Capítulo 25

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   Camila saiu do quarto sem nem mesmo olhar para o Marcus, que a aguardava na varanda.Desceu as escadas e soube que ele a seguia porque ouviu os passos pesados nosdegraus de madeira.

   Estava frio e escuro, sendo impossível ver agora a orla de Nápoles. A ausência do barulho das gaivotas proporcionou um silencio quebrado apenas pela movimentação das águas.

   Prometera a si mesma que apagaria da mente o que tinha ocorrido. Precisava esquecer que ele estava a alguns metros. Ao seu alcance.

   Foi um erro traze-lo nesse cruzeiro. Foi um erro querer apenas se divertir com ele.

   Assim que pudesse, lhe daria a liberdade, quebraria o cristal. Ele não estaria mais influenciado pela submissão, não se importaria mais tanto com ela, estaria livre para viver a sua vida e ela começaria a dela, ao lado do Tibérius. Porém, não conseguia aceitar de uma vez o pedido de casamento.

   Depois de contornar o navio, começaram a aproximar-se de um burburinho de conversas. Vários nobres passavam pela entrada em arco que dava ao interior do cruzeiro.

   Notou o Tiberius em pé, próximo a mesma mesa que eles estavam quando chegaram. Ao lado dele, encontrava-se o gladiador negro, com um olho inchado.

   — Finalmente! — saudou o Tibérius, demonstrando felicidade — Achei que tinha resolvido dormir cedo.

   — Não hoje! — ela forçou um sorriso — Então, vamos ver o que tem lá dentro?

   — Vamos! — ele deu o braço para ela e foi inevitável pensar no Marcus atrás olhando. Seguiram em frente.

   — Olha quem eu vejo aqui! — a voz rachada do Vettius os encontrou de repente. Tiberius pareceu tomar um susto.

   Ele apareceu do lado da Camila, com a alegria própria de quem bebera mais do que deveria.

   — Fico muito feliz em ve-los! — disse o Vettius, embolando algumas silabas.

   — Fica? — perguntou o Tiberius.

   O Vettius passou o braço atrás do pescoço dele, num abraço desajeitado — Sua felicidade é a minha, meu amigo. — depois disso aproximou a cabeça ao ouvido do Tiberius, e falhou em falar algo baixo — Vai com tudo, já estou em outra.

   Tibérius deu uma risada sem graça, olhando de soslaio pra Camila.

   — Meu pai esta lá dentro num camarote, querem sentar conosco?

   A ponta da língua dela já estava no céu da boca, pronta para o "não", mas Tiberius aceitou o convite antes dela responder.

   — Claro, será um prazer, meu amigo.

   Ela olhou feio pra ele e ele murmurou.

   — Depois a gente foge!

   Respirou fundo e cruzou a entrada para o interior da embarcação.

   Um incomodo remexia dentro do seu peito, um desconforto de quando sabia-se que estava fazendo algo errado, mas continuava fazendo assim mesmo.

   O corredor deu numa escada de ângulo alto, de modo que quando terminou de subir, Camila estava arfando de cansaço.

   A despeito do frio do lado de fora, o calor da área interna a cobriu como uma manta grossa, estava agradável. O local consistia numa arquibancada de frente para um campo retangular coberto por areia e uma torre pontiaguda marcando o centro.

   Havia quatro espaços de luxo acima das arquibancadas e Vettius os conduziu para um deles, que ficava mais para o meio. Subir com o vestido fora um desafio. Tibérius segurou sua mão e foi na frente para ajuda-la.

A Domina e o Centurião - COMPLETOWhere stories live. Discover now