Capítulo 20 - Ordem.

Start from the beginning
                                    

— Me deixem em paz! — Gregório colocou todos os seus sentimentos para fora, rasgando sua garganta.

— A gente não quer o seu mal... Só queremos que você converse com a gente. — Valquíria viu-o alterado, parecendo em seu extremo.

Gregório abandonou todos na sala, saindo pela porta de entrada, escapando rapidamente de todos os questionamentos, abriu o portão e entrou no carro com a mesma rapidez, não queria vê-los, precisava de espaço, precisava sair dali.

Quando deu a partida, viu que todos já saíam pelo portão, virando a esquina, mal prestando atenção se teria algum obstáculo para desviar. Dirigiu até onde sabia que poderia ter uma paz. A casa da sua amiga de anos, Gabriela, estava sempre aberta para recebê-lo.

Assim que estacionou e desceu para tocar o interfone, o portão eletrônico já se abria para ele. Ela esperava por ele na porta de entrada, tendo o visto o estado em que o amigo se encontrava pela câmera.

— Gabi... — Gregório falou em voz baixa, como se quisesse pedir algo, mas mesmo sem completar a frase, foi abraçado fortemente por ela.

— Você tá bem? — Ela perguntava, ainda envolvendo-o com seus braços.

— Eu não avisei porque eu saí correndo de casa, me desculpa.

— Não, não precisa se desculpar, só me fala o que aconteceu. — Gabriela agora encarava-o, pegando em suas mãos.

— Você se lembra das últimas vezes que conversamos? — Inquiriu, indo para dentro da casa com ela.

— Do Otávio? — Ela indagou, vendo-o assentir com a informação. — Lembro sim... Vem, vamos tomar um chá.

— Não precisa, Gabi, eu não estou com estômago pra nada agora... — Gregório suspirou, indo com ela até o sofá. — Na verdade, eu poderia facilmente não comer mais nada, pra assim morrer mais rápido.

— Não fala isso, nem brincando! — Ela interrompeu-o, logo vendo-o franzir o cenho, parecendo segurar o choro.

— É que...

— Me diz o que aconteceu. — Ela tocou o rosto do amigo, assim que se sentaram. — Foi o Otávio, não foi?

— Foi. — Admitiu, olhando para baixo. — E dessa vez não tem mais volta.

— Eu sei que pode soar insensível, mas olha, você sabe o que eu penso dele... — Gabriela tentou pensar nas palavras para amenizar o teor do que diria. — Olha só pra você, ele te machucou! E eu sei que não foi a primeira vez! Pensa que você finalmente se libertou desse relacionamento que você também sabia que estava te fazendo mal... Tenta fazer desse alívio, um suspiro pra essa dor... Se é que é possível.

— Eu sinto mais dor do que alívio dentro de mim, eu só consigo me lembrar das últimas palavras que trocamos aos gritos e da cara que ele fez antes de levantar a mão pra mim. — Gregório tremia os lábios ao dizer, segurando a vontade de chorar. — E o pior de tudo nem foi isso, o pior foi ir pra casa e encontrar meus pais lá, eles me encheram de perguntas e quando descobriram que foi o Otávio, ficaram ainda mais alterados, foi uma gritaria horrorosa, minha cabeça estava quase explodindo... Eu só precisava fugir de lá.

— Eu te entendo. — Gabriela abriu um sorriso singelo, tentando confortá-lo. — Você pode ficar aqui quanto tempo precisar, você sabe que sempre terá um espacinho pra você aqui.

— Não pretendo ficar muito tempo, Gabi, eu só preciso relaxar a cabeça, não quero te amolar como sei que já fiz com esse assunto...

— Você sabe que nunca me atrapalha, não sabe? Fica aqui. — Ela pediu, sorrindo. — Vai ser bom pra você, dorme aqui hoje e se você estiver bem para ir embora amanhã, você vai, caso contrário, pode ficar mais.

WorkaholicWhere stories live. Discover now