Sugar baby (8)

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Eu passei uns dias ignorando ele, mas não podia dar continuidade a isso, nós temos algo no fim de tudo. 

Kun se desculpou pelo que houve no jantar e como naquele dia na casa dos seus pais, eu o desculpei, deixei para lá. Eu não tenho a posição de cobrar nada, nós temos um compromisso que os pilares que o segura é dinheiro, presentes e sexo. 

Ele me recompensou pelo meu tempo perdido daquela noite e nós saímos para jantar novamente e foi bastante agradável como eu idealizei. Pela primeira vez nós compartilhamos detalhes da nossa vida pessoal um para o outro. Claro, sem se aprofundar tanto, pois parece que estamos atravessando a linha imaginária um do outro. Apesar das barreiras que ele derrubou, não somos tão chegados ao nível de contar problemas pessoais um para o outro, mas foi divertido de qualquer forma.

O tempo passou rápido, já faz um mês que nós estamos juntos. E a sensação de que está perto de um ponto final, está perdurando nesses últimos dias. Não é que as coisas estejam ruins, pelo contrário, elas estão ótimas, tivemos mais alguns encontros antes de fazermos um mês, eu não tenho do que reclamar. Mas pelo meu histórico sempre dura no máximo três meses. Por diversos motivos, um deles é o apego. Muitos homens se apegam a mim ou percebem que estão chegando lá. 

Também por eu acabar enjoando da mesma pessoa por muito tempo, alguns dá até para aturar por um longo período, mas outros não consigo sustentar por mais de um mês. Principalmente os que são tão narcisistas e pensam apenas neles mesmos na cama. A maioria são assim, e alguns são demais e ninguém merece transar no modo "mecânico" por mais de dois meses. 

Sei que Kun e eu teremos um breve fim e isso me deixa um pouco deprimida, eu quero aproveitar mais o quanto puder, como sempre digo: não é sempre que encontramos alguém como ele.

Começo a sorrir sozinha quando lembro do sorriso dele ou melhor, da risada dele. Ouvi pela primeira vez no nosso — finalmente — jantar a sós.

Eu quero me condenar, quero me martirizar por ter gostado, por ter me sentido bem quando eu disse algo engraçado e ele sorriu. Sem malícia, sem segundas intenções, foi verdadeiro.

Parecia outra pessoa, sem toda aquela tensão sexual que ronda nós dois. Ele é intenso até mesmo na maneira como me olha, prestando atenção nas bobagens que digo, sem desviar a atenção dos meus olhos. Kun é um bom ouvinte, eu sinto que poderia conversar com ele por horas, sobre diversos assuntos e sei que ele me ouviria, e que argumentaria como se estivesse verdadeiramente interessado em tudo que digo.

E mais uma vez me pergunto "onde encontrei alguém assim novamente?" 

Não entendia o conceito de homem completo antes de conhecê-lo. Posso dizer também que senti que há um lado doce nele. Não sei se estou imaginando demais, mas eu vi. Vi nos olhos dele quando falou sobre os pais e principalmente do seu pai. A admiração que tem por ele, o carinho e o respeito. 

Sabe o quanto é raro homens maduros que prezam tanto por seus pais? Que dão valor a eles como se fossem a jóia mais preciosa de todas e que nenhum dinheiro pode comprar? 

Quando crescemos, nos tornamos adultos, tendemos a deixar de lado nossos pais e viver nossa própria vida. E muitos acabam deixando tanto de lado que perdem totalmente o contato com os pais. 

Sabe, se os meus pais estivessem vivos eu nunca sairia de perto deles, eu iria todos os dias visitá-los, porque eu sou eternamente grata por terem me adotado, por ter me dado um lar. 

Eu já tinha 7 anos quando me escolheram, não é todo mundo que quer uma criança com mais de dois anos de idade. Pelo menos no meu antigo orfanato, e eu pensava que ninguém iria me amar, que eu nunca teria uma família. Mas eles me acolheram, e eu fui e serei sempre grata. 

[𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄/𝐑𝐄𝐀𝐂𝐓𝐈𝐎𝐍] ° 𝑵𝑪𝑻 • (HIATUS)Where stories live. Discover now