e sentou no lugar de um assento.

Hye olhou ao redor e todos, ou grande maioria dos jovens de sua idade, estavam usando seus celulares. E pensou em como deve ser legal ter um. Sua mãe nunca deixou a garota ter um aparelho telefônico, apenas o de fio e um computador da era das cavernas. Apenas para trabalhos, nada de uso pessoal. E ligações particulares, sua mãe sempre ficava por perto ouvindo o que sua filha estava a papear com a pessoa do outro da linha.

Todo esse tratamento lhe sufocava, mas estava, digamos, acostumada com tudo isso. Ninguém nunca disse a ela que isso não é a maneira correta de se tratar um filho. Então, sempre acreditou ser o correto.

Enfim chegou no grande e elegante edifício de sua universidade Yonsei. Ela nem ao menos sabe como conseguiu ser aceita aqui, pois é uma das mais prestigiadas e renomadas universidades da Coreia do Sul.

Hye é muito modesta, ela sempre se esforçou para conseguir entrar e ninguém nunca atrapalhou seus estudos, como amizades ou mesmo o amor. A garota se dedica em tempo integral aos seus estudos e igreja.

Admirada com o tamanho do edifício e de tantas pessoas no local, ela esbarra em uma garota. Que a olha da cabeça aos pés com um olhar de julgamento, quase cuspindo em sua cara ofensas sobre sua aparência.

A pobre garota pede desculpas e vai embora dali mesmo sem saber qual caminho está indo. Prestando atenção, mais a frente tinha um grupo de alunos olhando algo pregado na parede. Ela se aproximou ainda tímida e receosa, dando conta que é uma lista das turmas.

Passando o olhar breve ela viu logo seu nome. Sua turma é na sala 2B.

Procurando sozinha, já que não tinha ao menos um guia para lhe apresentar o colégio, ela verifica as placas com os números da sala. Achando finalmente a sua, que fica de frente a um chafariz, e dentro dele tem alguns peixes. Ela se encantou com aquilo e chegou mais perto.

Uns alunos estavam passando e esbarraram nela e quase Hye derruba suas coisas na água. Por sorte os garotos que lhe empurraram sem intenção, se desculparam.

E para não correr mais o risco de ser quase pisoteada naquela multidão, Hye vai para sua sala. Sua presença é tão notória quanto um caminhão de luzes coloridas. A sala estava completa, esperando apenas pelo professor. As pessoas olham e cochicham baixo como se ela não fosse perceber. Suas roupas não eram bem estilo de universitária, e sim de alguém que está indo ao culto. Mas o que poderia fazer? São as únicas que tem e que pode usar.

Um garoto de cabelo preto e piercing na boca, a encara tão intensamente que ela se sente com vergonha e desconfortável. O único lugar disponível é perto dele. Ela suspira fundo, não querendo demonstrar o quanto está triste com toda a situação. E senta no lugar não mais vazio.

A aula se inicia com um professor que parece ser tranquilo, mas escreve tanto que mal consegue acompanhar.

. . .

- Aonde você comprou essa roupa fofa? No brechó?

Roupas de brechó não têm má qualidade, apenas são usadas. Hye não entendia o por que do comentário.

- Por que diz isso?

- Estava querendo comprar pra minha vó.

A garota começa a rir com suas duas amigas e vai embora. Já tinha encerrado as aulas daquele dia.

Hye olha para o seu vestido procurando o defeito que há nele, para ela não era feio. Suas roupas são todas assim. Sua mãe se veste dessa maneira, as irmãs da igreja também.

Ela dá de ombros suspirando pesado e engolindo o nó em sua garganta. Isso é só o começo do seu pesadelo neste lugar.

Onde jovens tem que se virar por conta própria, chamar os pais aqui por que um colega de classe lhe ofendeu, é tão infantil para os universitários. Conversar com seus pais está fora de questão. Mas o que eles também poderiam fazer? Dizer para não dar ouvidos como toda a vida disseram?

O único jeito, a única forma, é aceitar. Calada.

Se ao menos as pessoas soubessem que os comentários maldosos matam outras por dentro, aos poucos.

Me pediram pra transformar aquela história dos opostos em um livro. Pois bem, essa estória da Hye, tem quase a mesma dinâmica que aquele imagine. Porém, aborda assuntos mais pesados, como violência e tortura psicólogica. Este livro tem já a versão com o Baekhyun, lá no Spirit. Mas já que vocês gostaram, eu resolvi trazer a versão com o Taeyong. Acho que combina muito com ele, essa "pegada" bad boy. Não será postado aqui nesse livro, ele terá um cantinho só pra ele. Depende apenas se a opinião for positiva!! ❤️

[𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄/𝐑𝐄𝐀𝐂𝐓𝐈𝐎𝐍] ° 𝑵𝑪𝑻 • (HIATUS)Where stories live. Discover now