Capítulo 12

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   Deixando o escritório do pai para trás, Camila foi em direção ao ludus. Aprendeu a apreciar o frescor dessa passagem antes de chegar a grande lupa que era a região arena.

   Passando pela entrada do salão de eventos, lembrou-se de procurar a mãe para devolver a mascara dourada que havia encontrado.

   Havia na entrada duas cortinas de seda roxa, Camila pôs o rosto entre elas para ver lá dentro.

   Sua mãe não estava. Escravas domésticas apressadamente trabalhavam na arrumação de uma mesa de comida. Ficou impressionada com o luxo daquela decoração.

   No meio do salão, o pequeno lago estava repleto de pétalas de rosas, as colunas destacavam-se envolvidas com tecidos vermelhos brilhosos e boa parte do chão continham confortáveis carpetes de pelos.

   Decidiu continuar seu caminho pelo corredor. Sua mãe se dedicava de corpo e alma a sua deusa predileta. Pena que não havia feito o mesmo.

   Tinha certa curiosidade sobre essa reunião que já acontecia há alguns anos. Certa vez, perguntou ao pai sobre esse culto e descobriu que nem mesmo ele sabia direito como funcionava. Nessas noites, ele costumava sair de casa para se encontrar com amigos.

   Chegando a arena, viu pelo parapeito os gladiadores treinando lá embaixo. Ficou um tempo procurando pelo Marcus, não o encontrou junto aos outros.

   Um guarda estava plantado ali perto, tal qual uma estatua. Camila ia perguntar onde ficava a cela do seu escravo, mas ouviu uma voz familiar vindo das escadarias.

   — Senhorita!

   O Petrônio se aproximou com um semblante preocupado.

   — O que fizeram com você, pequena?

   — Isso aqui? — Camila fingiu indiferença ao machucado — Ah, não é nada! Tentaram mexer com uma filha de lanista, os bandidos levaram a pior.

   Petrôneo bufou com raiva.

   — Malditos! Se eu tivesse lá, eles não teriam lhe tocado.

   Camila entendeu que a raiva dele era genuína, e pôs a mão em seu braço.

   — Esta tudo bem! Não precisa se preocupar, foi apenas um susto.

   — Mas...— Quando ele ia reclamar algo, Camila o interrompeu.

   — Vim ver o meu patrocinado, onde posso encontra-lo?

   — Está na cela.

   — Não está no horário dos treinos?

   — Para ele, não hoje. Está ferido.

   Camila não entendeu a principio. O homem nem tinha sido tocado pelos bandidos, então, a visão do pai limpando a adaga lhe invadiu a mente num lampejo.

   — Meu pai puniu ele?

   Petrôneo assentiu.

   — Ele foi punido sim. Mas está bem agora. Só precisa repousar um pouco.

   — Quero ver ele.

   — Acho melhor deixar para outro momento.

   — Não. Quero ver ele agora! — exigiu a Camila.

   O Doctore suspirou.

   — Tudo bem, venha comigo. Mas eu vou junto.

   Camila não reclamou. De qualquer modo, seu pai queria que ela estivesse com dois guardas, a presença do Petrôneo não atrapalharia.

A Domina e o Centurião - COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora