Sugar baby (10)

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Nunca entendi de fato aquela cena de crepúsculo, onde Bella fica sentada numa cadeira esperando o tempo passar e Edward voltar.

No livro a autora colocou essa parte  em páginas em branco, com os meses que ela esteve longe dele. Mas agora eu entendo, eu senti na pele o que é o vazio quando se deixa alguém.

Porém ao contrário dela eu não estou esperando que ele volte e sim que o sentimento se vá.

Que tudo acabe rápido da mesma maneira que veio. Que todo o encanto se desfaça como poeira em meio a um furacão.

Acredito eu que tudo seria mais fácil se a culpa não fosse minha. Se ele tivesse me enganado e me usado, ludibriado prometendo o próprio paraíso se possível. Mas não, eu fui vítima da minha própria ilusão, da minha cabeça e do meu coração que escolheu alguém errado e situação errada.

Quanto mais eu tento esquecer mais eu penso, mais eu sinto falta e me odeio por ser assim, por meu corpo não responder ligeiro a um término, por me deixar ser machucada por tudo que eu permiti sentir.

Quando se apaixona depois de tantos anos com o pequeno espaço vazio, é difícil expulsar o novo sentimento, a nova sensação do que é o amor.

Não precisamos de um tempo específico para amar alguém e não se pode escolher. Não pensava assim antes, pensei que tinha o total controle sobre meus sentimentos, mas percebi que não. Que por mais resolvida que eu seja, ainda estou exposta a isso.

Estou tão envergonhada por isso que não contei a ninguém além da Anny. Sei que posso contar com todas as minhas amigas, mas ela foi a única que me veio à mente na hora do desespero, e quanto menos pessoas souberem melhor. Isso pode estragar a minha reputação. E homens que procuram o mesmo que Kun, não irão se aproximar de mim por receio de que eu me apegue a eles como uma menina carente.

Anny não me deixou sozinha por um minuto, trouxe até algumas roupas para passar os dias que está livre do seu sugar daddy aqui em casa. Eu não reclamo, acho que é bom neste momento não ficar sozinha, ter alguém para conversar e não deixar que pense nos problemas recorrentes.

— Você vai adorar vê quem eu trouxe.

Ouço a voz da minha amiga próximo do corredor do meu quarto.

— Anny, você sabe que eu queria que não trouxesse ninguém. Eu não quero vê ninguém.

Resmungo comendo mais uma colher de sorvete com Nutella. É terapêutico.

— Não seja mal educada, não foi assim que eu te criei, garota. — Diz ela.

A Anny cuidou de mim quando perdi os meus pais, somos amigas desde o 1° ano de ensino médio. Por isso confio cegamente nela. Brigamos sim, várias vezes, mas nós nunca duramos 24h sem se falar. Não aguentamos ficar longe uma da outra, eu a amo muito, é como minha irmãzinha mais velha. Sempre cuida de mim.

— Estou magoado S/A.

Não pode ser!

Eu conheço bem essa voz e o dono dela.

Olho de imediato para a porta e vejo Lucas Wong. Meu amigo de longa data, nós temos várias histórias juntos.

— Gatinho, desculpe, eu não sabia que era você.

Levanto e pulo em seu pescoço pondo minhas pernas em volta de sua cintura lhe esmagando com um abraço. Faz quase um ano que não nos vemos.

— Sentiu saudades? — Perguntou ele em tom suave.

[𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄/𝐑𝐄𝐀𝐂𝐓𝐈𝐎𝐍] ° 𝑵𝑪𝑻 • (HIATUS)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora