A Domina e o Centurião - COMP...

Por luclycan

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Na sociedade romana, a cultura de gladiadores chegou em outro patamar. Todo mundo agora patrocina um gladiado... Mais

Capítulo 1 - Parte 1
Capítulo 1 - Parte 2
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39

Capítulo 36

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Por luclycan

   Ao anoitecer, Marcus deixou a Camila em seu quarto e foi em direção ao ludus. Sob o pretexto de respeitar a casa da sua mãe, que não aprovava quando ele dormia no quarto dela.

   Quase não havia guardas na propriedade e os gladiadores remanescentes não eram mais trancados.

   O Centurião vestiu-se com uma cota de malha usada pelas guardas, que achara no ludus e pegou dois gládios. Seria suspeito demais andar pela rua com uma lança. As espadas eram facilmente ocultáveis dentro de um manto de lã grosso.

   Encontrou com quatro pessoas vestidas de forma semelhante, todas com túnicas de lã com capuz, ou com mantos ocultando o rosto.

   Apenas assentiu e se dirigiu para fora. Todos já estavam cientes do que ia acontecer.

   Marcus respirou o ar gelado da noite e andou pelas ruas de Napoles. Estavam ali, Doctore, Flamma, Nicolas e uma mulher que ele ainda não sabia quem era.

   Havia pedido o Doctore que recrutasse uma pessoa da altura da Camila, mas estava com duvida se alguém aceitaria entrar nessa missão suicida.

   — Quem é ela? — murmurou Marcus ao lado do Petrôneo.

   — Panda, uma escrava que considera a senhorita Camila uma irmã — respondeu o Doctore — Então, teremos ajuda nessa noite?

   — Eu não sei — respondeu Marcus, sincero.

   Nessa hora, havia pouquíssimo movimento na rua. Apenas as tavernas ficavam abertas e vira e mexe, cruzavam com um bêbado. Por vezes, alguma mulher brotava de uma sacada com um decote expositivo, apontando para uma entrada suja.

   Marcus achava que ninguém de bem se aventurava na rua nesse horário. Sabia que a cada beco podiam se deparar com algum bandido querendo aproveitar a escuridão para ocultar intenções cruéis. Teria pena de alguém que tentasse a sorte contra esse grupo.

   Passaram pela área da feira, não havia uma alma viva ali. Mas o lixo em todo canto indicava a passagem humana. Tampou o nariz por causa do mal cheiro de fruta e carne podre, descartadas pelo chão.

   Estava ansioso para sair da cidade. Quando era militar, apesar de não sentir-se bem com as missões que cumpria, pelo menos passava grande parte do tempo trafegando por campinas, florestas e morros.

   Após um bom tempo de caminhada, chegaram na área da orla. Havia marcado um encontro com o General na estrada, em frente a areia da praia, nas cercanias do píer.

   Do lado direito, via-se o mar aberto obscurecido, no esquerdo, mato alto.

   Estava próximo da onde havia chegado, quando saiu do cruzeiro a nado e fora recepcionado pela Camila. Onde todos a viram beija-lo e, por causa disso, destruíam sua reputação.

   Ela é uma mulher muito forte, vai passar por essa.

   Antes ele achava que deveria preencher o vazio da sua vida se tornando o guerreiro perfeito, agora, queria ficar apenas ao lado da mulher que amava.

   O mínimo que podia fazer era lutar pela sua honra. Fosse o que fosse que iria acontecer ali, sabia que era justo e a deusa da guerra e da justiça estaria ao seu lado.

   Ficaram apenas os cinco indivíduos ali, parados na estrada. O local foi escolhido em razão da iluminação. Havia a luz vinda do píer próximo, assim como dois postes com lanternas a óleo, que os pescadores locais mantinham acesas.

   Era uma desculpa perfeita. A Camila estaria tão desesperada em sair da cidade que destruira sua reputação, que marcara um encontro na calada da noite, próximo ao píer, onde facilmente poderia encontrar um barco e ir embora.

   E para ela ir embora, precisaria de moedas. Coisa que conseguiria vendendo o Flamma e o Marcus.

   O ardil é bom, ele vai morder a isca.

   Marcus baixou o capuz, expondo sua identidade.

   — Flamma, mostre o seu rosto.

   Se alguém estava observando, iria querer ver que os dois itens a serem negociados estavam ali.

   — Finalmente, já estava suando. — o campeão jogou o capuz de lã para trás. Nem mesmo em momentos de perigo ele transparecia alguma tensão.

   Por um instante, os únicos barulhos que ouvia era a respiração deles, o movimento do mar e o crepitar das chamas dos postes.

   Até que, o arranhar de rodas veio de uma estrada lateral. Ouviu também um crescente som de passos pesados vindo da mata.

   — Fiquem calmos! Está tudo sobre controle! — murmurou Marcus, sem ter certeza do que estava dizendo.

   — Quem está nervoso? — disse Nicolas, sua movimentação corporal inquieta mostrava o contrario.

   Uma carroça surgiu, virando a estrada na direção deles. O arrastar de mato foi aumentando gradativamente, até que um grupo de homens bem armados se revelou. Em seguida, se separaram disciplinadamente em duas unidades coesas.

   Cada qual numa margem da estrada com a carroça passando no meio. No teto do veiculo, notou a silhueta de um homem agachado, segurando um arco longo, possivelmente já com uma flecha encordoada.

   Estava torcendo para o General ser descuidado e vir com poucos homens lhe protegendo. Poderiam ser uns quinze que eles quatro dariam conta. Havia uma centena ali, no mínimo.

   — O General tem que sair daqui morto — disse o Marcus.

   — E nós vivos. — comentou o Flamma.

   — Esta com medo, mocinha? — provocou o Doctore.

   — Talvez se eu passasse o dia treinando macho eu preferia morrer.

   — Parem com isso! — ordenou Marcus — Fiquem focados.

   Panda estava no meio deles e parecia nem respirar de tão paralisada. Marcus ficou com pena por tê-la metido nisso, mas a presença da Camila ali seria muito perigosa.

   O General não era o tipo de homem que aceitava provocações e, pelo que soube, Camila o irritou bastante.

   O grupo parou a uns vinte metros deles. E de dentro da carroça saiu o General, trajando uma armadura romana completa, exceto pela ausência do capacete.

   Ele caminhou e os soldados o acompanharam em marcha. Parou a uns dez metros, e os dois grupos nos flancos prosseguiram um pouco além.

   Marcus deu uns passos para trás e os outros quatro o imitaram. Não podia permitir ser cercado.

   Percebeu que os homens eram mercenários e, no meio deles, notou os gladiadores citas levados do ludos do Lucios. Os únicos que ainda o odiavam desde o seu primeiro dia na escola de gladiadores.

   — Eu duvidei que esse encontro realmente fosse acontecer! — disse o General em voz alta — Mas vejo que estava errado. A senhorita honrou sua palavra e eu honrarei a minha. Na carroça esta uma quantia suficiente para pagar pelos dois gladiadores.

   Seria impossível lidarem com tantos soldados, realmente precisavam de ajuda. O problema é que se ninguém apareceu até agora, provavelmente não apareceria mais. Marcus não olhou para os lados para não demonstrar apreensão. Mas não sabia o que fazer.

   — Mostrem o rosto. Não gosto de fazer negócios sem olhar nos olhos. — falou o General.

   Eles ficaram um tempo em silêncio, Marcus sussurrou.

   — Vou tentar ganhar tempo. Se eles me capturarem, fujam.

   O Centurião andou devagar em direção ao General, que fez um gesto para que ele parasse. Dois soldados deram passos a frente.

   — Se quer falar comigo, jogue suas armas no chão. — disse Solonius, alto e calmo.

   Marcus hesitou, mas não tinha mais opções. Retirou os dois gládios das costas e os afundou no chão, seguiu em frente.

   — Sou apenas um, você tem um exercito.

   — Basta uma lamina para tirar uma vida. Você sabe muito bem disso.

   Marcus parou a alguns metros. Solonius estava flanqueado por dois soldados com olhos atentos e mãos pousadas sobre espadas na cintura.

   — Eu e o Flamma estamos aqui. Não precisa ver o rosto dela. Funciona assim, você traz o ouro, e nós vamos embora com você, trazendo conosco o papel da nossa propriedade.

   Sua última chance agora era ir embora com o General e mata-lo quando tivesse oportunidade. Mesmo que isso demorasse anos. O General estreitou os olhos, como se tivesse tentando decifrar algo, então falou.

   — Você acha que eu não sei o que está tentando fazer aqui, soldado?

   — O que eu estou tentando fazer?

   — Marcus, você trabalhou anos como Centurião, talvez, poderia convocar legionários para ajuda-lo. Conheço a fidelidade forjada num campo de batalha.

   Marcus ficou encarando o General e ele continuou.

   — Acertei? Você enviou cartas para alguns amigos, com a esperança de conseguir formar algum grupo para me matar nessa noite. O problema é que eu era o último amigo disposto a lhe ajudar. Ninguém vai querer se aliar a um escravo que envergonha o manto dos legionários.

   Como ele sabia das cartas? Se foi espionado, o mandatário deve ter sido interceptado. Por isso ninguém havia chegado. Mas, algo lhe dizia que não era o caso. Era como se o General pudesse ver dentro da sua mente.

   — Eu nunca tive sequer um amigo em Roma. Então, não espero consideração de nenhum legionário.

   — Então para quem foram as cartas?

   Então, deu para ouvir um barulho ao longe. O barulho do seu reforço.

   — Para guerreiros, cujos laços foram formados em campo de batalha...

   Nesse instante, um enorme grupo de homens liderados por uma mulher, surgiu na estrada correndo em direção as tropas do General.

   Era a Sônia, avançando com cabelos negros esvoaçantes e seu grupo de rebeldes.

   No cruzeiro, Marcus não tinha conseguido fugir. Ele fizera um acordo. Daria a ela uma oportunidade de matar o General. E, era isso que estava fazendo agora.

   Quando o General absorveu a situação e voltou a olhar para o Marcus, o pé do Centurião já atravessava o ar num chute no meio do peito do velho.

   Os soldados sacaram as espadas e Marcus rolou para trás e correu em direção aos seus dois gládios fincados na terra. Ao chegar neles, pôs as mãos sobre as empunhaduras e deslizou, virando em direção aos seus perseguidores.

   O General berrou ordens e os dois homens retornaram a sua fileira. Atrás do Marcus vinha uma turba de guerreiros sedentos por vingança.

   Os dois grupos chocaram-se e a estrada tornara-se um sangrento campo de batalha.

   Marcus tentou buscar o General na confusão, mas não conseguiu. Infelizmente o grupo da Sônia não lutava de modo organizado, como Spartacus fazia. Apesar da quantidade superior dos rebeldes, a luta estava parelha por causa da coesão da tropa do velho lobo.

   Então, flechas começaram a cair para desiquilibrar o combate. O maldito colocou arqueiros escondidos. Não eram muitos, mas a maioria acertava, pois caiam no meio do acumulo de guerreiros da Sônia.

   As flechas vinham da Mata. Marcus gesticulou para os outros o seguirem e entrou na mata fechada, que era um terreno suavemente mais baixo.

   Não foi difícil encontra-los, afinal, para mirar eles precisavam subir em elevações de terra e pedra.

   O mais difícil era chegar neles, o mato era afiado feito navalha, o chão era repleto de pedras e sulcos alagados. Flanquear por ali com um grupo de homens era uma péssima ideia.

   Mas precisava eliminar esses arqueiros.

   Marcus orientou Flamma e Nicolas para que tomassem direções diferentes e avançou com o doctore. Quando os arqueiros percebiam a aproximação, tentavam fugir, mas se deparavam com outro vindo de outro lado e morriam pela espada.

   Mataram uns três dessa forma. Nicolas tomou uma flechada no braço. Marcus quebrou a flecha e deixou apenas um pedaço da haste do lado de fora. Orientou para que não a tirasse agora.

   Ainda havia arqueiros escondidos, mas agora eles não estavam tão sossegados para atirar, então o numero de flechas diminuiu drasticamente.

   Se arriscou numa elevação para ver se achava mais algum e viu a carroça do general mover-se.

   — Ele vai fugir — berrou para os companheiros e correu. Passaram por fora da área do conflito e saíram na estrada, atrás das tropas do General.

   Estavam numa posição muito perigosa, assim que os soldados da retaguarda notassem, logo estariam cercados.

   A carroça já se colocava em movimento. Havia três homens protegendo a saída dela. Doctore e Nicolas foram pra cima deles e Marcus e Flamma contornaram correndo atrás do veiculo.

   Marcus viu borrões vindos em sua direção.

   O arqueiro em cima da carroça.

   Ia rolar para lado e desviar, mas isso tiraria a mínima chance de alcança-los. Sentiu que podia fazer algo diferente. Parecia loucura, mas aprendeu a confiar nos instintos provenientes do legado de Minerva.

   Se pôs a frente do Flamma e viu o projetil pontiagudo voar na sua direção. Balançou o gladio para intercepta-la, o golpe foi preciso, viu a haste girar no ar e cair ao lado, enquanto ele continuava a correr.

   Com reflexo felino, repetiu a façanha uma segunda, terceira e quarta vez. Não pensava, apenas executava golpes no momento crucial e sentia a ponta de aço da flecha impactar no metal da espada.

   Mesmo assim, a carroça estava começando pegar velocidade e fugir.

   — Vai! — berrou Marcus a Flamma.Viu um clarão iluminar o terreno e um calor lhe assolar nas costas. Flamma o ultrapassou e perfurou o ar com a sua espada incendiária.

   Uma labareda de fogo saiu nervosa da sua espada e foi em direção a carroça, como um meteoro flamejante.

   As chamas explodiram no veiculo com pressão, que sobreergueu pra frente e tombou de lado, arrastando-se na terra por alguns metros.

   Deu para ver o fogo começar a lamber a madeira do transporte, ao mesmo tempo os cavalos guinchavam desesperados.

   Flamma estava ofegando, mal se mantendo em pé. Aquilo claramente lhe consumira um imenso esforço.

   Marcus quis correr para garantir que o velho lobo estivesse morto, mas em suas costas havia um exercito estupefato. Já se preparando para perssegui-los.

   Chamou o Nicolas e Doctore, que já haviam terminado de matar seus oponentes. Carregaram o Flamma para a mata novamente e embrenharam o mais longe que puderam. Temendo estarem sendo perseguidos.

   Ninguém veio atrás. A centúria do general debandou pela estrada. Os que não foram rápido o bastante, foram abatidos pelos guerreiros da Sônia.

   Quando tudo tinha se encerrado, ele pôde, enfim, confirmar a morte do General. O velho morrera incinerado dentro da própria carroça.

   — Não vai nem precisar gastar com uma cremação. — comentou a Sônia, ao lado.

   — Ele teve o que mereceu. — disse o um guerreiro muito alto, que cuspiu no chão logo em seguida.

   — Foi pouco. Esse desgraçado invadia nossos acampamentos a noite e incendiava tudo. Até crianças morreram queimadas. Ele merecia ser revivido apenas para morrer dessa forma novamente. – disse a Sônia.

   — Como está o seu filho? — perguntou o Marcus, temendo pela resposta.

   — Graças aos deuses ele não foi uma das vítimas. Está tão grande quanto Jupiter. — respondeu Sônia, com orgulho.

   — Tenho certeza que está — disse o Marcus, lembrando do Heracles.

   Sônia olhou para o Marcus, e as chamas se espelharam em seus olhos negros. O Centurião pôde sentir que ainda havia ressentimentos ali dentro.

   Ficaram ouvindo o fogo crepitar, sem falar nada. Como se uma barreira invisível de magoas não permitisse que voltassem a ser amigos.

   — Se o desgraçado falou a verdade, dentro da carroça deve ter uma grande quantia em ouro. Temos que ir agora, os guardas da cidade logo chegarão. Desejo boa sorte a vocês! — disse o Marcus e Sônia assentiu.

   O Centurião se virou para ir embora. Encontrou com os outros bem mais frente e notou a ausência da Panda.

   — Acabou, vamos para casa. Onde esta a Panda?

   Doctore, com os olhos cheios de água, balançou a cabeça. Até mesmo o Flamma carregava uma expressão de pesar.

   A frente, Marcus viu o corpo sem vida da escrava, com uma flecha alojada em seu pescoço.


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