Além do Tempo

By GihCross_27

20.1K 1.7K 723

O amor não escolhe clásse social, personalidade, etnia... não escolhe hora, nem lugar. Ele simplesmente acont... More

1 - O Encontro
2 - O Encontro part. 2
3 - Primeiro dia de aula
4 - Divergências
5 - Confusões de Sentimentos
6 - Sentimento de Mudança
7 - Conflitos
8 - Descobertas
9 - Sentimento de Esperança
10 - Orgulho Ferido
11 - Mesmos Erros de Sempre
12 - Condescendência
13 - Abstinêcia
14 - Amor a Prova de Balas
15 - Oceano
16 - Estou Pronta
17 - Voltando a Realidade e Conhecendo o Perdão
18 - Tudo ou Nada
19 - Decisão Tomada
20 - Minha Dona
21 - Cartas na Mesa
22 - Minha Rainha
23 - Toda Sua
24 - Acertando as Contas
25 - Tudo muda... Tudo passa
26 - Dores e Conquistas
27 - Um Pedido, A Viagem
28 - Noite Feliz
29 - Intolerância
30 - Londres
31 - Curtindo a Vida
32 - Lá Ville Lumière - A Cidade Luz
33 - Au Revoir!
34 - Certezas
35 - Sua Para Sempre!
36 - Lua de Mel e Outras Coisas
37 - Desprezo é a Arma
38 - Ponto de Impacto
39 - Vida que Segue
40 - Fidelidade
41 - Danou-se
42 - Sou Órfã!
43 - Descontração
44 - Noite na Boate e Despedida
45 - Noite das Garotas
46 - O Ano Em Que Ela Não Viveu
47 - Bons Ventos
48 - Promises of Love
49 - Recatada e do Lar
50 - Mais Um Ano
51 - Sonhos de Amor
52 - Naxos
53 - Antio Athína
54 - Cult
55 - Memórias
56 - Novos Caminhos
57 - Ciclos
58 - Desencontros
59 - Mary Margaret
60 - Febre
61 - Notícias
62 - Desenterrando
63 -Você é Minha Luz
64 - Acasos não são Acasos - part 1
65 - Acasos Não São Acasos part 2
66 - Visitante
67 - E o Tempo Seguia
68 Inconsequência
69 - Motivos
70 - Lutar
71 - Esperança...?
72 - Provações
73 - Confronto
74 - Destino
75 - Destino parte 2
76 - Reviravolta
77 - Transições
79 - Sombras do Passado part 1
80 - Sombras do Passado part 2
81 - O Preço da Vida
82 - Milagres do Paraíso
83 - Finaly part 1
84 - Finaly part 2

78 - Ansiedades

115 15 10
By GihCross_27





Habituadas com a grandiosidade de Londres, Zelena e Belle até que não estranharam de todo a capital paulista.Viam como era bem movimentada e isso era bom, pois era a isso que estavam acostumadas: movimento. Nunca estiveram no país antes, o que as fez contratar um guia para acompanhá-las a todos os lugares, e gostaram de conhecer alguns dos pontos turísticos do lugar.

Mas Zelena estava apreensiva, embora apreciasse todos os lugares, sua mente não a deixava em paz, queria cumprir com o que veio fazer e queria o quanto antes. Nunca foi de agir impulsivamente, mas precisava daquele encontro tão almejado, buscar por respostas, sanar dúvidas. Só que sentiu em seu âmago que precisava o quanto antes estar lá, o por que não sabia. Belle, percebendo isso, pediu auxílio ao guia para ensiná-las a como chegarem ao Hospital e conseguiu convencer sua mulher para irem no dia seguinte e assim Zelena acatou. Enfim continuaram seu pequeno tour por aquele momento, se concentrando em apenas curtir as maravilhas daquele lugar tão diferente e acolhedor.

           ☆☆♤☆☆


Emma se encontrava ainda com a mente a mil com relação à situação de Luna e ainda não sabia como agir. Só que algo pairava em sua mente que a tirou o sono e até mesmo teve um medo do desconhecido: e se ela e Regina adotassem Luna? E o mais importante: será que a morena tem vontade de ter filhos? Parou e franziu o cenho, nunca haviam conversado sobre o assunto antes e agora que pensou nisso e o temor de receber uma recusa da esposa a assombrou. Precisava arrancar essas dúvidas, e só faria depois de uma conversa séria com aquela que ama.

Entrou no quarto e viu as enfermeiras na preparação de mais uma sessão fatídica que Regina passaria, mas precisava ser agora ou nunca. Não conseguiria esperar mais. Angustiada buscava a coragem que precisava para aquela pergunta.

- Hum… Sua mente está gritando, amor. Só não consigo entender o que está dizendo. - brincou para aliviar a tensão que se instalou com a feição séria da loira. - O que tá acontecendo aí dentro, hein?

Num suspiro longo Emma olhou bem nos olhos da mulher e perguntou: 

- Regina, v-ocê quer ter filhos…? - gaguejou. A morena estacou e ficou muda.

Assim como Emma, Regina também nunca havia cogitado a possibilidade de um dia ser mãe. Não que ela não quisesse, mas a vida intensa de trabalho e viagens as impossibilitava de pensar sobre isso. E após ter descoberto o câncer, havia perdido a esperança de pensar sobre. Mas agora, ali diante de si, Emma acaba de mostrar que não era ela apenas ter esse medo.

Com o silêncio da morena, a loira hesitou e voltou atrás, tentou desfazer a "burrada" de ter feito essa pergunta. 

- É, bom… deixa pra lá… eu só… 

- Emma! Venha aqui. - afastou-se um pouco dando espaço para a loira se sentar ao seu lado. - Você tem certeza que quer isso? - Emma arregalou os olhos. - Amor, eu sei o que você está pensando. Quer adotar Luna, não é? - a loira assentiu ainda espantada. 

- Muito, quero muito! Mas jamais faria isso sem você. Eu amo aquela menina, Regina! - disse com firmeza em sua voz, o que fez o coração de ambas acelerar pelas palavras fortes de Swan. 

- Eu sei disso, e confesso ter criado dentro de mim um sentimento por Luna jamais sentido por mim antes. - sorriu e Emma suspirou feliz e aliviada ao ouvir isso. - Seu desejo também é o meu, Emmy! - a loira não esperou mais e a agarrou, a apertando forte num abraço. 

- Obrigada, meu amor...muito obrigada! 

A loira estava emocionada com a resposta da morena. O medo, sentido antes, transformou-se em completa alegria. 

- Conversamos melhor sobre isso depois dessa sessão, ok? - acarinhou os cabelos loiros, beijou a testa e colou a sua com a dela em seguida. - Eu te amo! Eu te amo demais! E quero tudo o que você quer, tudo o que nos fazer felizes. - concluiu sorrindo.

E mais uma sessão de quimio se iniciava, mais um momento sofrido para Regina. No entanto, era possível enxergar uma grande melhora, os remédios estavam fazendo seu efeito positivo e David se encontrava radiante quando deu a notícia para a filha e a nora, que mesmo sabendo que passaria por mais aquela semana cansativa de tratamento, fez com vontade, pois estava feliz.

Mas David ocultou de Regina o assunto que envolvia Luna, para não preocupar a morena. Então chamou Emma para sua sala, para que pudessem conversar com mais tranquilidade. 

- Filha, sente-se! - Emma notou a preocupacão no semblante do pai. 

- Aconteceu alguma coisa? - David assentiu. 

- Serei direto… - suspirou. - Gold me mostrou documentos onde há um grande débito do casal Jones, referente ao tratamento de Luna. - Emma o fitou tensa e pediu para que prosseguisse, sentiu que não seria nada bom o que ouviria. - Eles devem R$22.000,00 ao Hospital, Emma! 

O sangue fugiu do rosto alvo a deixando pálida. 

- Como é que é? - praticamente gritou. - Pai! Como permitiram que deixassem chegar a esse valor tão alto? - perguntou transtornada e lembrou do que Killian havia dito sobre não poderem pagar pelo tratamento. - Era isso… - sussurrou mais para si, mas David a ouviu. 

- Sim. Fez sentido o que Jones disse para Milah na discussão que ouviu e também lembrei disso enquanto conversava com Gold. - pousou os braços sobre a mesa e inclinou-se para frente. - O pior é que, se não começarem a quitar a dívida, Luna pode ser transferida para uma unidade pública e isso poderá piorar sua situação. - David falava cauteloso, via o quanto aquilo afetava a filha, era nítido o amor que foi construído entre Emma e a menina.

Emma não sabia mais o que dizer, pensou, mas nada fazia sentido em sua mente. David se levantou de sua cadeira, contornou a mesa e se ajoelhou em frente a filha, tomando suas mãos. 

- Emma, olhe pra mim. - ela o fez e os verdes se encontraram. - Você não está só, nós vamos resolver isso. Não pense que ficarei parado de mãos atadas. Porém, esse não é o momento. - falava de forma branda e confiante. - Precisamos nos concentrar na sessão que Regina terá essa semana, até mesmo não mencionei nada a ela pra que não se preocupasse. Por mais que ela esteja melhorando, não pode passar por esse estresse. Então peço que não diga nada, pelo menos por enquanto. 

- Tá certo! - suspirou cansada e olhou o nada. Não seria fácil não se preocupar, mas Regina precisava dela.

- Vá para casa, tome um banho e descanse. - intimou. - Você está precisando. - Se abraçaram. Emma a cada dia que passava ia se afeiçoando cada vez mais ao pai, e sentia uma segurança e proteção vinda daquele abraço. 

          ☆☆♤☆☆

Desde o acontecido no dia anterior, Cora se manteve reclusa em seu quarto, nem mesmo havia ido visitar Regina. Acreditava que ficaria louca se não tirasse aquelas imagens de Ingrid a abraçando, a prendendo em seus braços fortes. Não tirava o beijo da memória, sempre que fechava os olhos lá estava aquela maldita loira lhe invadindo. O problema é que as lembranças traziam com elas as sensações de todo o ocorrido, não deixando Cora esquecer. E como era gostoso pensar naqueles lábios a tomando daquele jeito singelo, mas que ao mesmo tempo selvagem. Não se lembrava de ter sido beijada com tamanha devoção. Queria apagar aqueles pensamentos, mas seu coração teimoso não permitia que o fizesse.

Teve inúmeras tentativas de Mary e Granny batendo em sua porta para saber se estava bem, o que havia acontecido, mas ela não queria ver ou ouvir ninguém.

Emma chegou trazendo no rosto a exaustão daquele dia. Seu pai tinha razão, ela precisava de um bom banho para aliviar a tensão de seu corpo e descansar. No entanto, percebeu um burburinho vindo da cozinha e foi verificar. Encontrou a mãe e Vovó Granny tomando um chá, sentadas sobre a mesa. 

- Estou preocupada, Granny! - Mary exclamou. - Ela não saiu nem mesmo pra comer. 

- De quem estão falando? - franziu o cenho. - Onde está Cora? - olhou ao redor, procurando pela sogra. 

- É dela mesma que falamos, filha. - vovó responde. - Chegou ontem a noite, entrou igual um furacão, pálida e se trancou no quarto até agora. 

Emma estranhou. Lembrou-se que a última vez que Cora agiu daquela maneira foi quando Henry faleceu. Se preocupou. 

- Vou pro chuveiro primeiro e depois tento falar com ela. 

- Boa sorte! - Mary desejou.

E Emma o fez. Depois de um longo banho quente para relaxar os músculos e aliviar o cansaço, ela fez algo que não era de costume, mas achou que pudesse ajudar não a ela, mas a sogra. Pegou uma garrafa de whisky que tinha no pequeno bar da sala e dois copos, faria aquele sacrifício, ao menos aquele dia. Suspirou e se dirigiu para o quarto. Deu três batidas e esperou. 

- Já disse que não quero falar com ninguém! - Cora exclama do lado de dentro. 

- É, fiquei sabendo… - Emma começou, ganhando sua atenção, mas não respondeu. - Mas você recusaria tomar um Jack com sua nora querida? - debochou e riu baixo.

Cora sentiu seu rosto queimar. Como contaria, logo para aquela que fez mal no passado por sua intolerância, que beijou uma mulher? E pior ainda, que gostou. Mas ela sentiu no seu coração que a loira era a única que poderia ajudá-la naquele momento conturbado que se apossava de sua mente. Então, vagarosamente, levantou-se da cama indo até a porta e a abrindo. 

Podia estar numa guerra mental, mas jamais perderia sua postura altiva, Emma pensou. Cora deu-lhe passagem e ela entrou pondo a garrafa e os copos sobre a escrivaninha e enchendo-os com uma quantia consideráve, oferecendo a sogra.

Não disse nada, esperou pelo tempo da mulher de querer se abrir. A loira tinha uma ideia do que poderia ser, mas não quis concluir nada. 

- A vida é realmente engraçada, Swan. - pausou e tomou um gole da bebida, procurando coragem para prosseguir. - A gente vive uma vida inteira e quando algo te surpreende, você vê que não aprendeu o suficiente com ela.  

Emma permaneceu calada, só a ouvia. Também deu um gole na bebida forte e fez uma careta quando o líquido desceu-lhe rasgando sua garganta. Cora riu com a cena. 

- Diabo! - exclamou a loira. - Como você aguenta tomar isso? Pareço estar tomando ferro líquido! - Cora não respondeu e apenas meneou a cabeça negativamente, ainda rindo. - Desculpe. 

- Ontem, vivenciei uma das coisas que achei que nunca aconteceria comigo. Algo que persegui com paixão e achei que o que eu pregava era o certo, o que fez com que me afastasse do meu mais precioso tesouro, minha filha. - virou-se de costas, pois sentiu outra vez seu rosto se avermelhar. - Agora estou aqui… morrendo de vergonha. - riu de si.

Emma pôs o copo na mesinha e andou até Cora, tocou-lhe o ombro e virou-a para fitar os castanhos que percebeu marejados. 

- Ingrid, não é? - Cora tensionou o corpo e soltou um suspiro longo e pesado. Como Emma poderia saber daquilo? Percebendo o rosto da sogra pálido, ela continuou. - Regina sabe, sogrinha. 

Aí que Cora sentiu todo o ar lhe escapar, fazendo com que desse uma leve cambaleada para trás e Emma a segurar de lado, a conduzindo para se sentar na cama. 

- C-como...? - a voz saiu cortada. 

- Regina não é sonsa, Cora! - riu leve para quebrar o clima pesado. - Ela vem às observando há tempos. Tanto é que foi ela própria que me contou que já desconfiava e juro que quase não acreditei.

Cora estava pasma. Como Regina percebeu? Como ela deixou transparecer dessa forma? Agora sua filha poderia estar a odiando. 

- Eii.. tira toda essa paranóia que tá passando aí dentro da sua cabeça.

Cora se levantou rapidamente, encheu o copo de whisky e o bebeu todo conteúdo de uma vez. 

- Cruzes! - Emma torceu o rosto.

- Ela deve me odiar! - exclamou começando a andar pelo quarto. - Como chegar ao hospital e a olhar depois do que aconteceu, Emma? Minha filha vai me odiar pra sempre! Por que deixei chegar a esse ponto? - pôs as mãos no rosto.

Emma via a sogra rodar o quarto com as mãos na cintura envolta de toda aquela confusão que sentia. Balançou a cabeça. Não era para tanto. Cora e seus dramas tão peculiares. Confessou mentalmente a falta que sentiu e revirou os olhos. Levantou-se e foi até ela, segurando-a pelos ombros, fazendo com que a encarasse. 

- Cora, olhe pra mim. - a mulher, que antes estava com o olhar perdido, focou nos verdes. - Me responda com sinceridade, ok? - ela assentiu. - Como foi? 

Cora pensou por uns segundos antes de responder. Estava envergonhada. 

- Bom...foi muito bom! - disse e sorriu boba em seguida, fazendo Emma espelhar seu sorriso. 

- Você gostou? - mais uma vez Cora se pôs a lembrar das sensações daquele momento e sentiu seu corpo tremer. 

- Foi incrível! - respondeu sincera. - Foi maravilhoso. Nunca havia provado nada igual antes! Diferente de todos os beijos que já beijei e, Deus me perdoe, como quero outra vez! - corou ao constar o sorriso largo da nora a sua frente. Não era debochado como antes, não tinha aquele ar traquino de quando Emma a provocava. Era sincero, amigável. Acolhedor.

Mas então aquela sensação de leveza passou, assim que se lembrou de Regina e seu rosto se carregou de preocupação outra vez. 

- Mas c-como chegarei para minha filha e direi que me interessei por uma mulher? - indaga temerosa. 

- Regina só quer sua felicidade, sogrinha. Não importa com quem seja, se está te fazendo bem e você está feliz, então não há porque sentir medo. - Cora respirou aliviada.

Sentiu-se mais segura e leve depois dessa conversa. Precisava que alguém a despertasse daquele turbilhão, porque viu que sozinha não conseguiria nada. E não esperava que fosse a loira sua conselheira nesse momento. Mas agora, depois de tudo o que aconteceu naquele quarto, sentiu que tem uma amiga e foi o que a fez se aproximar de Emma e a abraçar forte, se sentindo confortável naquele contato. Se afastou e pousou as mãos no rosto da loira. 

- Muito obrigada. Precisava muito dessa conversa e de alguém como você para me ajudar e me tirar do poço no qual estava me afundando. - parou e pensou por um segundo. - Preciso vê-la! Depois do beijo saí correndo e não a procurei. 

- Faça isso. Conversem, se conheçam melhor. Ela deve estar tão confusa quanto você. 

- Farei...amanhã! - Emma assentiu e pegou seu copo, entornou mais um gole e a careta característica pelo ardor do álcool a fez praguejar. Cora gargalhou com gosto.

E assim que a loira saiu do quarto, Cora deitou-se e apanhou seu celular sobre a cama. Queria muito falar com a policial, mas a timidez a impediu. Então, ao invés de ligar, mandou um SMS curto e corajoso. 

- "Precisamos conversar!"

A resposta demorou um pouco deixando-a ansiosa. E minutos depois seu aparelho vibrou:

- "Venha à minha casa, estarei te esperando."

Leu e não disse mais nada.Tudo seria esclarecido no dia seguinte.

           ☆☆♤☆☆ 

Decidida a cumprir com seu objetivo, Zelena acordou cedo. Dormir havia sido difícil, visto que a ansiedade para aquele encontro não a deixou pregar os olhos, e aproveitou a noite em claro para pensar em como abordaria sua progenitora e achou que ir ao hospital não seria uma boa idéia. Ligou para Graham e lhe pediu o endereço da casa da irmã, anotando tudo o que lhe era dito pelo amigo.

Ainda era cedo, Belle ressonava profundamente. Se aproximou e deu um beijo suave no rosto da morena para não acordá-la. Decidiu,então, ligar para a recepção e pedir que trouxessem o café da manhã no quarto. Resolveu aliviar a expressão pouco abatida em seu rosto, pela noite mal dormida, com um banho para despertar completamente. E enquanto a água jorrava forte em seu corpo, os pensamentos sobre o que poderia ocorrer naquele dia a deixaram pensativa. Quando iria imaginar-se atravessando o planeta para encontrar pessoas que nunca vira antes? O que sentiria ao olhar nos olhos daquela que lhe deu a luz e largou-a no mundo? Como seria Regina e como ela reagiria ao descobrir que tem uma irmã? Será que ela sabe de sua existência? Questionamentos que a deixaram com uma leve dor de cabeça, mas que não fizeram com que desistisse. Queria conhecer suas origens, saber porque foi abandonada,

 e iria até o fim, mesmo que doesse.

          ☆☆♤☆☆

A porta foi aberta vagarosamente. Podiam sentir uma tensão se instalar, assim que os olhos se encontraram. Um passo para trás e um gesto de mão foi o sinal para a permissão que Ingrid dera a Cora para que entrasse, mais uma vez, em sua casa. Silêncio. Palavras eram buscadas para poderem iniciar uma conversa, mas nada saiu. Diferente do clima ameno de dois dias atrás, antes do momento que as afastou esse tempo, agora a timidez e o constrangimento dominava o espaço. 

- Sente-se, por favor. - apontou para o sofá. - Aceita um café, um suco… - ofereceu de forma educada e Cora negou. 

- Obrigada, não se incomode! - sorriu contida e Ingrid assentiu, sentando-se na poltrona a frente para manter uma distância segura. Não queria assustar a outra mulher. 

- Confesso ter achado que não fosse me procurar. - quebrou o silêncio incômodo.

A verdade é que Ingrid temeu que Cora não quisesse ao menos olhar em sua cara. Só que pensou no quão adolescente isso soou e se praguejou por cogitar essa ideia. Cora é adulta e refinada o suficiente e agiria como tal.

Ela mesma não procurou por Mills para lhe dar espaço, não queria pressionar a mulher e deixaria que o tempo cuidasse disso. Se impressionou com a mensagem de Cora pedindo para que pudessem conversar e isso a fez sorrir. Afinal a veria outra vez. 

- Não nego que o medo quase me impediu, mas...senti que precisávamos disso, dessa conversa. E uma amiga me ajudou muito também. - sorriu contida. 

- Devo te pedir desculpas por aquilo. Agi pelo ímpeto, não deveria ter feito e… 

- Não! Não faça isso, Ingrid. - deu um tapinha no sofá, chamando-a. Hesitante a loira levantou-se e sentou ao seu lado. - Não se desculpe por algo que foi correspondido e você sabe disso. - a olhou profundamente nos olhos. - Eu também quis, por mais que tenha demorado a aceitar. - Ingrid assentiu. - Mas peço que me desculpe pela forma que agi, te agredindo e saindo daquela maneira. 

- Digamos que mereci. - sorriu torto. - E acredito que tenha sido sua primeira experiência com outra mulher, estou certa? 

- Sim! - respondeu apenas. 

- É completamente normal. Você não teria fugido se já houvesse feito isso antes e eu deveria ter notado isso. Mas não se preocupe, isso não irá se… 

- Não ouse terminar essa frase, Coronel! - Ingrid a olhou sem entender. Eu...bem…eu… - abaixou o olhar envergonhada com o que diria. - Eu quero tentar… - disse baixo, mas Ingrid ouviu. 

- O que disse? - perguntou para ter certeza. 

- É isso mesmo que ouviu! - respondeu e a loira notou o nervosismo em sua voz. - Quero poder me conhecer, nos conhecer melhor. - fitou os olhos azuis que brilhavam com suas palavras. - Só peço paciência, isso é tudo muito novo pra mim e estou disposta a querer me dar essa chance. 

Ingrid podia sentir a veracidade de tudo que Cora dizia. Sentiu-se aliviada e feliz pela decisão da mulher.Pegou suas mãos e deixou um beijo em cada uma encarando os castanhos intensos de Mills. 

-  Faremos isso juntas! - sorriram. - Espero ser merecedora do seu coração, Cora Mills. E farei tudo que tiver ao meu alcance pra que isso aconteça! - finalizou convicta e se aproximou dando um beijo suave no rosto de Cora, que suspirou e sorriu com o gesto simples apertando suas mãos. 

- Agora preciso ir. Logo irei ao hospital visitar minha filha. Não pretendo dizer nada até o término dessa sessão. 

A policial assentiu e sorriu. Acompanhou Cora até a porta, esta que antes de sair a encarou por uns segundos e a abraçou forte em agradecimento pela compreensão. Ingrid retribuiu e aspirou o perfume da mulher em seus braços. Então Cora se foi, ela fechou a porta e encostou-se ali, sorrindo desacreditada com as mãos no rosto. Estava contente, pois em tantos anos morando naquele país nunca imaginou que pudesse encontrar o amor. No entanto, a vida estava lhe dando a chance de ser feliz, ela aceitaria de muito bom grado. 

          ☆☆♤☆☆

Estacionou o carro em frente ao condomínio em que Regina morava. Depois do café elas foram ao Shopping e almoçaram lá mesmo. Antes de descer, suspirou com as mãos no volante. Seu nervosismo era aparente somente para Belle, que a conhecia muito bem. Respirou profundamente depois de ter sua coxa apertada com carinho, lhe passando confiança.

Passaram pela portaria com permissão de Mary por alguém de Londres querer falar com Cora, achando ser um dos parentes das Mills.

Pegaram o elevador. As mãos de Zelena tremiam, seu coração disparava a cada andar que subia, tentava manter a respiração regulada. Belle beijou seu ombro e tocou a campainha.

Qual não foi a surpresa da ruiva por quem abriu abriu a porta, fazendo-a gelar diante daquela presença.

- Pois não? - Cora a atendeu.

Continue Reading

You'll Also Like

304K 23.1K 45
"𝖠𝗆𝗈𝗋, 𝗏𝗈𝖼ê 𝗇ã𝗈 é 𝖻𝗈𝗆 𝗉𝗋𝖺 𝗆𝗂𝗆, 𝗆𝖺𝗌 𝖾𝗎 𝗊𝗎𝖾𝗋𝗈 𝗏𝗈𝖼ê." Stella Asthen sente uma raiva inexplicável por Heydan Williams, o m...
162K 9.9K 30
Isís tem 17 anos, ela está no terceiro ano do ensino médio, Isis é a típica nerd da escola apesar de sua aparência não ser de uma, ela é a melhor ami...
16.6K 1.1K 20
[🎠📩🪄] ꒷꒦꒷ ♯𝗰𝗵𝗮𝘁. ⇢termo dα lı́nguα ınglesα que se pode trαduzır como "bαte-pαpo" (conversα). Onde Charlotte Campbell é adicionada no grupo de...
20.8K 1.1K 23
Nessa nova fase nós iremos descobrir o que aconteceu depois que a Arizona saiu do quarto delas, sobre o que ela queria pensar. Será que o nosso casal...