Capítulo 20

12 2 0
                                    

   Marcus levantou sobressaltado, porque sua cela estava sendo esmurrada. Sentiu a boca seca como algodão e precisou escorar-se na parede para absorver a tonteira da ressaca. Chaves chacoalharem do outro lado.

   O sol entrou agredindo os olhos habituados ao escuro.

   — Acorda, Centurião! — era o Doctore, demonstrando uma felicidade incomum — Fiquei sabendo que fez uma ótima apresentação ontem, honrou os meus ensinamentos!

   Marcus esfregou os olhos.

   — Me agradeça com água!

   — Terá muito mais que isso, ganhou o direito a uma acomodação de luxo, me siga.

   Podiam lhe oferecer seu peso em ouro, nesse momento só queria molhar a garganta. Saiu da cela e contornou o anel superior da arena. Olhou para baixo e notou que o treino já havia começado.

   — Me atrasei hoje?

   — Hoje é o seu dia de descanso, Centurião.

   — Por que esta me chamando dessa forma?

   — Alguns gladiadores são batizados pelo público, apesar de você ainda não ter se apresentado na arena, os nobres lhe apelidaram de Centurião. Esse será o seu nome agora, acostume-se.

   Não será difícil, pensou. Olhando para as suas queimaduras, o nome do Flamma ficou óbvio.

   Ao chegar do outro lado, Doctore parou diante de uma cela. Puxou a argola de chaves da cintura. Abriu e gesticulou para Marcus entrar.

   O lugar era pelo menos três vezes maior que a cela anterior, assemelhava-se a um quarto.

   Num canto, encontrava-se uma pele de animal felpudo, um tanto desgastada, careca em alguns pontos, ainda assim, com aparência bem mais convidativa que o amontado de palha que dormiu nas ultimas semanas.

   Numa das paredes, havia uma bica e um copo de barro pendurado num prego. Teria até agua no quarto agora, quanto luxo.

   — Posso? — Marcus apontou para a bica, sedento.

   — Fique a vontade, a casa é sua.

   O Centurião pegou a caneca e puxou a manivela da bica. Após alguns barulhos de ar, similares a tosses de um velho, saiu um jorro de água surpreendentemente cristalina.

   Marcus bebeu duas vezes e suspirou de prazer.

   Havia ate mesmo uma mesa com um pote redondo de barro com um cotoco de vela dentro.

   — Eu mereço isso tudo? — disse Marcus com ironia, não percebida pelo Doctore.

   — Só em você ter dado uma surra no Flamma, já merecia a liberdade, meu caro — Doctore riu das próprias palavras – Aquele idiota precisava de uma lição.

   — Quem precisava de que? — Flamma apareceu na porta, com um garrafão de vinho na mão.

   Doctore fechou a cara, voltando ao modo austero habitual. Jogou para o Marcus um pequeno saquinho que tilintou no ar.

   — Esse é o seu pagamento. Hoje você está liberado dos treinos, pode escolher um dia nessa semana para visitar a caverna dos gladiadores — Doctore girou nos calcanhares e saiu. No caminho, puxou o garrafão de vinho da mão do Flamma.

   — Se esta bem para beber, esta bem para treinar. Quero você na areia.

   — Ei, eu comprei essa garrafa com as minhas moedas! — Flamma protestou e Doctore nem virou para responder.

A Domina e o Centurião - COMPLETOOù les histoires vivent. Découvrez maintenant