Capítulo 31

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   — Não podemos entregar a luta, vão matar a gente. — disse o Nicolas.

   — Tente evitar ferimentos mortais, ele prometeu dar a misericórdia no final.

   — E você confia nele?

   — Não! — Nesse instante um guarda arrastou um portão de madeira para o lado. Uma corrente de vento e luz entrou, ofuscando-os.

   — Estamos saindo contra o sol. Mude de posição assim que puder — Orientou Marcus, mas a situação fazia tudo perder o sentido.

   A arena era gigantesca e parecia tremer com a vibração do povo. As centenas de olhos pareciam pesar sobre suas costas.

   O sol pulsava, a areia estava morna e suas entranhas geladas. Era normal sentir medo antes de uma batalha. O medo e o ódio eram duas ferramentas muito úteis quando se quer acertar alguém com um pedaço de aço e evitar ser acertado.

   Olhou ao redor. Tinha esperança de encontrar a Camila na arquibancada e descobrir que tudo não passava de um blefe cretino. Ela não estava lá.

   O povo explodiu em gritos e urros. Os seus oponentes já os aguardavam do outro lado da arena.

   Um deles portava uma espada curva e um escudo redondo pequeno. Tinha um cabelo trançado e pele negra. Seu corpo repleto de cicatrizes era um atestado de quem já vivera muitas batalhas.

   O Outro, era o Degolador. Sua altura era pelo menos uma cabeça a mais que o Nicolas, que era bem alto. O Degolador segurava um gladio em cada mão e ostentava uma risada honesta de uma criança que acabara de ganhar um brinquedo novo.

   As alterações físicas eram evidentes no monstro. Olhos de felino, bolas de músculos não naturais, nariz grande e porcino, pele coriácea albina. Altura desproporcional.

   — Como a vida é estranha. Há algum tempo, eu seria uma dessas pessoas na plateia. Vibrando pela promessa de sangue e vísceras. Agora, são as minhas entranhas que estão em jogo. — falou o Nicolas.

   — Tente mante-las dentro do corpo — comentou Marcus.

   Por um lado sentia Marte o empurrava para uma batalha épica. A batalha que sempre quis. Por outro, Minerva lhe continha, pois sabia que a luta não representava a verdadeira vitória.

   Nicolas foi caminhando na frente, posicionando seu escudo longo, como havia planejado. Marcus seguia atrás.

   Os inimigos não tiveram essa mesma coordenação. O degolador tomou a dianteira, movendo-se feito um animal selvagem, cuja brutalidade não permitia a aproximação de outros, mesmo que do mesmo bando.

   O gladiador das tranças começou a dar a volta na arena.

   — Vai girando para direita devagar, para termos os dois em nosso campo de visão.

   Ótimo, saímos da direção do sol. De frente vinha o gladiador das tranças, da direita o Degolador.

   — Deixe o Degolador comigo e tente derrotar o das tranças!

   Sua mente trabalhava procurando alternativas. Eles tinham que acreditar na misericórdia do juiz. Para isso, precisavam conquistar o público com uma grande luta, e também, tinha esse monstro...

   Algo em seus olhos famintos lhe dizia que o pagão não iria dar espaço a decisões misericordiosas. Precisava mata-lo primeiro e depois ser derrotado pelo de tranças. Era a melhor chance para eles e para a Camila.

   — Fique na defensiva, irmão! — disse o Marcus a Nicolas, antes de virar e partir para cima do Degolador.

   No inicio, avançou devagar, ao se aproximar um pouco, tomou um impulso projetando a lamina para frente, mirando o rosto do gigante, que esquivou na ultima hora, assustado com a velocidade do Marcus.

A Domina e o Centurião - COMPLETOWhere stories live. Discover now