Capítulo 38

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   Havia passado uma semana da morte da Panda. Uma semana que Marcus não via a Camila. Ela não o procurou mais no ludus e ele tentou chama-la em sua casa, mas sua mãe mandou um recado dizendo que a Camila não queria recebe-lo.

   Nesse mesmo dia, Ilithya lhe entregou o documento da sua propriedade e uma rudis, uma pequena espada de madeira que mais parecia uma faca. Servia como o atestado de um gladiador que ganhara a liberdade.

   Marcus ficou sem chão. Depois de tudo que havia passado, ter a liberdade sem ela, quase não fazia sentido. Saber que ela não o queria por perto fora o pior sentimento que sentira em anos.

   Mas, resolveu respeitar e esperar.

   Doctore o inscreveu numa luta na arena. Venceu com facilidade. Precisava ganhar moedas para pagar sua estadia e ter algo para recomeçar. Não era isso que ele queria fazer em sua vida, no entanto, ser gladiador era o seu único ofício no momento.

   Um mandatário passou no ludus e lhe deixou uma mensagem.

   Era do Octavio, o sacerdote que conhecera no pequeno templo de Minerva. O convidava para uma visita ao templo nessa tarde. Dizia que havia uma pessoa que gostaria de conhecer o Marcus.

   Sentia gratidão por esse sacerdote. Minerva fazia grande sentido em sua vida agora. Cada vez mais sentia que a influencia de Marte lhe deixava, como uma mancha negra que diminuía a cada lavagem.

   Apesar do problema com o General ter acabado, carregava uma culpa enorme no coração por causa da Panda.

   Não havia momento melhor para estar na presença da deusa e tentar aliviar esse fardo.

   Cruzou toda a caverna sozinho dessa vez. Levou na cintura a rudis e nas costas um gládio de verdade.

   Passou em frente a Caverna dos Gladiadores e ouviu a movimentação lá dentro. Passou direto e foi em direção a curva acentuada. Dessa vez fez o caminho até o templo escondido de forma natural. Virando nas direções corretas, guiando-se pela presença de Minerva.

   Então chegou no espaço onde ficava a estatua da Minerva.

   O local estava igual como da última vez. A bela estatua continuava ali, com um olhar sereno que parecia buscar a paz, em contraste da longa espada dourada apontada pra baixo.

   Ajoelhou-se em frente aos pés dela e começou a rezar mentalmente. Depois de um tempo, chegou um homem que se ajoelhou ao seu lado e o acompanhou na oração silenciosa.

   A sua armadura de legionário era especifica de alguém de alta hierarquia, mas tinha detalhes dourados que nunca vira, de modo que Marcus não conseguiu decifrar a patente.

   Era um homem de meia idade, cabelos negros penteados para trás e barba um pouco grisalha.

   — Vi a sua ultima luta na arena. Venceu com tanta facilidade que quase não teve graça de assistir.

   — Desculpe estragar o seu entretenimento. — disse o Marcus, com um sorriso.

   — Me falaram que a sua luta anterior foi bem mais empolgante. Estou na presença do homem que venceu o Degolador. — falou com admiração. Marcus não soube se era verdadeira ou fingida. — Dizem que você é o novo campeão de Napoles.

   — As pessoas falam demais. — disse o Marcus. — Existe alguém melhor que eu aqui.

   — Eu sei que falam — o homem levantou-se e jogou uma moeda em um frasco atrás da estatua. Marcus não sabia que aquilo estava ali. Também fez uma oferenda.

A Domina e o Centurião - COMPLETOWhere stories live. Discover now