Capítulo 34

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   Um vaso estourando na parede do átrio da casa, foi a resposta da Ilithya quando a Camila lhe contou o que o General lhe disse.

   — Que os deuses joguem uma maldição na vida desse desgraçado.

   Camila compartilhava dessa mesma indignação. A princípio tinha decidido não contar nada, mas percebeu que não conseguiria.

   — Vamos matar esse maldito! — Sua mãe deu um soco com o lado do punho e dessa vez foi o espelho oval que sofreu as consequências, ganhando rachaduras em toda sua extensão.

   Camila ficou olhando para baixo, ouvindo a ira da sua mãe. Sentia-se da mesma forma. Não poder levar justiça ao assassino do seu pai era mais frustrante que perder tudo e ficar pobre.

   Notou gotas de sangue pintarem o piso.

   — Você se feriu mãe — Camila correu na direção a ela, que estava segurando a mão direita molhada de sangue.

   Enquanto analisava o corte, Ilithya trincava os dentes de raiva e sofrimento.

   Camila aninhou a mão dela entre as suas e concentou-se no ponto machucado. Nessa altura ela nem precisava realizar rezas mentais para usar sua capacidade de cura.

   Uma luz esverdeada brilhou por meio segundo e a apenas a sujeira de sangue lembrava que houve alguma ferida ali.

   Ilithya massageou a pele curada com o polegar da outra mão e passou uma mão na outra.

   — Não sabia que você ainda conseguia fazer isso.

   — Eu tinha perdido o dom, mas recuperei recentemente.

   Então, os olhos da Ilithya se dilataram, demonstrando a expressão própria de quando tinha uma ideia.

   — Veja Camila. Ainda temos uma chance de resolver nossos problemas. Temos os dois melhores gladiadores de Napoles. Com a sua habilidade de cura, podemos coloca-los para lutar em curtos espaços de tempo. Mesmo que seja nas arenas clandestinas.

   — Não posso fazer isso, mãe — disse a Camila, desanimada por não querer contraria-la nesse momento.

   — Por que não?

   — Não posso usar o poder de Euculápio para um proposito tão mesquinho. Eles são pessoas mãe, não galos de briga.

   — Então, estamos falidas mesmo.

   Camila notou que o Marcus estava na porta. Tinha combinado de ir na cidade com ele nessa tarde.

   — Vou sair mãe. Tente descansar, vamos dar um jeito. Você tem muitas joias, talvez se penhorar as suas e as minhas.

   Sua mãe balançou a cabeça, olhando feio pro Marcus.

   — Você se envolveu demais com esse homem. Ele não pode te dar um futuro, Camila.

   Camila bufou, porém não falou nada. Não era o momento apropriado para discutir suas escolhas amorosas. Já na porta de casa, Marcus perguntou.

   — Onde vamos, minha domina?

   Ela virou-se rindo e enlaçou o pescoço dele com os braços e lhe deu um beijo.

   — Você já fala isso para me provocar né?

   — Sempre — ele riu de volta, depois ficou o rosto um pouco mais sério. — Sua mãe tem razão. Eu e o Flamma podemos levantar uma boa quantia, se lutarmos com frequência.

   — Não posso permitir isso.

   — O Flamma provavelmente gostaria de uma briga. E a batalha corre em meu sangue. Você não estaria fazendo nada de errado.

A Domina e o Centurião - COMPLETOWhere stories live. Discover now