Marcus levantou sobressaltado, porque sua cela estava sendo esmurrada. Sentiu a boca seca como algodão e precisou escorar-se na parede para absorver a tonteira da ressaca. Chaves chacoalharem do outro lado.
O sol entrou agredindo os olhos habituados ao escuro.
— Acorda, Centurião! — era o Doctore, demonstrando uma felicidade incomum — Fiquei sabendo que fez uma ótima apresentação ontem, honrou os meus ensinamentos!
Marcus esfregou os olhos.
— Me agradeça com água!
— Terá muito mais que isso, ganhou o direito a uma acomodação de luxo, me siga.
Podiam lhe oferecer seu peso em ouro, nesse momento só queria molhar a garganta. Saiu da cela e contornou o anel superior da arena. Olhou para baixo e notou que o treino já havia começado.
— Me atrasei hoje?
— Hoje é o seu dia de descanso, Centurião.
— Por que esta me chamando dessa forma?
— Alguns gladiadores são batizados pelo público, apesar de você ainda não ter se apresentado na arena, os nobres lhe apelidaram de Centurião. Esse será o seu nome agora, acostume-se.
Não será difícil, pensou. Olhando para as suas queimaduras, o nome do Flamma ficou óbvio.
Ao chegar do outro lado, Doctore parou diante de uma cela. Puxou a argola de chaves da cintura. Abriu e gesticulou para Marcus entrar.
O lugar era pelo menos três vezes maior que a cela anterior, assemelhava-se a um quarto.
Num canto, encontrava-se uma pele de animal felpudo, um tanto desgastada, careca em alguns pontos, ainda assim, com aparência bem mais convidativa que o amontado de palha que dormiu nas ultimas semanas.
Numa das paredes, havia uma bica e um copo de barro pendurado num prego. Teria até agua no quarto agora, quanto luxo.
— Posso? — Marcus apontou para a bica, sedento.
— Fique a vontade, a casa é sua.
O Centurião pegou a caneca e puxou a manivela da bica. Após alguns barulhos de ar, similares a tosses de um velho, saiu um jorro de água surpreendentemente cristalina.
Marcus bebeu duas vezes e suspirou de prazer.
Havia ate mesmo uma mesa com um pote redondo de barro com um cotoco de vela dentro.
— Eu mereço isso tudo? — disse Marcus com ironia, não percebida pelo Doctore.
— Só em você ter dado uma surra no Flamma, já merecia a liberdade, meu caro — Doctore riu das próprias palavras – Aquele idiota precisava de uma lição.
— Quem precisava de que? — Flamma apareceu na porta, com um garrafão de vinho na mão.
Doctore fechou a cara, voltando ao modo austero habitual. Jogou para o Marcus um pequeno saquinho que tilintou no ar.
— Esse é o seu pagamento. Hoje você está liberado dos treinos, pode escolher um dia nessa semana para visitar a caverna dos gladiadores — Doctore girou nos calcanhares e saiu. No caminho, puxou o garrafão de vinho da mão do Flamma.
— Se esta bem para beber, esta bem para treinar. Quero você na areia.
— Ei, eu comprei essa garrafa com as minhas moedas! — Flamma protestou e Doctore nem virou para responder.
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A Domina e o Centurião - COMPLETO
FantasyNa sociedade romana, a cultura de gladiadores chegou em outro patamar. Todo mundo agora patrocina um gladiador e resolve suas questões pessoais em combates através dos seus patrocinados. Camila é filha do dono de uma das maiores escolas de gladiador...