Capítulo 7

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   Domingo. Camila estava na arena, num dos tablados mais baixos, onde a visão era privilegiada. A plebe estava exultante em seus assentos elevados e distantes. Apesar disso, a Camila achava que a visão aérea devia ter lá o seu valor.

   Precisava dar o braço a torcer, a arena era fascinante. O local era pelo menos cinco vezes maior que a arena da escola de gladiadores do seu pai e o fato de estar lotada de pessoas, aos urros e berros, era contagiante.

   Seu pai será o narrador, estava em pé no tablado principal, pronto para os primeiros anúncios. Além dele, encontra-se lá o Edil, o Tibérius e algum outro nobre desconhecido pra ela. Infelizmente, não pode ficar com eles.

   — Demorei muito? — surgiu ao seu lado a Lucille, que sentou numa cadeira.

   — Ainda não aconteceu nada — respondeu, feliz pela companhia ter finalmente chegado — Você já veio à arena alguma vez?

   — Nunca! — respondeu a Lucille, animada — Incrível né?

   A amiga estava mais bonita e radiante que o normal. Produziu-se para o evento como se fosse o casamento de algum patrício. Quando ia elogia-la, o barulho de tambores cortou a sua atenção.

   Um trompete fez o povo calar-se e o seu pai começou os pronunciamentos.

   — Cidadãos de Nápoles! — gritou Lucios, a plenos pulmões.

   — É com um grande prazer que eu, Lucios Titanus, lanista da casa Titanus, serei o apresentador dos jogos de hoje!

   O povo urrou selvagemente.

   — Quem promove os jogos é o honrado Edil, Tulios Galeso e o seu filho, Tibérius Galeso.

   Pai e filho se levantaram e acenaram para a plateia.

   — Fomos presenteados com dois confrontos de estreantes, que ocorrerá pela regra do primeiro sangue derramado e uma luta principal que pode ir até a morte. Vocês decidirão.

   As pessoas bateram os pés na arquibancada e seu pai continuou.

   — Na principal, teremos o campeão do Tibérius. Golias já se consagrou com quatro vitórias no coliseu de Roma! Ele enfrentará, nada mais e nada menos, que o campeão da cidade de Cápua. O Degolador!

   O nome era pouco amistoso, devia ser uma celebridade, a julgar pela reação barulhenta do povo.

   — Por honra e gloria! — gritou o lanista.

   Camila ouviu certa vez do pai, que a maioria da plebe não conseguia ouvir os anúncios das arquibancadas superiores. Eles eram guiados por palavras chaves. Honra e Glória, eram quase sinônimos de "gritem, tá quase começando".

   E pelo que ela pode perceber, também significava, "mostrem os peitos".

   O trompete teve que manifestar-se para o povo voltar a proporcionar um silêncio razoável. Lucille segurava um sorriso a ponto de quase explodir.

   — O que foi menina! Esta vendo Júpiter em pessoa?

   — É agora! — respondeu, com misteriosos risinhos.

   — Entrando pelo portão leste, de uma patrona estreante na arena, Lucille Gastos! Patrocinando o novato Raskos, um gaulês no estilo murmilo!

   O povo aplaudiu de forma contida. Lucille comemorou como se estivesse disputando o título.

   — hm, patrona — falou a Camila, com um espanto carinhoso. Apesar de não gostar da ideia de patrocinar um gladiador, tinha que admitir, o clima estava empolgante.

A Domina e o Centurião - COMPLETOWhere stories live. Discover now