Capítulo 36

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   Ao anoitecer, Marcus deixou a Camila em seu quarto e foi em direção ao ludus. Sob o pretexto de respeitar a casa da sua mãe, que não aprovava quando ele dormia no quarto dela.

   Quase não havia guardas na propriedade e os gladiadores remanescentes não eram mais trancados.

   O Centurião vestiu-se com uma cota de malha usada pelas guardas, que achara no ludus e pegou dois gládios. Seria suspeito demais andar pela rua com uma lança. As espadas eram facilmente ocultáveis dentro de um manto de lã grosso.

   Encontrou com quatro pessoas vestidas de forma semelhante, todas com túnicas de lã com capuz, ou com mantos ocultando o rosto.

   Apenas assentiu e se dirigiu para fora. Todos já estavam cientes do que ia acontecer.

   Marcus respirou o ar gelado da noite e andou pelas ruas de Napoles. Estavam ali, Doctore, Flamma, Nicolas e uma mulher que ele ainda não sabia quem era.

   Havia pedido o Doctore que recrutasse uma pessoa da altura da Camila, mas estava com duvida se alguém aceitaria entrar nessa missão suicida.

   — Quem é ela? — murmurou Marcus ao lado do Petrôneo.

   — Panda, uma escrava que considera a senhorita Camila uma irmã — respondeu o Doctore — Então, teremos ajuda nessa noite?

   — Eu não sei — respondeu Marcus, sincero.

   Nessa hora, havia pouquíssimo movimento na rua. Apenas as tavernas ficavam abertas e vira e mexe, cruzavam com um bêbado. Por vezes, alguma mulher brotava de uma sacada com um decote expositivo, apontando para uma entrada suja.

   Marcus achava que ninguém de bem se aventurava na rua nesse horário. Sabia que a cada beco podiam se deparar com algum bandido querendo aproveitar a escuridão para ocultar intenções cruéis. Teria pena de alguém que tentasse a sorte contra esse grupo.

   Passaram pela área da feira, não havia uma alma viva ali. Mas o lixo em todo canto indicava a passagem humana. Tampou o nariz por causa do mal cheiro de fruta e carne podre, descartadas pelo chão.

   Estava ansioso para sair da cidade. Quando era militar, apesar de não sentir-se bem com as missões que cumpria, pelo menos passava grande parte do tempo trafegando por campinas, florestas e morros.

   Após um bom tempo de caminhada, chegaram na área da orla. Havia marcado um encontro com o General na estrada, em frente a areia da praia, nas cercanias do píer.

   Do lado direito, via-se o mar aberto obscurecido, no esquerdo, mato alto.

   Estava próximo da onde havia chegado, quando saiu do cruzeiro a nado e fora recepcionado pela Camila. Onde todos a viram beija-lo e, por causa disso, destruíam sua reputação.

   Ela é uma mulher muito forte, vai passar por essa.

   Antes ele achava que deveria preencher o vazio da sua vida se tornando o guerreiro perfeito, agora, queria ficar apenas ao lado da mulher que amava.

   O mínimo que podia fazer era lutar pela sua honra. Fosse o que fosse que iria acontecer ali, sabia que era justo e a deusa da guerra e da justiça estaria ao seu lado.

   Ficaram apenas os cinco indivíduos ali, parados na estrada. O local foi escolhido em razão da iluminação. Havia a luz vinda do píer próximo, assim como dois postes com lanternas a óleo, que os pescadores locais mantinham acesas.

   Era uma desculpa perfeita. A Camila estaria tão desesperada em sair da cidade que destruira sua reputação, que marcara um encontro na calada da noite, próximo ao píer, onde facilmente poderia encontrar um barco e ir embora.

A Domina e o Centurião - COMPLETOحيث تعيش القصص. اكتشف الآن