Capítulo 23

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   O General pareceu satisfeito com a conversa e foi embora.

   Marcus sentiu o estigma de traidor lhe atormentar novamente. Lembrou imediatamente do seu amigo Heracles e a sua mulher Sônia.

   Nunca esquecera o olhar de ódio dela, quando se encontraram na via Apia, tantos anos atrás.

   Os guardas que vieram com eles estavam nos quartos com prostitutas. Flamma estava ocupado, fazendo fosse lá o que fosse, em algum lugar da Taverna.

   Ainda restavam algumas moedas da sua recompensa, o suficiente para ficar um tempo com alguma dama. E os deuses sabiam como ele precisava disso.

   Viu uma bela loira, seios perfeitos, pressionados um no outro de modo provocativo, sobre um vestido também provativo. Ela o encarava com um sorriso malicioso.

   Quase levantou para ir nela, lembrou-se do momento que chegou à taverna. Havia algo naquela mulher de manto branco e espada dourada. Teve uma vontade súbita de se encontrar com ela. Mas teria que sair e isso seria arriscado.

   Olhou novamente para o quarto onde estava a loira e ficou ponderando.

   Bem, em breve poderei vir aqui novamente. Saiu da taverna em silêncio.

   Não teve vontade de olhar para trás. Alguma coisa estava lhe chamando por aquele caminho.

   Estando de volta ao túnel, a frente estava a área ampla que daria na arena. O local pelo qual passaria quando chegasse o momento da sua primeira luta.

   Aproximando-se um pouco, viu um caminho a direita. Por onde a mulher de branco provavelmente tinha ido.

   Antes de virar nessa direção, um grupo de nobres com togas finas cruzou por ele, vindo da arena. Marcus apenas assentiu cordialmente e eles repetiram o gesto.

   Agradeceu internamente por estar mais bem vestido. Se o identificassem como um escravo, sua aventura acabaria ali mesmo.

   Entrou no caminho a direita e andou por ele por alguns minutos. Então, havia diversos outras passagens e bifurcações. O risco da espada da mulher na terra batida ainda era visível e Marcus seguiu o rastro.

   Apressou o passo, lembrando que não podia demorar muito.

   Teve mais uma curva acentuada, e, ao virar, se deparou com uma estatua moldada em pedra bruta. Tratava-se de uma mulher, cujo rosto assustava de tão detalhado.

   Parecia que uma pessoa olhou para a medusa e ficou eternamente petrificada.

   Aos pés dela, havia diversas oferendas. Potes de barros com flores, pergaminhos e, uma espada dourada em suas mãos.

   Era um templo secreto de alguma deusa que ele não fazia ideia quem era. Sentiu-se bem olhando para ela.

   — O que está fazendo aqui? — sua alma quase saiu do corpo quando uma voz retumbou atrás.

   Ao se virar, notou um velho com uma toga cinza, lembrava os sacerdotes do templo de Nápoles, porém, com roupas mais modestas e nenhum ouro pendurado no corpo.

   — Vi uma mulher entrando aqui. Não podia imaginar que era um templo. Não queria invadir um local sagrado.

   — Se está em busca de uma mulher, entrou no caminho errado, rapaz. A caverna dos gladiadores fica um pouco a frente.

   — Deve ter sido uma alucinação, me desculpe, estou de saída — quando ele se virou para voltar de onde veio, o velho falou.

   — Como era a mulher que você viu em sua alucinação?

A Domina e o Centurião - COMPLETOWhere stories live. Discover now