Capítulo 10

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   O sacerdote explicara a Camila que de agora em diante o gladiador seria compelido a obedecer a qualquer ordem que ela desse e não faria diferença se ele não entendesse a língua. Os comandos sempre funcionariam.

   Ela só precisaria manter junto ao corpo um colar com uma pedra preciosa vermelha, onde o sacerdote pingara uma gota de sangue do gladiador.

   Orientara também a dar ordens especificas logo de cara. Coisas como: Sempre me proteja. Nunca me ataque. Minha vida sempre é mais importante que a sua. Nunca tente fugir.

   Camila não teve coragem de dar tais ordens de imediato. Não depois do que o homem havia passado. Resolveu deixar isso para depois.

   Tiberius realmente fora à escola de gladiadores, como sua mãe dissera. Seu objetivo era comprar um gladiador novo, já que o Golias fora morto na arena no último domingo.

   Ele aproveitara a presença do sacerdote para já realizar também o ritual de submissão do seu novo gladiador. Camila não quis testemunhar dessa vez.

   Logo em seguida, ele a convidara a um passeio.

   Estavam agora indo em direção a praça da cidade. Seu pai ordenou que ela levasse o seu novo patrocinado, mesmo machucado, segundo o lanista, para já ir se acostumando.

   O novo patrocinado do Tiberius também fora junto, tratava-se de um samnita alto e magro, branco e cheio de sardas. Tiberius comentou que o escolhera por causa do alcance dos seus braços. De fato eram bem longos.

   Dois guardas do ludus completara o grupo.

   Passavam agora pela estrada principal de Napoles. Uma rua pavimentada que cruzava a cidade de ponta a ponta. Camila olhou para o Tibérius, estava calado, vestindo uma túnica branca e vermelha de panos largos, com o braço direito a mostra.

   — Os dias em Roma lhe deixaram tímido? — perguntou Camila.

   — Não — ele deu um sorriso — Estava pensando no Vetius.

   — Por que? — Camila já imaginava onde esse assunto iria dar.

   — Ele me pediu para ficar longe de você.

   — Por isso você não veio mais falar comigo na festa?

   — Sim — respondeu o Tiberius, meio sem jeito.

   — Eu não tenho nada com ele e nunca tive.

   — Eu sei disso. Mas, ele se diz apaixonado.

   — Você sabe como é o Vetius. Amanhã ele vai cruzar com alguma dama mais bonita que eu e vai se apaixonar novamente.

   — Acho difícil. Não nessa cidade.

   Camila enrusbesceu.

   — Quer dizer que em Roma você andou cruzando com moças mais bonitas? — comentou a Camila, tentando disfarçar o embaraço.

   — Uma ou duas — ele virou dando uma risada e ela riu junto.

   Eles cruzaram por uma barraquinha de doces e Tiberius pediu para ela esperar. Ele atravessou a rua e voltou com um saquinho de papel na mão. Tirou de dentro um doce redondo que brilhava em caramelo.

   — Já comeu esse?

   — Nunca — mentiu, cansava de comprar essa guloseima com a Lucille.

   — Fecha os olhos!

   Ela deu uma mordiscada e abriu um sorriso.

   — Ahh Tibeeerius...

A Domina e o Centurião - COMPLETOWhere stories live. Discover now