Capítulo 29

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   Estava descendo as escadas do ludus quando começou a chover e o Doctore ordenou para que todos fossem treinar num pátio interno. Marcus desceu por uma escada e acabou conhecendo mais uma câmara de treinos do ludus.

   Bem menor que a arena. A parede era preenchida na metade superior por tijolos vazados e outra metade por argamassa desbotada. O teto era plano e marcado em vários pontos de infiltrações bolorentas, que proporcionava mau cheiro.

   A notícia sobre o ataque ao cruzeiro ainda não tinha chegado aos escravos e o dia de treino acontecia como qualquer outro. Marcus quis que continuasse assim por mais tempo, então não abriu a boca.

   Viu Flamma treinando arduamente contra outros dois gladiadores citas, que mesmo juntos não davam conta do campeão de Napoles.

   Resolveu aquecer os músculos golpeando um poste de madeira. Estava preocupado com o que poderia ter acontecido a Camila. No calor do momento, ela deixou a afeição que sentia por ele evidente a todos.

   Deu um golpe fazendo a espada de madeira chocar-se no poste. Não poderia imaginar as consequências quando o pai dela tomasse conhecimento. Deu outro golpe ainda mais forte.

   — Quem é vivo sempre aparece! — falou Nicolas, começando a golpear o mesmo poste de madeira. Havia esquecido completamente a promessa que fizera de ajuda-lo nos treinos.

   — Então, pronto para apanhar um pouco? — disse o Marcus, tentando falar de forma despreocupada.

   — Aconteceu alguma coisa? — perguntou Nicolas.

   — Está tudo bem. Vamos nos preocupar com assuntos mais urgêntes. Já sabe o estilo de quem vai enfrentar?

   — Ainda não.

   — Vamos treinar usando os estilos mais comuns então. Até sabermos quem será a sua vítima.

   Nicolas assentiu com seriedade. Dava para perceber que ainda estava perturbado. Restavam apenas três dias para o final de semana no qual seria a sua estreia.

   Marcus ordenou que ele fosse pegar as armas que compunham o seu estilo. Que era o Grego.Ele foi até uma área onde ficavam as armas, dentro de um baú velho, e retornou com um escudo redondo largo e um bastão de madeira, que simulava uma lança.

   — Quem luta com lança e escudo precisa quebrar alguns paradigmas.

   — Não entendi — disse o Nicolas.

   — O escudo não serve apenas para bloquear, a lança não serve apenas para lutar a longa distancia. Lembre-se. Saber se defender-se é importante, mas aqueles que apenas se defendem acabam levando a pior.

   Nicolas ficou calado esperando mais explicações e Marcus continuou.

   — Eu sei que você nunca lutou numa batalha de verdade. Mas você deve saber que esses escudos servem para linhas de combate. Juntos com os escudos dos homens ao lado, ele forma uma parede intransponível.

   Marcus caminhou até uma lança jogada no chão para compor o seu estilo.

   — Na arena é um pouco diferente. Ficar se fechando não garante a sua proteção, porque o inimigo pode alcançar seus flancos com facilidade, e não terá ninguém do seu lado para te proteger.

   — A lança — Marcus apontou sua lança para o Nicolas — Deve aprender a estica-la e reduzi-la, para surpreender seu oponente.

   — Falar é fácil.

   — É fácil quando você lembrar que a sua vida depende disso — Marcus se colocou em posição de combate — Vou te atacar com o gládio direito e depois com a lança. Bloqueie o direito com o escudo e esquive do outro.

A Domina e o Centurião - COMPLETOWhere stories live. Discover now