A Domina e o Centurião - COMP...

By luclycan

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Na sociedade romana, a cultura de gladiadores chegou em outro patamar. Todo mundo agora patrocina um gladiado... More

Capítulo 1 - Parte 1
Capítulo 1 - Parte 2
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39

Capítulo 33

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By luclycan

   Camila tentou usar o seu poder com olhos cheio de água, não deu certo. Não podia curar o incurável. Seu pai tinha morrido e não havia nada que ela pudesse fazer a respeito.

   O lanista voltava da arena com uma fortuna em ganhos das apostas e foi assaltado em plena luz do dia. Os bandidos levaram os sacos de ouro e deixaram a morte.

   Pelo menos foi isso que as autoridades contaram.

   Se Lucios fosse um nobre, o cortejo dele começaria no fórum, onde algum político discursaria palavras acaloradas, depois uma procissão de pessoas usando mascaras com o formato do rosto dele acompanharia o caixão até uma cripta, onde ocorreria a incineração. No mesmo dia teria um banquete enorme em homenagem ao morto. Até a morte era motivo para celebração.

   Mas isso não ocorreu. Ele não era nobre e também não deixara muitas moedas para que sua mãe patrocinasse algo em grande estilo.

   Sua incineração ocorreu fora da cidade, num monte próximo. O único investimento foram duas moedas que Ilithya colocara sobre os olhos do falecido para pagar o mercador da morte.

   Ilithya trajava um vestido negro e, mesmo arrasada, estava muito bela. Ela queria realizar uma pequena luta de gladiadores. Uma morte para seu pai morto.

   Camila insistiu para que isso não ocorresse. O único argumento que a dissuadiu foi que não estavam em condições de perder nenhum escravo nesse momento.

   Começaram então os sete dias de luto da morte do Lucios.

   Nos primeiros dias, Camila e a mãe se limitavam a rezar, se alimentar, dormir e rezar novamente. Camila não suportou mais essa rotina, e lá pelo terceiro dia resolveu organizar as papeladas da escola de gladiadores.

   Haviam diversas lutas marcadas ao longo do mês que renderiam bons valores. Assim como existiam pilhas de dividas acumuladas. Ela achou a situação difícil, porém, administrável.

   Pagavam fortunas por apresentações dos gladiadores do ludus Titanus, com tempo e paciência dos credores, era possível se reerguer.

   Tinha prometido ir ver o Marcus apenas depois da semana de luto, mas no quinto dia não aguentou de saudade e foi visita-lo.

   Ao final do sétimo dia, ele já dormia em seu quarto.

   Na manhã da segunda-feira, Camila estava no escritório do seu pai reavaliando as contas. Tinha que se organizar para pagar uma fortuna para mercadores de grãos. O estoque já estava abaixo da metade.

   Sua mãe se recuperava mais lentamente e mal saia do quarto. Estava sozinha nesse trabalho. O Centurião levantou cedo e foi treinar no ludus.

   Mesmo ela dizendo que ele não precisava mais frequentar os treinos, ele foi mesmo assim, alegando que precisava manter-se em forma.

   De repente, alguém bateu na porta de mogno do escritório.

   — Pode entrar — disse a Camila.

   Um guarda abriu e colocou-se de frente a mesa dela.

   — Senhorita, o General Solonius se encontra no salão de espera e solicita um momento com a sua mãe.

   Camila estremeceu de raiva. O homem tinha lhe sequestrado e não podia nem ao menos denuncia-lo as autoridades, não existiam provas. Era perigoso acusar alguém de posição social tão elevada.

   — Diga que estamos ocupados e não poderemos atende-lo. — suspirou pesadamente — Não, melhor, diga que ele não é bem vindo nessa casa e avise a todos os guardas para não permitirem mais a entrada dele.

   — Ele está acompanhado de uma autoridade do fórum, que disse ser uma visita oficial.

   Camila encostou as costas na cadeira e passou as mãos pelos cabelos, tentando adivinhar o que raios uma autoridade do fórum queria. Ainda acompanhando do General.

   Teria o seu pai negócios secretos com o militar aposentado? Tinha certeza que se fosse filho homem, o lanista teria lhe passado cada detalhe dos negócios.

   Olhou para o guarda, resignada.

   — Deixe-os entrar.

   — Peço para alguma escrava servir vinho, senhorita?

   — Não quero que sirvam nem um copo de água para esse infeliz. Faça os entrar logo.

   Momentos depois, duas pessoas entraram no escritório. O General com o habitual semblante austero e um homem magro com uma toga azul brilhosa, adornada com um símbolo do fórum bordado no meio do peito.

   Camila levantou-se e gesticulou para as poltronas, sem cerimônias. — Podem sentar.

   — Primeiramente gostaria de prestar a minha solidariedade pela morte do lanista Lucios Titanus. Era um grande homem e fara muita falta em nossa sociedade. — falou o Oficial do fórum e o General continuou logo em seguida.

   — Digo o mesmo, todos sabem que eu e o Lucios eramos grandes amigos. A morte dele foi um golpe duro.

   — Certamente que foi. — disse a Camila, seca. — A que devo a visita de vocês?

   O oficial pigarreou, nitidamente percebendo a tensão no ar.

   — Bom, eu sou Tulio Genipo, Oficial do fórum de Napoles. Tenho autoridade para intermediar acordos comerciais e financeiros não honrados.

   Camila ficou encarando o oficial sem dizer nada e ele continuou.

   — O advogado do General Solonius procurou o fórum sobre uma divida que o seu pai contraiu há um ano. Lucios Titanus assinou uma promissória, cuja a primeira parcela deveria ser paga na semana passada. Como a casa de vocês estava em luto, a cobrança foi prorrogada até o termino do luto. Que foi ontem.

   Camila ficou com o rosto inexpressivo, se forçando a não transparecer o susto estelar que tinha levado. Lidar com as dividas conhecidas já estava sendo um desafio, agora mais essa. Por isso seu pai estava tão preocupado.

   — Qual é o valor?

   O Oficial entregou a ela um papel com o valor que a escola de gladiadores deveria pagar. Ela não conseguiu mais esconder o espanto.

   — Isso é muito, não temos como pagar!

   — Seu pai deu como garantia oitenta gladiadores, a escolha do General.

   — Sua cobra maldita — deixou escapar a Camila

   — Senhorita Camila! — interveio o oficial — Preciso lembra-la que o faltar com respeito uma pessoa na posição do General é um crime.

   — Tudo bem, Tulio — o General colocou a mão do braço do Oficial como se fosse um senhor abnegado — Ela passou por um grande trauma, é uma reação esperada. Gostaria de fazer uma proposta. Isso porque quero honrar a memoria desse grande homem que foi Tulio Titanus. Se ela quiser me ouvir, claro.

   O Oficial olhou para a Camila e ela teve vontade de mandar os dois para o submundo de Hades, mas fez que sim com a cabeça, não lhe sobrava muitas alternativas.

   — Muito bem — se empertigou o General — Proponho que a senhorita se case com o meu filho Vettius, pelo perdão das dividas. Vettius estudou para administrar grandes propriedades e sei que resolverá todos os problemas dessa grande casa de gladiadores. Assim, o legado do Lucios permanecerá intacto.

   — O Vetius não é capaz de cuidar nem dele mesmo — falou a Camila e o General demonstrou irritação pela primeira vez na conversa.

   — Lhe darei até amanhã para pensar nessa proposta. — respondeu o General, com a boca apertada.

   — Não preciso do seu tempo. Eu não me casarei com ele. São gladiadores que você quer? Fique com eles. Está decidido.

   O General deu um sorriso presunçoso.

   — Tudo estaria resolvido se eu não estivesse conversando com uma criança sem poder algum de decisão. Chame a sua mãe e deixe que os adultos resolvam.

   — Faço as minhas palavras as mesmas da minha filha. — falou Ilithya, entrando no aposento.

   O General olhou para ela franzindo o cenho.

   — Não se faça se orgulhosa, Ilihya. Conheço bem a situação do ludus. Oitenta gladiadores é muito mais da metade que vocês possuem aqui. Levarei comigo todos os campeões, inclusive o Flamma — em seguida, virou-se para a Camila. — E o seu amado Marcus.

   Sua mãe não transpareceu um arranhão de abalo em sua expressão, mas Camila sabia que ela devia estar em pânico por dentro.

   — Um problema que cabe apenas a mim e a minha filha. Prepare as carroças e levem os gladiadores.

   O General levantou claramente irritado por ter sido contrariado.

   — Como vocês quiserem, voltarei hoje ainda com os veículos.

   Após os dois homens saírem do escritório, sua mãe afundou-se na cadeira, relaxando o rosto endurecido numa confusão de preocupações.

   — Estamos falidas! — disse a Ilithya.

   — Vai ver era mesmo o momento de sairmos desse negócio. Sem o pai, não conseguiríamos tocar isso tudo por muito tempo — disse a Camila.

   Ilithya balançou a cabeça.

   — Estamos passando por isso por culpa do seu pai. Você precisa saber a verdade sobre ele. Era um ótimo homem e marido. Mas era um maldito viciado em bebidas e jogos. Eu levantei esse ludus, por que fiz amizade com todas as damas da alta sociedade.

   Por isso seu pai fazia vista grossa ao culto. Camila não gostou de ouvir aquilo, levando em consideração que ele não estava ali para se defender. Mas sua mãe devia estar certa.

   Era uma divida de jogos. Seu pai deixou tudo ruir numa mesa de dados.

   Após algumas horas, o General retornou como tinha prometido. Uma fila de carroças foi estacionada em frente a escola de gladiadores para levar quase uma centena de escravos.

   O General adentrou no escritório novamente. Camila já esperava que ele viesse.

   — Não vi o Flamma e o Marcus entre os escravos. A garantia do seu pai foi bem clara. Eu posso escolher os gladiadores.

   — Meu pai deu como garantia os escravos que eram dele. Marcus está em meu nome e Flamma no nome da minha mãe.

   O General bufou.

   — Você esta enganada. Toda propriedade em seu nome é do seu pai por direito do patriarcado. Sendo assim, entra na garantia. Não tem poder nenhum de decisão aqui, criança.

   — O meu pai assinou minha emancipação antes de morrer, então, eu decido pelos meus bens, velho estupido.

   — Tome cuidado com as suas palavras!

   Falar do Marcus como uma coisa lhe soava mal, mas adorou ver a cara do General, e, aproveitando que o oficial de justiça não tava perto, aproveitou para não segurar a lingua.

   — Por que? Vai me sequestrar de novo? Saiba que ainda descobrirei um modo de provar o que você fez.

   O velho balançou a cabeça e se aproximou. Por um momento ela achou que ele fosse ataca-la.

   — Consigo sentir os seus medos mais íntimos. Você vai se arrepender de ter cruzado o meu caminho, assim como o seu pai.

   Camila arregalou os olhos. Teve vontade de sufocar o maldito com o ácido de Eusculápio. Sabia que conseguiria apenas ser condenada a execução em praça pública por isso.

   É óbvio que ele tinha feito aquilo.

   — Quando estiver destruída — ele balançou o dedo na direção dela — Você vai rastejar pedindo ajuda.

   O General saiu do escritório, deixando a Camila com os olhos cheios de água para trás.

   O maldito precisa pagar por isso.


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