Capítulo 11

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   No dia seguinte, Marcus estava em pé na arena do ludus, junto com os outros gladiadores, esperando o Doctore começar os treinos de combate.

   Na tarde anterior, o casal fora levado a um médico pelos guardas e Marcus fora conduzido de volta ao ludus.

   A imagem da Camila invadia a sua mente, toda hora, trazendo um aperto no peito e uma culpa estranha e inconveniente.

   Forçou-se a focar-se em no treino. Sua mão estava trêmula. O costumeiro vazio pós batalha. Quando fechava os olhos ainda podia ver o bandido pedir pela vida. O que está acontecendo comigo?

   — Olha o novato! — gritou um deles — Tremendo de medo!

   — Quando vai chegar à outra metade dele? — escarniou outro, seguido por vários risos.

   Flamma foi solicitado para lutar e Petrôneo selecionou um homem que lutava com martelo para enfrenta-lo. Finalmente saberia do que cabeludo era capaz.

   O Doctore estava deixando todos lutarem no estilo em que ficassem mais a vontade, Marcus ainda não havia escolhido o seu. Flamma pegou dois gládios de madeira.

   — Vamos deixar as coisas mais equilibradas. Varinius, em posição — falou Petrôneo.

   Um jovem corpulento se levantou, pegou um gládio de treino e um escudo de torre e ficou ao lado do gladiador do martelo. Já havia visto esses dois treinarem em outro momento. Eram homens com certa habilidade. Dois contra um, interessante.

   Marcus sentiu seus músculos vibrarem. Talvez ver uma luta dessas o abstraísse um pouco .

   O combate se desenrolou e o Flamma parecia se divertir com os outros gladiadores. Por vezes, esquivava e dava espadadas na bunda de um oponente. Todos riam.

   Os dois davam o máximo e o Flamma não tirava um risinho debochado do rosto. A movimentação das duas espadas nas mãos do campeão estava em outro nível. Ele parecia brincar com os dois objetos, não tinha um padrão ou uma lógica, as vezes uma espada parecia que ia cair e ela apenas girava e bloqueava um ataque.

   Quando quis, derrubou ambos com golpes eficiêntes. Queria enfrentar esse homem. Não num treino com armas de madeira inofensivas. E sim, com aço de verdade.

   Nesse instante, um barulho estridente e arranhado de ferrolho ecoou no local e chamou a atenção de todos.

   O lanista surgiu pelo portão e Marcus lembrou-se dele agora. Era o patrício que havia aberto a janela da carroça e vomitado nos escravos. Maldito.

   Ao se aproximar, o Doctore o saudou. O lanista apontou para o Marcus e mexeu com o dedo, chamando-o. O Centurião se aproximou.

   — Qual é o seu nome?

   Marcus ficou calado, fingindo não entender.

   — Qual é o seu nome? — perguntou novamente, num tom mais irritado e continuou sem resposta.

   O patrício o encarou, seus olhos transmitiam raiva.

   — Nem mesmo o traficante sabia a origem dele — falou o lanista para o Doctore — Isso é o que dá, deixar mulheres realizando negócios.

   — Você consegue...entender...alguma...coisa? — falou o Petroneo pausadamente, apertando com força as bochechas do Marcus com o indicador e o polegar. Sem respostas, empurrou sua cabeça pra trás com violência.

   Marcus respirou fundo e trincou os dentes, um escravo reagindo podia significar a morte, mas podia sentir o toque de Marte o instigando.

   — Coloque-o para lutar! — mandou o lanista, e o Doctore assentiu.

A Domina e o Centurião - COMPLETOWhere stories live. Discover now