Capítulo 24

16 2 0
                                    

   O cruzeiro era tão grande que fora construído em alto mar e não era possível embarcar através do porto de Napoles. Camila foi levada num barco a vela ao lado do Tibérius.

   O filho do Edil estava belo como sempre, esperava terminar esse passeio reatando o relacionamento com ele.

   Marcus encontrava-se alguns metros atrás, junto com o novo gladiador patrocinado do Tibérius.

   Por vezes, não aguentava e olhava diretamente para o Centurião, sempre sério e atento. Gostaria de saber o que ele estava pensando. Daqui a uma semana, quando lhe desse a liberdade, não iria mais te-lo tão próximo. Um clima de despedida pairava desagradável no ar.

   Há dois dias, ela entrou na cela dele e matou a vontade de te-lo pelo menos uma vez. Não queria casar e passar a vida com o sentimento de "como seria" na cabeça.

   Se os homens podiam experimentar aventuras antes do casamento, ela também poderia. Não faria como as mulheres que frequentavam o culto da sua mãe, escravas de desejos não realizados.

   No entanto. Será que é saudável querer uma segunda? Terceira e quarta vez também.

   — Somos privilegiados! — falou o Tibérius.

   — O que disse? — perguntou Camila, tirada dos seus pensamentos.

   — Disse que somos privilegiados — falou ele enquanto o barco a vela se aproximava do cruzeiro — Iremos usufruir de um barco construído para o imperador.

   — É mesmo! — o vento repentino jogou o cabelo da Camila para o ar e ela soltou um sorriso absorto. O barco a sua frente era gigantesco. Um quadrado flutuante, que parecia conter um castelo sobre ele. Imaginava a quantidade de escravos necessários para locomover esse monstro.

   Eles atracaram direto numa escada. Notou que o navio estava espremido no meio de dois deques, de modo que os convidados chegavam de ambos os lados.

   Alguns escravos ajudaram ela a descer pela murada do navio. Toda a região lateral por onde chegaram, era preenchida por cômodos, semelhante a casas coladas. Cada aposento tinha uma escada de três ou quatro degraus e uma varandinha. Uma miniatura de uma vila nobre.

   Dali, Camila conseguia ver o diminuto porto de Nápoles na orla distante. Um grasnar de gaivota chamou sua atenção ao céu. Várias delas amontoavam-se acima, voando ao redor do cruzeiro.

   Tiberius deu o braço para ela e eles contornaram o navio como um casal. Marcus vinha atrás com o um blusão de lã que dava uma aparência rustica ao legionário.

   O outro lado do navio era similar, mas tinha bem mais movimentação. Havia empregados transitando as pressas, tão bem vestidos que não era possível diferenciar quais eram escravos ou trabalhadores livres.

   Uma linha de mesas e cadeiras estava emparelhada a beira do navio, algumas já ocupadas por nobres da cidade.

   No meio das construções, havia uma larga entrada em arco para o interior do cruzeiro. Uma grande quantidade de empregados entrava e saia lá de dentro. Camila ficou curiosa para saber o que acontecia lá.

   — Vamos sentar um pouco? — perguntou Tiberius, apontando para um conjunto de cadeiras vazias, Camila assentiu.

   A visão agora era do mar aberto. Por vezes, um vento mais forte trazia uma onda mais gorda e fazia tudo balançar.

   Notou que um pouco a frente, havia uma fileira de embarcações amarradas na lateral do cruzeiro. Se o cruzeiro afundasse, já sabia para onde correr, pensou.

A Domina e o Centurião - COMPLETOUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum