Capítulo 17

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   Uma arena de pessoas foi criada em torno de um lago artificial seco. A festa se reuniu em peso para ver a estreia da filha do lanista no mundo da patronagem.

   Marcus se sentiu inquieto com tantas vozes ao redor, Camila olhava para ele com expressão tensa. Sentiu vontade de tranquiliza-la.

   As pessoas começaram a abrir passagem. Ele pode ver o seu oponente. Um homem moreno, corpulento, um pouco mais alto que ele. Carregava no braço esquerdo um escudo torre enorme.

   O Edil elevou sua voz sobre a dos convidados.

   — Boa noite amigos. — encheu as buchechas gorduchas, disfarçando um arroto — Gostaria de agradecer a todos que vieram prestigiar a festa de aniversario da minha amada esposa Amélia. Como podem ver, esvaziei o lago da minha casa para improvisar uma singela arena, onde vocês poderão se divertir fazendo os seus patrocinados lutarem. As lutas não devem ser até a morte, não queremos estragar o apetite das damas.

   Os homens da festa deram risadas e o Edil ficou um tempo tomando ar, depois continuou.

   — Então, as lutas devem ser realizadas pela regra do primeiro sangue. Assim que um patrocinado tirar uma gota de sangue do oponente, ele será considerado o vencedor. Um tipo de combate que privilegia a habilidade e atenção.

   Marcus se surpreendeu com a regra branda, os convidados ficaram nitidamente insatisfeitos.

   — A primeira luta será realizada entre duas novatas no nosso mundo de patronagem. A bela senhorita Lucille que estreou na arena no mês passado, com uma vitória esmagadora. Ela oferece o seu gladiador Raskos, um gaules que lutará no estilo murmilo. A senhorita Camila, estreia hoje com o seu gladiador Marcus, um ex-Centurião de Roma — muita gente pareceu espantada em saber que havia um legionário como gladiador.

   — Centurião! Centurião! – começaram a gritar logo em seguida, mostrando a predileção do público.

   Marcus não sabia se eles gritavam com o intuito de humilha-lo, ou se sentiam algum tipo de representatividade, ao ter um legionário romano como gladiador.

   O Edil fez um gesto para um escravo magricela. O escravo entrou e entregou ao Marcus as suas armas, duas lanças encurtadas. Em seguida, correu para trás de uma pilastra e retornou apenas com uma espada para o Raskos. O gaulês já estava com o seu escudo torre.

   Depois de um estalo de palmas tosco do Edil, a luta começou.

   Marcus se pôs em posição de combate, projetando uma lança com o braço esquerdo, e erguendo a outra, na altura do ombro, segurando na metade da extensão.

   Raskos andou devagar, rodeando a arena improvisada. Marcus não quis saber dessa dança.

   Lançou-se e desferiu dois golpes sequencias com as duas armas, explodindo duas estocadas cadenciadas, tendenciando a força pra direita.

   Apesar do avanço intempestivo, o Centurião estava atento ao modo de lutar do gaulês, procurando brechas em sua postura.

   Sem ser atacado, o Centurião repetiu o mesmo movimento. Estourou dois golpes cadenciados na mesma direção que os golpes anteriores.

   Ouviu dizer que esse gladiador quase perdeu a última luta por ter deixado seu escudo ser destruído. Não acreditava que isso se repetiria, conhecia bem de escudos e esse não o tipo que se quebrava facilmente, e, principalmente, porque era quase impossível estraçalhar um escudo com duas lanças.

   Não seria por falta de tentativa. Mais uma investida de golpes cadenciados pesados na mesma direção, dessa vez, Raskos tentou sair do casulo e arremeteu sua espada após a defesa.

A Domina e o Centurião - COMPLETOWhere stories live. Discover now