Capítulo 47 - Realidade.

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— Parece que sim. — Augusto se levantou. — Você não quer mesmo ir comigo?

•••

Gregório deixou o livro que lia de lado ao ouvir toques na entrada do quarto, imaginando que seria seu irmão retornando, embora não entendesse o porquê ele estaria batendo para informar sua chegada. Logo a porta foi aberta e um sorriso simpático iluminou todo o ambiente.

— Oi! — Gregório falou empolgando, forçando suas costas para frente, sentando-se na maca. — Não sabia que você viria, Chico.

Francisco sentiu seu peito dar um solavanco ao ser chamado pelo apelido e ao ver a expressão meiga que ele esboçava, começando a se aproximar dele aos pouquinhos.

— Desculpa aparecer do nada, eu aproveitei que o Guto estava vindo pra cá e peguei uma carona. — Sorriu, vendo que ele estava com o acesso venoso. — Ainda tá tomando soro? Você já parece bem.

— Sim, ainda preciso. Mas eu tô bem, tô me sentindo mais disposto, já até impliquei com algumas enfermeiras, reclamando que eu poderia ir pra casa. — Riu baixinho. — De manhã fiquei um pouco enjoado, mas já consegui comer normal hoje, até senti apetite, coisa que não tinha antes.

— Isso é um bom sinal mesmo, fico feliz. — Confirmou, desviando o olhar do dele por um segundo. — E então, como tá sendo tirar esse tempo pra você?

— Tô sentindo falta do trabalho, isso não tenho como negar. — Abafou um riso. — Apesar de querer ir pra casa, tá sendo bom. Tô até lendo um livro que eu queria ler faz tempo.

— Eu queria gostar de trabalhar assim. — Francisco falou, brincalhão.

— E falando nisso, como tá sendo o seu novo emprego?

— Ah... Ainda não estou desempenhando todas as funções e estou um pouco limitado pela falta de experiência, mas aos poucos tô me encaixando, então tá tudo certo. O pessoal é bem legal também. — Informou, forçando um sorriso.

— Você faz falta por lá... — Gregório declarou, logo enrubescendo ao perceber o que tinha dito. — A Olívia sempre fala de você.

— Ah, ela é uma querida. — Sorriu de volta, ligeiramente envergonhado.

— E quais são seus planos agora? Você já tá no fim da sua graduação, certo? — Gregório quis mudar de assunto.

— Estou finalmente fazendo o meu trabalho de conclusão de curso, tá indo bem por enquanto. — Respondeu, olhando para o chão antes de voltar a encará-lo. — E você?

— Bom, o plano é me afastar do trabalho por enquanto, então tô pensando em fazer uma viagem com a Gabi...

— Que delícia! Eu amo viajar. Não lembro a última vez que fui pra algum lugar diferente, mas é muito bom. Vai te fazer bem. — Francisco concordou, sorridente.

Gregório encarou-o por um tempo, vendo a expressão sincera que ele sempre carregava. Por um segundo deixou-se levar pela imaginação, onde viajariam juntos e poderia levá-lo para conhecer qualquer lugar que ele quisesse. Lhe daria tudo e o encheria de roupas, mimos e o que mais tivesse vontade, embora nada fosse suficiente para presentear alguém tão fantástico.

Sabia que nunca mais poderia fazer algo assim por ele, então ao menos torcia para que Francisco encontrasse alguém que lhe desse tudo o que merecesse e tudo o que não conseguiu lhe dar.

•••

— Vocês conversaram bastante, né? — Guilherme adentrou o quarto do irmão após a saída de Francisco.

WorkaholicWhere stories live. Discover now