No dia seguinte, Marcus saiu da escola de gladiadores e Camila ficou com o coração apertado. Suspeitava que se ficasse mais um minuto com ele, poderia voltar atrás em sua decisão. E isso não poderia acontecer.
Já passaram vários dias desde então e ela estava agora no escritório do ludus, arrumando a papelada para a sua mãe. Em breve iria apresentar-se a Abeônia, para um internato que não tinha ideia de quanto tempo duraria.
A parte boa foi que Lucille, sua amiga, apareceu e elas fizeram as pazes.
Lucille resolveu ajudar o ludus e estava patrocinando alguns gladiadores. Além disso, sua mãe conseguiu convencer o Vettius a deixar alguns gladiadores que ele herdou na escola Titanus.
A situação financeira do ludus ainda era um problema, mas agora havia uma luz no final do tunel.
Não havia mais nada que ela poderia fazer para ajudar.
Sua mãe não aceitou muito bem a sua escolha de vida. Mas só restava a ela respeitar. Também estava sendo difícil para a Camila. Uma batida da porta a fez levantar a cabeça da mesa.
— Pode entrar.
A porta foi aberta e a figura que entrou lhe tirou o folego. Era o Marcus vestindo um uniforme romano com detalhes dourados nas ombreiras e no cinto. Carregando no braço um capacete com uma crina vermelha arrepiada.
— Tem um momento, sacerdotisa?
— Claro Centurião, fique a vontade. — respondeu com um sorriso no rosto.
O peitoral de couro fervido delineava seus músculos. Havia entalhes metálicos de um centauro com um arco e flecha. Camila se levantou e contornou a mesa.
— Irei me apresentar a legião hoje, não podia ir embora sem me despedir. — disse o Marcus.
— Isso foi golpe baixo. Agora ficarei com essa imagem na minha cabeça toda vez que me lembrar de você.
Marcus avançou sobre ela a segurou pelas coxas e fez se sentar na mesa, ficando entre suas pernas. Respirou em seu pescoço com suavidade e ela sentiu suas costas arrepiarem.
— Vou sentir sua falta! — ele murmurou em seu ouvido.
— Eu também!
Acariciou seus bíceps grossos e passou a mão pelo peitoral dele, sobre a armadura. Lembrou-se da marca em "C".
— Já consigo apagar essa cicatriz com o legado de Eusculápio.
— Não quero apagar ela.
— Vão achar que você é um escravo.
— Para todos os outros, isso significará Centurião. Para mim, é a inicial da mulher que eu amo.
— Também pode ser Camila para as mulheres que se engraçarem. — disse ela num resmungo carinhoso.
Ele riu e a beijou devagar, e ela aproveitou cada segundo sem pressa. Depois, foram juntos até a entrada da propriedade e se despediram.
Cada um indo cumprir o destino que escolheu.