Além do Tempo

By GihCross_27

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O amor não escolhe clásse social, personalidade, etnia... não escolhe hora, nem lugar. Ele simplesmente acont... More

1 - O Encontro
2 - O Encontro part. 2
3 - Primeiro dia de aula
4 - Divergências
5 - Confusões de Sentimentos
6 - Sentimento de Mudança
7 - Conflitos
8 - Descobertas
9 - Sentimento de Esperança
10 - Orgulho Ferido
11 - Mesmos Erros de Sempre
12 - Condescendência
13 - Abstinêcia
14 - Amor a Prova de Balas
15 - Oceano
16 - Estou Pronta
17 - Voltando a Realidade e Conhecendo o Perdão
18 - Tudo ou Nada
19 - Decisão Tomada
20 - Minha Dona
21 - Cartas na Mesa
22 - Minha Rainha
23 - Toda Sua
24 - Acertando as Contas
25 - Tudo muda... Tudo passa
26 - Dores e Conquistas
27 - Um Pedido, A Viagem
28 - Noite Feliz
29 - Intolerância
30 - Londres
31 - Curtindo a Vida
32 - Lá Ville Lumière - A Cidade Luz
33 - Au Revoir!
34 - Certezas
35 - Sua Para Sempre!
36 - Lua de Mel e Outras Coisas
37 - Desprezo é a Arma
38 - Ponto de Impacto
39 - Vida que Segue
40 - Fidelidade
41 - Danou-se
42 - Sou Órfã!
43 - Descontração
44 - Noite na Boate e Despedida
45 - Noite das Garotas
46 - O Ano Em Que Ela Não Viveu
47 - Bons Ventos
48 - Promises of Love
49 - Recatada e do Lar
50 - Mais Um Ano
51 - Sonhos de Amor
52 - Naxos
53 - Antio Athína
54 - Cult
55 - Memórias
56 - Novos Caminhos
57 - Ciclos
58 - Desencontros
59 - Mary Margaret
60 - Febre
61 - Notícias
62 - Desenterrando
63 -Você é Minha Luz
64 - Acasos não são Acasos - part 1
65 - Acasos Não São Acasos part 2
66 - Visitante
67 - E o Tempo Seguia
68 Inconsequência
69 - Motivos
70 - Lutar
71 - Esperança...?
72 - Provações
73 - Confronto
74 - Destino
76 - Reviravolta
77 - Transições
78 - Ansiedades
79 - Sombras do Passado part 1
80 - Sombras do Passado part 2
81 - O Preço da Vida
82 - Milagres do Paraíso
83 - Finaly part 1
84 - Finaly part 2

75 - Destino parte 2

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By GihCross_27

Hello, amores! Chegay e bem armada com esse cap cheio de emoções!

Antes que eu me esqueça de novo, a Luna, a garota, é a personagem da Adelaide Kane em Once Upon a Time, a Drizella. Pra vcs saberem quem é, okay!

Hoje vcs saberão também quem é o personagem misterioso!
Espero que gostem do capítulo!

Um xêro!

∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆

- Emma!!

Minha mão queimava pela dor, meu corpo tremia e ardia pela raiva que havia me consumido naquele momento. Minha respiração estava descompassada. Quando ouvi Mary dizer as últimas palavras meu coração acelerou, não pensei duas vezes em desferir um soco certeiro no rosto de David e ouvir Regina gritar meu nome em seguida.

"Meu pai!"

Eu estava diante do homem que havia humilhado, maltratado e abandonado minha mãe há 28 anos atrás pelo fato de não me querer em sua vida. Agora, depois de todo esse tempo, o destino resolve cruzar nossos caminhos, o trazendo para salvar a vida da pessoa mais importante da minha vida.

Irônico.

Ele levantou atordoado com a mão no rosto e me olhou nos olhos. Não havia raiva pelo o que eu fiz, não tinha rancor. Mas por incrível que pareça eu vi tristeza e uma lágrima brilhar e rolar de seus olhos claros como os meus.

- Filha… - ele sussurrou. - você é minha filha!

- Não. Se. Atreva a me chamar assim outra vez! - me aproximei e apontei o dedo para ele, não consegui sentir nada mais que repulsa naquele momento. - Você não tem esse direito.

- Emmy… - só então voltei a mim e olhei para Regina, me aproximando dela. Minha mãe estava atônita, não reagia. - Amor, olha pra mim! - prendi meu olhar no seu. - Se acalme, por favor! - passou a mão pelo meu rosto e no mesmo instante a raiva que me consumia ia se esvaindo lentamente.

- Emma! - David hesitou em se aproximar. Respirei fundo e o olhei.

- Não! Não fale comigo! - Voltei a Regina e segurei seu rosto. - Me desculpe, amor, você não tinha que ter visto isso…

- Ei, ei...não fique assim, okay? - assenti.

- Você se importa se eu sair uns minutos pra respirar? - pedi suavemente no que ela negou e sorriu compreensiva. Beijei sua testa demoradamente e virei-me olhando para Mary.

- Emma, onde vai? - ela indaga.

- Preciso pensar. - encarei David e passei pela porta saindo sem rumo.

Fui para a lanchonete e pedi um suco de maracujá, sentia os nervos à flor da pele. Não podia acreditar que em todos esses dias estive diante do homem que me trouxe ao mundo e me rejeitou. Agora fazia sentido as sensações estranhas que me envolviam sempre que ele estava por perto.

Três meses que se seguiram após este ocorrido. Evitei sua presença e não lhe dirigi a palavra, ele pareceu entender. Já era fevereiro de 2002, o Natal e Ano Novo não teve as comemorações costumeiras que fazíamos. Mas a nossa festinha aconteceu mesmo assim, com comidas e sobremesas orgânicas, com autorização do Dr. Gold e David, no quarto de Regina. Ruby ligou nos desejando felicitações e Lilith veio com Sandra fazê-lo pessoalmente. Lily começaria a gravar cenas de uma minissérie aqui em São Paulo, então ela aproveitou para nos visitar. Parecia finalmente ter tomado juízo e voltado à sua identidade original. Vovó Granny passou a se consultar com um cardiologista daqui mesmo do hospital. O médico lhe receitou novos medicamentos e novas regras de alimentação, garantiu que a nossa velhinha ficaria bem se seguisse suas recomendações.

           Autor

David ainda estava atordoado com o acontecido, queria poder falar com Emma, poder se explicar. No entanto, sabia que nada que dissesse sanaria a dor que causou à Mary Margaret no passado, mas não desistiria, iria lutar pelo perdão da mulher e da filha que havia abandonado.

Preparava as luvas nas mãos e os tubos para colher sangue de Regina. Seu olhar era baixo e triste e a morena estava disposta a fazer algo para mudar aquela situação.

- Você se arrependeu, não é? - perguntou olhando o homem. David deu um sorriso amarelo a olhando brevemente e nada disse, parecia pensativo. Depois do procedimento tirou as luvas e as jogou no lixo.

- Sim, Regina. Você não imagina o quanto! - sentou-se à beira da cama. - O mais engraçado é em como o mundo dá voltas. Coisas aconteceram na minha vida as quais fizeram com que eu enxergasse a verdade e visse o monstro que eu fui um dia.

- Mas você não é mais assim, David. Consigo ver isso em seu olhar e acredito que o que tenha acontecido lá atrás, o transformou no homem que você é hoje. - sorriu compreensiva. - Não desista da Emma, ela só está sentida, logo passará. Ela é uma pessoa boa, acredito que essa mágoa não irá durar muito tempo. Espere mais um pouco. Eu tenho certeza de que vocês vão se acertar.

E era o que verdadeiramente ela queria. Regina conhecia Emma muito bem para saber que essa mágoa não perfumaria por muito tempo. Emma era boa demais para nutrir rancor em seu coração.

As palavras que Regina dissera fez com que David se sentisse bem e um conforto tocasse seu coração. O médico deu um sorriso sincero e tocou a mão da morena.

- Já me sinto orgulhoso só de saber da grande mulher que minha filha é e da companheira maravilhosa que ela tem ao lado. Muito obrigado, Regina! Tenho um trabalho a fazer. - sorriu. - Conquistar o perdão de Mary Margaret e o amor da minha filha.

Regina sorriu e assentiu.

Só o que os dois não sabiam é que Emma estava ali, encostada na porta e ouvindo tudo, com seus lindos olhos verdes marejados.

              ☆♤☆

Cora vinha em um táxi pela avenida principal, estava a caminho do hospital para mais um dia de visita a sua amada filha. Depois que se reconciliaram não mais se desgrudaram, seu novo comportamento impressionou até mesmo à Granny que não imaginava que a ex-nora poderia ter um coração, como ela mesma disse e um novo relacionamento de amizade foi desenvolvido entre as mulheres. E foi pensando nessa nova fase que Cora não notou que uma moto parou ao seu lado e um homem apontou-lhe um revólver calibre 38, a fazendo se assustar. O sinal estava fechado, tempo em que o meliante aproveitava para cometer atos ilícitos.

- De bico calado e passa a porra da bolsa! Isso é um assalto. - Cora paralisou e o homem ficou nervoso. - Anda, caralho! Tá querendo morrer, tia? - ele alternou o olhar entre o carro e o semáforo. Mas uma voz vinda atrás de si o assustou.

- Tenta qualquer coisa e eu atiro. - alguém falou de forma inquisitiva.

A cena aconteceu de forma rápida, Cora olhou para o lado e viu uma bela loira apontando a arma para o assaltante, este que reagiu e virou-se rapidamente, disparou e a acertou com um tiro na barriga, saindo em disparada com a moto logo em seguida. Mills ficou em choque ao ver a mulher caída no chão e pôs as mãos na boca.
Depois do transe de alguns segundos ela resolveu sair do carro e ir em direção à mulher no chão, que estava com a camisa manchada pelo sangue. Cora abaixou-se e encarou os olhos da mulher. Eram azuis, tão límpidos como o mar e Cora se perdeu ali. A loira também não conseguia desviar dos olhos amendoados a sua frente, e ela jurou nunca ter visto uma mulher tão linda antes em toda a sua vida. Mas o barulho da aglomeração das pessoas que paravam ao redor as despertou.

- Oh meu Deus! Me perdoe... - sua voz saiu de forma nervosa e ela atropelava as palavras.

- Fique calma, senhora, - a loira gemeu pela dor ao estancar o sangramento com a mão. - foi de raspão. - pegou o celular no bolso e fez uma ligação direta. - Coronel Ingrid Feasher, fui baleada na avenida com a Rua Dona Adma Jafet, próximo ao Sírio Libanês numa tentativa de assalto. - Cora assistia a resistência da mulher em não demonstrar dor. - O indivíduo fugiu numa CG-125, placa KGB 5432, São Paulo. - pausou - Irei ao hospital, vá atrás dele! - ordenou e desligou.

- Você é policial. - disse a olhando nos olhos. - Oh meu Deus! Venha, eu te ajudo.

Ajudou-a a se levantar e o taxista a colocou no carro indo o mais rápido para o hospital. Chegando lá Ingrid foi atendida imediatamente. Cora se encontrava trêmula e ainda assustada. Olhou suas roupas e viu o sangue da policial manchá-lo, pensou no que seria dela se a loira não tivesse aparecido. Àquela hora poderia nem estar ali.
Pegou o celular e ligou para Emma.

              ☆♤☆

             Emma

- Amor, você sabe que uma hora ou outra vocês terão que conversar, não sabe? - Regina dizia de forma cautelosa. Olhei em seus castanhos expressivos e suspirei.

- Eu ainda não consigo, Regina. Toda vez que me lembro de tudo o que ele fez a minha mãe… - a respiração que saiu de meus pulmões foi pesada.

- Amor, dê a ele uma chance… como fez com Mary. Ele errou, Emma, mas todos aprendemos com nossos erros e ele aprendeu. Ouça o que tem a dizer, por favor! - fez uma carinha tão meiga que não resisti e sorri.

- Está certo...eu vou tentar … - meu celular tocou com o nome de Cora na frente. - É sua mãe. - atendi. - Alô, sogrinha… - pausei e olhei para Regina. - O que? Onde você está? Okay, já desço!

- Emma, o que aconteceu com minha mãe? - perguntou apreensiva.

- Eu não sei direito. - menti. - Ela pediu que a encontrasse na recepção...volto logo. - beijei sua testa e saí antes dela questionar qualquer outra coisa.

Encontrei Cora e me assustei com as manchas em suas roupas. Ela me tranquilizou dizendo que não era seu e contou tudo o que aconteceu com ela minutos atrás.

- Meu Deus! Mas você não se feriu? - a olhei minuciosamente.

- Não, não deu tempo do assaltante fazer nada, a policial chegou na hora. Foi tudo muito rápido! - Cora estava visivelmente nervosa. - Preciso agradecê-la, Emma! Ela me salvou!

- Calma… Ela se feriu gravemente? - ela negou. - Que bom!

- O tiro foi de raspão, mas estou preocupada, ela perdeu muito sangue.

Fiquei ali acalmando minha sogra e a aconselhei a voltar para casa e tomar um banho, certamente a policial ficaria em observação naquele dia e foi o que ela fez. Voltei para o quarto de Regina e lhe expliquei o que aconteceu. Ela, claro, ficou preocupada e feliz por nada ter acontecido à sua mãe e disse que também queria agradecer a policial.

Depois de toda aquela confusão, soubemos por Whale que o corte aberto pelo tiro foi profundo.
Encontrei com David no corredor e me senti tímida em perguntar notícias sobre. Há dias ele vem tentando contato comigo, se aproximar, mas eu sempre me esquivava. A raiva que sentia dele foi passando, ainda mais depois do que ouvi em sua conversa com Regina e em como sua personalidade não se parecia em nada com a do homem que minha mãe me contou. Precisava dar uma chance, afinal, se dei uma oportunidade a minha mãe, por que não tentar com ele também?

- Ah...oi...é… - ele parou e me olhou surpreso. Pigarreei e prossegui. - Você tem notícias sobre a moça que salvou Cora? - só que aí me lembrei que sua área é a oncologia. Corei. - Ah droga! Desculpe, esqueci que você não é dessa área. - cocei a nuca em sinal de vergonha e ele sorriu.

- A policial está sedada. Por conta da cirurgia para os pontos, pois o corte foi muito profundo. - ele cruzou os braços e prosseguiu. - Mas acredito que logo acorde, Cora já está lá e pelo que entendi ela não tem familiares. - franziu o cenho. - Não soube de ninguém ter vindo visitá-la. - concluiu.

- Certo. Obrigada! - sorri sincera e ele assentiu e andou na direção contrária a minha. Então num surto de coragem o chamei - David? - ele se virou me olhando

- Sim?

- Nós podemos… é… conversar?

- Claro que podemos, Emma! - deu um sorriso iluminado

Passei no quarto e avisei a Regina que sairia para conversar com ele e vi seus olhos brilharem com a notícia. Como vovó Granny estava com ela não me preocupei e David disse que Gold estava lá e as enfermeiras estavam sempre a postos. Passamos em sua sala e ele deixou seu jaleco para podermos sair. Decidirmos por ir num lugar mais confortável e fora do hospital, então optamos por uma cafeteria próxima, Vanilla Caffè.
Entramos e procuramos por uma mesa mais reservada possível. Mantivemos o silêncio desde que saímos do hospital até agora. Pedi um cappuccino com canela e ele um chocolate quente, com chantilly e canela.

- Então… - comecei.

- Confesso que passei muitos dias ensaiando algo pra poder te dizer, mas na minha cabeça quem te chamaria pra essa conversa seria eu, não você. - sorriu tímido e tomou um gole da sua bebida.

- É, te peguei de jeito! - rimos. - Então vou simplificar. - o olhei fixamente nos olhos. - Por que?

- Não tenho mais porque fugir. Vamos lá! - apoiou os cotovelos na mesa, passou as mãos nos cabelos e suspirou, voltando a me encarar. - Emma, eu não pedirei que me entenda, mas espero que me ouça. Saiba que, se eu tivesse a mentalidade que tenho hoje, jamais teria feito o que fiz a você e sua mãe, nunca teria agido do jeito que agi. Mas na época eu era um cara "filhinho de papai", - fez aspas com as mãos. - ainda mais por ser filho único. Tinha tudo o que eu queria, na hora que eu pedia e não me importava com nada e ninguém. Só o que eu queria era viver minha vida da forma que me convinha. Trabalhava com meu pai na rede de hotéis de luxo para poder pagar a faculdade, que em breve começaria e quando conheci sua mãe eu já estava com planos pra voltar aos EUA, pra começar essa nova fase de minha vida.

Eu ouvia tudo atentamente, não o interrompi em nenhum momento.

- Quando soube que Mary engravidou entrei em desespero, não estava nos meus planos ter um filho naquele momento e meu pai jamais aceitaria. Até porque eu já estava comprometido. - franzi o cenho e ele abaixou a cabeça. - Sim, uma moça filha de um grande empresário amigo do meu pai, mas eu não queria, ao contrário de Kathryn que não via a hora de nos casarmos. Foi aí que conheci alguém na faculdade e foi o que mudou a minha vida completamente. - vi um brilho apaixonado em seus olhos. - Deixei de ser aquele playboy arrogante e autoritário filhinho de papai, e conheci o amor, Emma. Estudamos e mantivemos um romance às escondidas. Só quem sabia era minha mãe. Papai não podia nem sonhar.

- E quem era ela? - perguntei realmente curiosa. Ele sorriu e deu de ombros.

- Ele. - entreabri a boca em espanto e ele gargalhou com minha cara - Sim, seu nome é Jefferson Hatter. Cursamos medicina juntos, mas ele é fisioterapeuta. Jefferson foi a melhor coisa que me aconteceu.

- Vocês ainda estão juntos. - ele assentiu, e eu estava realmente interessada na sua história. - Mas e seu pai? - indaguei.

- Só me revelei depois que concluí o curso e já havia começado a construção da minha clínica. Ele ficou furioso e ameaçou me deserdar e acabar com minha carreira se eu deixasse essa "loucura" de lado e me casasse com a patricinha filha do seu amigo. - ele revirou os olhos de uma forma engraçada, me fazendo rir.

Conforme íamos conversando, eu ficava cada vez mais à vontade com ele, e mais ainda por saber que meu pai era gay.Nunca na minha vida eu iria imaginar ou esperava por isso.

- Só que mamãe não deixou. Acredite, papai se fazia de macho alfa, mas era só mamãe olhar feio que ele abaixava a cabeça como uma ovelhinha. - franzi o cenho e o olhei interrogativa com o "era", ele entendeu. - Sim, meu pai já se foi há quase 8 anos atrás, vítima de infarto.

-  Sinto muito! - disse e toquei sua mão. Ele olhou e sorriu para meu gesto.

- Bom, mas o ponto, Emma, é que vi minha vida ser transformada quando Jefferson e eu adotamos um garoto que conhecemos. - seus olhos marejaram nesse momento e sua feição mudou para uma mais triste. - Evan era um menino incrível que encontramos nas ruas de Manhattan e nos encantamos. Ele tinha 11 anos de idade. Nós o amávamos muito e foi nele que vi o pai que eu poderia ter sido pra você. Ele era aquele tipo de criança pura que não enxergava a maldade em ninguém, só enxergava o melhor, e ele enxergou o melhor em mim. Me ajudou a sanar a dor da culpa de ter te abandonado. - olhou em meus olhos quando disse isso. - Só que mais uma vez eu falhei. - seu rosto já se encontrava banhado de lágrimas. - há 4 anos atrás Evan foi diagnosticado com câncer no intestino.Tentei fazer tudo o que pude pra salvá-lo, mas o tudo não foi suficiente. Ele partiu 5 meses depois, o câncer consumiu seus órgãos vitais rápido demais e ele...ele… - pôs as mãos no rosto e eu notei que também chorava.

Levantei e me sentei na cadeira ao seu lado, o abracei e ele deitou a cabeça em meu ombro, chorando copiosamente. Sua dor era nítida, tão forte que chegava a apertar meu coração. Não imagino o quão esse garoto deveria ter sido importante para ele.
Depois de alguns minutos ele se acalmou e se recompôs.

- Me desculpe. - neguei compreensiva. - Evan me ensinou o que é ser pai, ser um ser humano. Depois que ele partiu Jeff e eu nos ajudamos a superar, eu comecei o mestrado e iniciei pesquisas para a cura do câncer, as mesmas que estou fazendo com Regina. Por muitos anos eu tive vontade de vir e procurar você. Jefferson me apoiou muito, mas o medo e a vergonha não deixaram que eu tivesse a coragem de iniciar uma busca por vocês, até que o próprio destino se encarregou disso, não é? - deu um sorriso triste.

- Eu nem sei o que dizer. Por muito tempo tive uma imagem de você, que eu só sentia raiva sempre que lembrava da história que minha mãe contou. Mas depois de tudo o que ouvi agora, não sei mais o que pensar. No entanto, o rancor que há muito habitava meu ser... - olhei em seus olhos e sorri sincera. - não está mais aqui. - pus a mão no peito e ele pousou sua mão em meu rosto.

- Será que um dia você será capaz de me perdoar, Emma?

Parei e pensei. Por que não o perdoaria? Uma sensação de paz se apoderou do meu coração e minhas vistas embaçaram com mais lágrimas naquela tarde. E eu o abracei, forte e segura.

- Sim...eu te perdoo, David Eu te perdoo!

Ele se afastou e beijou minha testa, eu fechei os olhos para apreciar esse ato de carinho, no qual pensei que nunca teria.

- Obrigada, filha! Muito obrigada por essa chance. - colou sua testa na minha. - Prometo nunca mais te decepcionar. - sorrimos entre lágrimas e eu brinquei.

- Quero conhecer meu padrasto!

- E você irá. Tenho certeza que Jeff irá te amar. Mas antes, vamos curar sua mulher! E isso eu te prometo, ela vai melhorar.

Sorri tão largo que senti minhas bochechas doerem. Nos abraçamos mais uma vez e ali permanecemos por mais alguns minutos antes de voltarmos para o hospital.

            ☆☆♤☆☆

               Autor

Emma decidiu passar em casa antes de voltar. Era sua vez de passar a noite com sua esposa, já que fazia turnos com Cora e sua mãe, para acompanhá-la durante a noite e não via logo a hora de chegar, mas antes tomaria um banho rápido. Precisava para aliviar mais um dia das preocupações que se tornaram rotina nesses últimos meses com Regina internada, mas hoje ela estava diferente. Sorria uma sensação boa tomava-lhe o coração. A conversa com David foi muito boa e sentia que tudo estava melhor e não via a hora de contar a novidade para Regina. Chegou ao apartamento já arrancando as roupas e indo em direção a suíte para o banheiro. Enquanto a água caía um turbilhão de pensamentos tomava sua mente, e ela só queria relaxar. Lembrou-se da garota de dias atrás e em seu sofrimento. Se questionava em como uma criança poderia estar passando por isso. Mas Emma a admirou, pois no mesmo olhar que viu medo e dor, também enxergou esperança, confiança. Descobriu, durante esses dias que se seguiram, que se chamava Luna e passava pelo mesma situação que Regina. Estava, assim como sua esposa, passando pelo mesmo tratamento quimioterápico, mas que já estava há mais tempo ali do que sua morena. Tinha 15 anos e já passava por todo esse procedimento há quase um ano. Conseguiu todas essas informações pelo simples fato de sempre passar em frente ao quarto da menina a caminho do de Regina, ouvindo as enfermeiras e um casal se dirigindo a ela. Devia ser seus pais.

Depois de pronta, Emma pegou a chave do carro e seguiu para seu destino. Chegou e, mais uma vez, entre os corredores, saudava os enfermeiros que já a conheciam. Parou em frente ao quarto de Luna e a viu sentada na cama olhando em direção a janela. Já se passava das 17h e o Sol logo iria se pôr. Tomada pela coragem Swan adentrou o quarto, visto que não havia ninguém por perto, aproximou-se cautelosamente, pois não queria assustá-la. Mas foi em vão, pois Luna deu um leve pulo ao ouvir a voz da loira lhe chamar:

- Oi! - saudou e viu os olhos da menina se arregalarem. - Calma...não vou te machucar! -

Disse com as mãos erguidas à frente do corpo, mantendo uma distância segura.

- Ah...oi! Desculpe, você me assustou. - sorriu cordialmente, fazendo Emma aliviar a tensão em seu corpo.

A loira se aproximou mais e sorriu num pedido de desculpas.

- Me perdoe, não foi minha intenção.Você estava tão distraída que não me viu entrar e eu também não bati...então… - falou meio apreensiva.

- Tudo bem… - fitou a loira e suspirou estendendo a mão - Prazer, Luna!

Emma se aproximou mais e devolveu o cumprimento com um sorriso.

- Emma! - respondeu apertando delicadamente a mão da jovem. - Está tudo bem mesmo? Você precisa de algo...Quer que eu chame a enfermeira? - disparou as perguntas voltando para a porta e olhando para os lados do corredor.

Luna sorriu mais abertamente. Emma sentiu-se aliviada e feliz pelo sorriso da garota que era tão bonito que chegava a se assemelhar ao sorriso de...Regina?

- Fica tranquila, Emma! Estou bem, só um pouco cansada, mas estou bem. Só.. - vacilou um pouco a voz. - Só queria ver melhor o pôr do Sol. Há tempos que não saio daqui...não sei como vão as coisas lá fora, deste quarto. - disse voltando seu olhar para fora através da janela.

Emma suspirou, não poderia imaginar o quão Luna sentia falta de ter o vento tocar seu rosto, o Sol aquecendo sua pele. O quarto de Luna ficava na ala pediátrica, no mesmo andar que o de Regina e a janela também não era tão baixa para que desse uma boa visão do lado de fora. Suspirando novamente, Emma se aproximou da cama, sem pensar muito, pois queria dar a essa menina um momento alegre em meio a tudo o que passava. Se compadeceu ao fitar os olhos cor de mel opacos. Passando os braços por debaixo das pernas e das costas da garota, Emma a  ergueu da cama.

- Emma! - exclamou - O que...o que está fazendo? - indagou, num misto de medo e euforia, enlaçando o pescoço da loira.

- Te levar pra ver o pôr do Sol, ué! - disse como se fosse o óbvio.

Se aproximou mais ainda da janela e Luna pode contemplar o dia indo embora, para que a noite chegasse, naquele espetáculo de cores que a natureza nos presenteia. Ela se perdeu na imensidão do céu por alguns segundos e respirou profundamente, agradecendo àquela estranha por estar lhe proporcionando esse momento tão bonito. Olhou os prédios ao redor, pessoas indo e vindo, passando pelas ruas. Sentia falta da sua liberdade, de poder estar em seu quarto, com os novos amigos que tinha feito na escola, pouco antes de descobrir o câncer.
Deitou a cabeça no ombro daquela mulher e teve uma sensação que não era o mesmo com seus pais adotivos: a sensação de casa, de estar onde deveria estar, sentimento de conforto. Sentiu Emma a apertar em seus braços e relaxou ainda mais. Nunca soube o que é ter uma mãe ou um pai. Esteve no sistema desde que era apenas um bebê, como disse as assistentes da instituição onde morava, até que conheceu Killian e Millah Jones. Vive há pouco mais de um ano com o casal, tudo ia bem, tudo se encaminhava para passar da adoção temporária à permanente, até que os sintomas começaram e o diagnóstico saiu: leucemia.
A partir daí Killian mudou sua personalidade, passando a assustar a garota que fez com que crescesse em si o medo de voltar para a instituição. Gostava de Millah, mas não a via como mãe, não sentia essa ligação.

Mas algo estava acontecendo ali, naquele quarto com Emma. Ela ainda não sabia, mas em seu coração nascia um sentimento ao qual jamais conhecera, fazendo-o sentir-se leve, aquecido e protegido.

E Emma não era indiferente a tais sentimentos, sabia que era bom e que queria cuidar e protegê-la. A loira não sabia, mas seu coração estava sendo tomado por um sentimento desconhecido, do qual estava disposta a descobrir e decidiu que, a partir daquele instante, não sairia mais de perto de Luna.

             ☆☆♤☆☆

           Notting Hill
             Londres

Tomava um delicioso café pour over, seu favorito, no seu lugar predileto: Monmouth Coffee. O estabelecimento encontrava-se cheio naquela hora da tarde. Mesmo sendo pequeno, oferecia um bom atendimento, produtos sempre quentes, o aroma aguçava os paladares.
Enquanto esperava pelo seu informante, apreciava a bela vista do imponente Palácio de Buckingham, onde abrigava a realeza. Por intermédio da grande influência política da mãe, teve a honra de poder estar na presença de vossa alteza, a Rainha Elizabeth ll. Esta, que ao olhar para si, disse algo que ficou guardado em sua mente para sempre.

“Nunca abaixe a sua cabeça para ninguém, seja forte e enfrente seus adversários de olhar altivo. Sempre impunha respeito. Mas nunca se esqueça que para crescer, até mesmo no poder, a humildade e benevolência jamais deve sair de seu coração!”

E assim cresceu fazendo dessas palavras seu lema de vida.

Despertou das lembranças com a chegada do detetive Graham Humbert, profissional que leva em seu currículo um título de excelência em seu trabalho. Conhecido por nunca deixar um só cliente sem suas respostas, jamais desapontou um sequer.
O cumprimentou com um aceno de cabeça e estendeu a mão, oferecendo-lhe o lugar a sua frente.

- Vamos, Sr. Humbert, mostre-me o que tão de interessante conseguiu para mim. - disse com a voz baixa, não querendo chamar a atenção dos clientes do Café ao seu redor. 

- Claro. - respondeu apenas, estendendo sobre a mesa um envelope de documento pardo e seu discreto laptop. - Como havia me pedido, viajei e lá pude obter informações mais precisas sobre a pessoa em questão.

Abrindo o envelope tirou de lá alguns papéis e fotografias impressas. Olhou para o homem à sua frente e abriu um largo sorriso demonstrando esperança em sua busca.

- E o que foi que descobriu?

- Com base nas informações adquiridas, esta é Cora Mills, socialite empresária na indústria da moda. - disse apontando para a imagem posta sobre a mesa - Viúva há pouco mais de dois anos. Henry Mills era empresário influente, trabalhava no ramo da siderurgia. Cora Reside recentemente na cidade do Rio de Janeiro.

Olhava as fotos, mas uma lhe chamou a atenção: - E quem seria esta? - perguntou com o cenho franzido em curiosidade.

- Esta é a parte interessante. Essa é a filha do casal, Regina...Regina Mills! - concluiu o detetive.

Um bolo se formou em sua garganta, fazendo com que sentisse um leve enjôo. Não esperava por aquela informação.

- Então...ela tem uma filha? - disse para si, em um quase sussurro. Pigarreou se recompondo do choque. - E o que mais tem sobre ela? Vamos, Sr. Humbert, vejo em seus olhos que há mais a me dizer! - estava impaciente.

- Sim, há sim mais coisas. - abriu seu laptop, digitando rapidamente e virou a tela. - Ela atualmente reside na cidade de Natal e é casada. Sua companheira chama-se Emma Swan, natural do Rio de Janeiro, lugar onde se conheceram. - pausou brevemente para mostrar a foto de Swan.

- Hum...que interessante. Prossiga! - era nítida sua curiosidade mediante aquele assunto.

- Elas se conheceram na faculdade há 9 anos, onde cursaram Engenharia Civil juntas, se formaram e se casaram. Mas pelas informações que colhi, os pais de Regina não aceitaram seu relacionamento com a jovem Swan, fazendo com que Regina perdesse contato com os mesmos.
Hoje elas residem em Natal, município do estado do Rio Grande do Norte, como disse. Tem seu próprio negócio, muito promissor e permanecem casadas.

- Mas…? - sabia que ainda havia algo mais, podia sentir isso.

O detetive suspirou pesaroso, encarando seus olhos. Não queria ser o portador daquela má notícia, mas sabia que era preciso.

- É… - suspirou mais uma vez antes de continuar. - Há quase um ano, mais ou menos, Regina luta contra um câncer…

- Câncer?! - exclamou. Não soube explicar, mas pôde sentir um aperto em seu peito. Sua voz quase sumiu.
- Que tipo de câncer?

- Ela foi diagnosticada com leucemia. Há 8 meses faz tratamento para se livrar deste mal.

- E onde ela está agora? - via-se preocupação em seu semblante. Mas por que estava se importando se nem ao menos a conhecia?

- Desde que começaram com o tratamento estão residindo, temporariamente, na cidade de São Paulo, onde Regina se encontra internada no Hospital Sírio Libanês, um dos melhores da América Latina.

Pensava em silêncio. Há meses contratou Graham Humbert para descobrir o paradeiro de sua verdadeira família. Conhecia o homem há anos, quando o detetive a salvou do que seria um trágico acidente de carro. Desde então mantiveram contato e criaram um laço de amizade. Mas quando era requerido por seus serviços, tratavam-se profissionalmente. Então o chamou para esse trabalho, depois que a mulher, em seu leito de morte confessou não ser sua mãe, ficou devastada. Passou meses reclusa, se afastou dos amigos, mal se concentrava em seu trabalho. Passou a se trancar em seu mundo se perguntando o porque de tudo isso acontecer agora. Até que um dia tomou um choque de realidade, depois de muito se questionar e perceber que, ao invés de viver perdendo tempo se lamentando, ela deveria estar agradecendo. Sim, pois se não fosse por Mirana Mader, ela jamais estaria onde está, jamais seria quem é. Jamais teria a vida incrível que teve ao lado dessa mulher maravilhosa, ao qual teve a honra de chamar de mãe. Se levantou do chão recolhendo seus cacos e se reergueu, voltando pra vida. Agradecida, porque sabia que com Cora Mills não teria nada disso, só de ouvir o que sua suposta irmã deveria ter passado com essa mulher que também a colocou no mundo.

Tomou mais um gole de seu café, olhou para fora e suspirou profundamente. Depois de muito refletir, voltou-se para o homem à sua frente, com uma decisão tomada.

- Tenho que admitir que não me decepcionou em nenhum momento, Graham! - abriu um lindo sorriso para o rapaz, estendendo-lhe a mão.

- Sabe que sempre poderá contar comigo, Zelena. - retribuiu o sorriso tomando a mão estendida, deixando ali um beijo casto.

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