Acampamento de Verão (6)

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Ainda incrédula com a nossa possível trégua de uma hora, eu ando ao seu lado. Johnny sorriu para mim, com seus olhos de jabuticaba. Respirei fundo o ar gelado da noite, sentindo uma pontada de felicidade.

É como se a gente esquecesse todo o rancor, o ódio guardado que apenas nós sabemos o motivo. Para aproveitar um pouco a companhia um do outro. Que no fim das contas, sempre tem alguma atividade onde nos encontramos, sempre como rivais ou duplas como agora.

Imagino que hoje seremos pessoas diferentes, não Sunmi, não Johnny mas outras pessoas que não tem um histórico ruim um com o outro.

O motivo pelo qual eu acumulei toda essa raiva dele foi…

— Vamos vistoriar perto do riacho? — Ele indaga e eu demoro uns segundos processando que ele está pedindo minha opinião para algo antes de me arrastar e simplesmente fazer.

— Pode ser.

Vejo uma fumaça se formar assim que falo e me dou conta do quanto está frio aqui agora. Ponho as mãos dentro dos bolsos do meu sobretudo, tentando me aquecer de alguma forma. Mas parecia não funcionar e quando dei por mim estava tremendo. Acho que é por que perto do riacho é ainda mais frio que lá no acampamento.

— Você tá tremendo. Vem aqui. Deixa eu te ajudar.

Pestanejei mas me aproximei dele e senti uma falta de ar quando ele pôs os braços em torno dos meus ombros. O que ele está fazendo? É uma trégua mas estamos… Juntos de mais.

— Eu só tô tentando ajudar — ele percebeu que eu fiquei chocada e os meus passos diminuíram como se as minhas pernas estivessem congeladas. Quando ele iria afastar o braço de mim, eu o segurei.

— Obrigada.

Um sorriso pequeno e amigável em seu rosto me deixou corada. Apesar de parecer estranho por causa do nosso longo histórico de brigas, eu estou com frio e qualquer coisa para me aquecer é bem vinda. Quer dizer, nem tudo.

Ouvimos umas risadinhas e uns sons estalados como beijos. Chegamos mais e mais perto. E demos de cara com uma cena não muito surpreendente.

— O que vinhemos fazer aqui realmente?

Questionei olhando os casais de longe. Há uma boa festa aqui. Entre eles, Jaehyun e Taeyong. Os rapazes que as meninas mencionaram mais cedo. Eu sabia que na primeira oportunidade elas iriam dar em cima deles, como se quisessem marcar território. Espero que não haja nenhuma briga por causa desse motivo.

— Por aqui também dá caminho pra cidade.

Ele apontou para uma estrada, que parece um pequeno atalho caso você atravessar o riacho. A parte específica não é funda e tem pequenas pedras como se fosse um caminho preparado pela natureza para você atravessar. Não sabia que esse caminho era para a cidade. Como ele sabe?

— Oh, eu não sabia…

Johnny envolve ainda mais o seu braço em meus ombros e eu segurei em sua mão. Seus olhos fitaram os meus por segundos; segundos esses que senti que nada no mundo poderia me atingir. Como se o tempo tivesse parado para olhar nós dois, a sensação é de um universo paralelo onde só existe Johnny e eu.

As íris cor de jabuticaba me atingia como se estivessem enxergando até a minha alma e de alguma maneira sugando ela também. E isso não é ruim para mim. Não agora.

Nesses segundos arrebatadores que pareceram horas, eu examinei cada linha do seu rosto que secretamente, bem em meu íntimo, acho muito bonito. O luar era mais que suficiente para que a beleza dele pudesse ser exposta, não precisava de uma luz artificial ou forte para isso. A baixa iluminação combinava bem com ele, não que a luz do dia não o deixasse bonito, mas é diferente agora por algum motivo. Porém tudo desapareceu quando ouvimos passos e vimos uma luz de lanterna. Olhamos para o lugar de onde estava vindo e nós conseguimos vê que era a professora Kim e o professor Lee.

[𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄/𝐑𝐄𝐀𝐂𝐓𝐈𝐎𝐍] ° 𝑵𝑪𝑻 • (HIATUS)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora