No dia seguinte acordamos cedo de novo e caminhamos até o final da praia do Peró. Era um ponto bem destacado e deserto e nós ficamos bem à vontade. Descobri uma região imprensada entre pedras que se assemelhava com uma pequena piscina. Chamei Regina para ir comigo lá. Sandra e Nara torravam na areia.
- Que coisa linda! Esse lugar é um paraíso! Não deixa a dever para a costa da França.
- É? Melhor é a companhia. – abracei-a pela cintura.
- Emmy, quer sossegar? – disse fazendo dengo.
- Eu tô querendo tudo, menos sossegar. – beijei seu pescoço e enfiei a mão por dentro de sua calcinha de biquíni.
- Emma! Estamos na praia e elas estão logo ali. – tentava se desvencilhar.
- Linda, esse trecho aqui é deserto e elas estão deitadas de bruços tomando sol. Ninguém vai ver nada. Vem aqui, vem... – continuei abraçando, beijando e passando a mão por onde queria
- Emmy, pare! – ficou de costas pra mim.
- Hum, você quer assim? Ótimo! – pus uma das mão por dentro do sutiã do biquíni e a outra encontrou sua abertura
- Oh, Emmy, don’t, don’t, oh Emmy... – arqueou as costas e deslizou a mão pela minha nuca.
Empurrei nós duas para debaixo d’água e virei-a de frente para mim. Começamos um amasso gostoso e suas mãos começaram a me explorar.
Fomos caminhando para areia e ela estava corada como nunca havia visto.
- Elas nunca vão desconfiar que a gente fez amor na praia com você vermelha desse jeito! – ri
- Sem vergonha! – me deu um tapinha no braço – Agora vamos ficar assim, molhadas, até o hora de tomar um banho.
- Mas na praia se fica molhada mesmo! – respondi brincando.
- Você entendeu! – fez careta sorrindo.
Nara virou de frente para continuar o bronzeamento e pôs a mão sobre os olhos para falar conosco.
- Que horas são? – olhou para Regina – Por que você tá tão vermelha??
E mais vermelha ela ficou.
- Bobagem! O sutiã dela abriu de repente e aí ficou com vergonha. – menti.
- Vergonha de quê, criatura? Só nós estamos aqui, e nem vimos nada. – Nara respondeu
- Infelizmente! – brincou Sandra.
- Sandra, cuidado, viu? – mexi com ela.
Sentamos na canga debaixo do guarda sol. Comecei a passar protetor nas costas de minha morena.
- E então, Regina? E a vida de casada?
- Maravilhosa, Sandra. Estou adorando.
- Emma deve ser boa companheira. – disse Nara.
- Ela é. – olhou para trás e me encarou de soslaio – Muito safada, mas é. – sorriu.
- É assim que você adora! – beijei seu pescoço.
Ela sentiu cócegas e riu.
- Com o tempo você vai perder essa timidez excessiva! Eu também era assim.
- Mas eu fiz tratar dessa timidez logo logo. – Sandra respondeu.
- Essa aí sim, é que é muiiiito sem vergonha. – Nara bateu na bunda da outra.
- Ei!
- Então estamos bem arranjadas. – Regina brincou
Almoçamos às três da tarde, e a comida de dona Rosali era sempre ótima. Voltamos para um jogo de vôlei na praia e rapidamente éramos quase vinte pessoas, homens e mulheres, jogando animadamente. Uns rapazes ficaram dando a maior bola para Regina e até nos convidaram para sair à noite. Eu fiquei uma fera, mas ela, como sempre, não deu a mínima para eles.
Por volta das nove da noite, nos arrumamos para sair. Regina vestiu uma curta saia jeans de cintura baixa e uma blusinha verde, deixando o umbigo de fora. Eu usava um vestido vermelho decotado nas costas e pouco acima do joelho.
- Emmy, essa sua roupa é muito provocante. Vai ter um monte de homens em cima... – Regina disse mansamente só que contrariada
- Você já se olhou no espelho? Está linda e gostosa, e tenho certeza de que vai me dar trabalho... – abracei-a pela cintura – Relaxa! – beijei seu pescoço – Não vou dar mole pra ninguém não. Você sabe que eu ando bem comportada desde que a gente começou a namorar, não sabe? – cheirei seu pescoço – Hum, que perfume bom...
Ela sorriu e se afastou.
- Pare! Vamos indo senão você vai querer alguma coisa e atrasa todo mundo... – caminhou sensualmente até a porta do quarto.
Fomos no carro de Nara para a praia do Forte e havia muita gente lá. Um carro de som animava o pessoal com música baiana e a gente dançou muito. Vários caras chegaram em Regina e eu, mas nós demos fora em todos. Sandra e Nara passaram pela mesma coisa.
Reparei que Sandra paquerava uma garota acompanhada, e ela parecia corresponder.
"Gente, como eu nunca reparei que Sandra era assim?"
Elas beberam muita caipivodka e por volta das 3:00h voltamos para casa. Dessa vez, eu vim dirigindo.
♤♤♤♤♤♤
Jogamos vôlei com quase o mesmo pessoal do dia anterior. Uma hora parei para beber água e Regina veio atrás. Um dos carinhas que dava em cima dela se aproximou e perguntou:
- Agora que tô vendo. Tu é casada! – olhou para a mão dela – E você também. – olhou para a minha
- Pois é. – respondi sem muita graça.
- E quem é o louco que deixa uma gata dessa sozinha? – olhou Regina de cima a baixo e perguntou de forma sedutora.
- Mas eu não estou sozinha. – segurou minha mão e voltamos para a roda jogar.
O cara ficou embasbacado e demorou alguns minutos para voltar ao jogo. Depois, ao final de tudo, eu o vi cochichando com os colegas, e alguns deles nos olhavam com cara de tarado.
- Eu juro que se algum babaca desses vier com idéia de ménage a trois eu quebro os dentes...
- Calma Emmy, nada disso. Desprezo, essa é a arma. Você precisa aprender a controlar essa fúria. – pôs a mão sobre meu braço me acariciando.
- Eles é que têm que aprender a se controlar...
☆☆♧☆☆
Saímos a noite de novo para praia do Forte e hoje o ritmo era pagode. Particularmente não gosto muito, mas foi divertido porque Nara e eu ensinávamos Sandra e Regina a sambar. Novamente veio um monte de caras, mas não demos abertura.
- Gente, é incrível como homem é fácil! E depois uns babacas vêm dizer que as mulheres de hoje em dia é que são safadas. Se a gente quisesse já tinha pego bem uns vinte homens cada uma.
- Eu sei, Nara. É que o esporte de uma sociedade patriarcal é controlar as mulheres e cobrar uma eterna pureza que nunca cobra dos homens.
- É por isso que quando eu pegava homem sacaneava muito, Swan. E acho que você era do tipo! – Sandra me deu um tapa no braço.
- Digamos que eu não era muito legal...
- Eu fiquei com uns quatro homens só. Mas acho que uma mulher na cama é muito melhor. – disse Nara.
- Eu nunca tive nenhum. E nem quero.
Sandra riu.
- E mulher, Regina? Quantas?
- Só essa. – apontou para mim.
- Ih, Emma, olha a responsabilidade hein? – Sandra brincou.
- Eu me garanto!
A tal moça com o namorado apareceu de novo, e dessa vez havia outro rapaz com eles. Os caras bebiam muita cerveja e ela olhava em nossa direção. Sandra a devorava com os olhos. Lá pelas tantas ela disse que ia procurar caipirinha tradicional e sumiu. Observei que a moça também. Os dois caras bebiam sozinhos e assistiam a pequena TV da barraca de bebidas. Nara enchia a cara de caipivodka e sambava com a gente. Acho que não se tocou. Regina foi quem me perguntou baixinho:
- Não acha que Sandra demora muito por conta de uma caipirinha?
- Eu acho que ela tá se amassando com uma garota. Depois te explico.
- O que?! – perguntou indignada.
Nara ouviu e quis saber:
- O que, o que? – bebeu mais um gole – Uh... O que, o que? O que, o que? – sambava e cantava.
- Essa aí hoje não vê nem percebe mais nada... – disse para Regina.
Acordamos às 9:00h, preparamos uns sanduíches para levar e fomos sozinhas para praia de novo. Dessa vez peguei o carro e fomos até a praia das Dunas. A caminhada pelas dunas até chegar no mar é longa, mas vale cada minuto. Aquela areia branca, fina e compacta e o mar límpido, azul, da cor do céu formam um conjunto maravilhoso.
- Que praia linda! Vamos ficar por aqui, né? – Regina perguntou animada
- Claro!
Curtimos bastante e lá as ondas estavam altas. O Peró tem ondas pequenas e as Conchas nem isso. Brincamos como crianças, furando as ondas e pegando jacarés. Regina não conhecia isso e se esbaldou. Chegamos em casa umas cinco horas.
Saindo do carro ouvi umas vozes exaltadas e deduzi que Sandra e Nara brigavam. Olhei para Regina que também entendeu.
- E agora, amor? A gente entra? – perguntei.
- Vamos entrar discretas indo direto pro banheiro.
Assim fizemos e começamos a tomar banho. Ouvimos quando Nara disse:
- Pensa que sou idiota? Eu manjei que você demorou muito atrás de caipirinha, e agora essa marca no pescoço! Eu não deixei isso aí! Quero saber agora quem é a vagabunda?
- Nara, você viaja muito! Eu tinha que ser muito gostosona pra sair atrás de bebida, encontrar uma mulher a fim de trepar com ela. E trepar aonde, aliás? No banheiro público?
- Como se você tivesse escrúpulos com essas coisas... – respondeu debochada
A briga não dava tréguas e quando saímos do banheiro as duas ainda discutiam trancadas no quarto.
Comíamos quietas e quando cuidávamos da louça o barulho acabou. Não demorou muito e Sandra aparece com uma cara horrível. Ao nos ver sorriu sem graça.
- E aí? Tava bom lá nas Dunas?
- Muito! Eu amei aquela praia! – Regina respondeu
- Podemos voltar amanhã, querida. – comentei
- Em, me passa esse bule aí por favor. Vou encher a cara de café! – sentou na cadeira. Peguei o bule e um copo e entreguei para ela.
- Tá frio!
- Deixa!
- Que barra, hein? Pelo que vejo vocês não vão querer sair hoje. – disse.
- Nara cismou que eu trepei com alguém ontem. Palhaçada... – fez cara feia ao provar o café frio.
- A gente pode ficar aqui hoje. – Regina disse mansamente – Ouvi dizer que no Centro do Peró tem um carnaval mais tranqüilo que o do Forte – olhou para nós duas.
- É uma boa! – respondi – A gente pode ir a pé mesmo e ficar lá de bobeira.
- Pode ser. Vocês vão jogar hoje?
- Eu queria. – disse
- Eu não. Mas vou na praia com você. – Regina disse
- Pra vigiar? – Sandra perguntou meio desaforada – Essas nossas garotas são foda, Swan. Desconfiam até da sombra.
- Ela quer ir e eu gosto que vá. – respondi secamente.
- Eu não vou não. De repente, de noite, posso até ir. – levantou-se da cadeira, pôs o copo sujo na pia e ajeitou a roupa. Foi até a porta e disse: - Fui!
Regina tentou falar com Nara, mas ela não quis saber de sair do quarto. E nem respondeu quando chamada. Só se ouvia um choro baixinho. Desisti de ir jogar porque fiquei sem clima, e fiquei em casa vendo TV com minha pequena. Sandra continuava na rua.
Por volta das sete Nara sai do claustro. Ainda vestia camisola, os cabelos estavam desgrenhados e o rosto bem inchado. Foi direto para a cozinha e depois sentou-se na sala conosco.
- Cadê a outra? – perguntou se abraçando a uma almofada
- Saiu. Não sei para onde foi. – respondi
- Na certa se encontrar com a vagabunda de ontem... – sua voz mostrava a mágoa
Regina abaixou a cabeça desconcertada.
- Ai Nara, chega com isso. – disse suavemente segurando sua mão – É carnaval, a gente veio aqui pra curtir, não vamos quebrar o clima com essas coisas. Se você acha que rolou alguma coisa, dá um gelo nela. Mas não estrague seu carnaval por conta disso.
Ela me olhou nos olhos.
- Nós podemos sair hoje aqui pelo Peró mesmo. Parece que há um carnaval modesto no centro. Pode-se ir a pé. – Regina acrescentou – Aí nós iremos e você desanuvia essa tristeza.
Nara pensou, respirou fundo, levantou-se e disse:
- Eu vou tomar um banho e me arrumar. Se Sandra não estiver aqui até a hora em que sairmos, azar o dela!
- É isso aí, mulher, é assim que se fala. – respondi sorrindo
Ela sorriu desanimada e foi se arrumar. Regina e eu fizemos o mesmo.
O carnaval no Peró era bem tranquilo. Parecia coisa do interior. Um pessoal montou um bloco do boi e nós fomos atrás brincando. Nada de Sandra. Lá pelas tantas paramos em uma sorveteria.
- Aqui é mesmo mais devagar. Só quatro caras chegaram na gente.
- E dois atrás da minha mulher! – enfatizei – Esse negócio de passar carnaval com morena exuberante não é fácil.
- Ah é? E os outros tantos que ficaram olhando para vocês, não conta? – Regina perguntou apertando minha bochecha
- Vocês nunca passaram carnaval juntas? – perguntou curiosa.
- Bem, quando eu a conheci o carnaval já tinha passado. No de 94 ela tava na Europa e no de 95 eu tava na casa dela me recuperando de um tiro. – olhei para ela – E que carnaval maravilhoso...
Regina corou até o pescoço.
- Levou um tiro e foi maravilhoso??- pensou um pouco - Hum, imagino o por quê. – sorriu e olhou ao redor – Nada daquela cafajeste!
- Você tem certeza de que ela aprontou? – Regina perguntou delicadamente.
- Eu não vi nada, mas depois pensei: ela demorou demais pra comprar uma caipirinha. E...não seria a primeira vez que me corneou. – baixou os olhos. "Mas e não é uma corna sabida??"
- Estão juntas há quanto tempo? Uns dez anos? – perguntei.
- É. Dez anos e duas semanas... – brincava com a pá do sorvete – E nesse meio tempo, só até onde eu saiba, já devo ter mais de uns trinta pares de chifres. Chifres com mulheres, sapatonas típicas e garotinhas de quinze anos...
- Por Deus, criatura, e você atura isso?! – Regina questionou indignada.
- Aturo... – uma lágrima escorreu do canto dos olhos.
- E te faz sofrer. Já pensou que poderia ser melhor pra você dar um fim nisso? – perguntei.
- Já. Minha mãe diz isso, minha irmã, minhas amigas... Eu é que não tenho coragem...
- Mas por que? – Regina perguntou intrigada.
- Porque eu a amo! – disse enfaticamente – Eu simplesmente não posso arrancar isso do meu peito.
- Bem! Ou você arranca a força, ou sofre assim sempre, ou faz a Sandra pelo menos acreditar que se não mudar vai te perder. – respondi.
- Eu sei. – olhou para mim tristemente – Ai gente, - olhou o relógio – são meia noite. Vamos embora?
- Vamos. – Regina respondeu.
Viemos embora e ao chegar na casa Sandra roncava no sofá. Seu aspecto estava péssimo! Parecia estas pobres prostitutas de beira de estrada, com uma saia curtíssima, a blusa desgrenhada e o cabelo todo revoltado. Da boca aberta escorria uma baba gosmenta.
- Que diabo! – Nara resmungou revoltada
Parou para olhar a outra com ar de crítica e se trancou no quarto.
- Regina, pode ir tomar seu banho que eu vou conversar com essa criatura aqui. – beijei-a na boca
- Está bem. Eu espero na cama. – beijou-me de novo.
- Isso é uma proposta? – abracei-a pela cintura.
- Quem sabe amanhã! – mordeu meu lábio e se afastou indo para o quarto.
Aproximei-me de Sandra para acordá-la. Vi uma garrafa de cerveja largada no chão.
- Sandra. – pus a mão em seu ombro – Acorda, criatura. – balancei-a – Acorda, mulher!
Ela abriu os olhos com dificuldade e pôs a mão na cabeça.
- Puta que pariu, que dor de cabeça.
- E por que será? – levantei – Vou pegar um Engov pra você. Levanta, vai tomar um banho e tomar um aspecto de gente.
- Ah! – sentou-se com dificuldade – Eu não consigo levantar não. Tá tudo rodando! – pôs as duas mãos na testa
- Eu vou te ajudar. Espera aí.
Dei um Engov para ela e levei-a para o banho. Peguei aquela roupa suja e coloquei em um saco plástico no quintal. Entrei devagar no quarto delas e Nara já dormia. Peguei uma camisola de Sandra e levei para que vestisse. Ela vomitou três vezes dentro do vaso
sanitário e xingou um monte de palavrões. Por volta de umas duas da manhã coloquei-a acomodada em uma cama que montei no sofá. Deitou e dormiu quase que imediatamente.
"É mole? Virei mãe de amiga pingunça!"