Estrela Morta

By MyLightNovel

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ESTRELA MORTA História por Nero Ilustrações por Trutanos Revisão por Tany Isuzu Distribuição: My Light Novel... More

O Novato Veterano
Mudança de Direção
Batismo de Fogo
De Mãos Dadas para o Abismo
Morais
Companheiros
Mudança
Ataque
Correntes e Bainhas
Após a Tempestade
Viagem de Campo
Reencontro
Atacantes e Defensores
Força Esmagadora
Vento e Lâmina
Preparação
Escada
Determinação
Conflitos Antigos
Quebraprata e Resplendor
Rei da Lua Sangrenta, Parte 1
Relatório de um Professor do Divino
Nova Etapa
Sombras Densas
O Corredor
Novo Eu
Entrando
Primeiro Dia de Aulas
Guarda-Costas
Conselheiro
Nobre
Fazendeira
Desaparecidos
Suporte
Gêmea
A Torre
O Laboratório
O Diretor
Graduação
Mensagem
Torre Dourada
Luan Valafern
Primeiro Passo
Rastro de Fumaça
O Rei Negro
Dever de um Padrinho
Resgate
Kendra, a Senhora das Lâminas
Garra Negra
Estrela Morta
Necromante
Amadeus e Valafern
Terceira Herança
Dois Tipos de Raiva
Kaiser e Valafern

Damas de Ferro

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By MyLightNovel

          Depois de que Kendra terminou de falar com sua mãe, ela parecia ainda mais determinada do que o de costume. Sem sequer esperar os seus ferimentos se curarem por completo, ela nos fez levantar acampamento e perseguir a pessoa na armadura negra o mais rápido que nossos pés conseguiriam nos levar.

          Embora a mudança de seu foco para ele fosse um pouco estranha, eu sabia que não teria uma resposta detalhada se simplesmente perguntasse o porquê do novo objetivo. Seria mais fácil esperar que alcançássemos nosso alvo para ver o que ela faria.

          Considerando que ele parecia estar indo na direção do Divino, a ideia de achar a trilha dele em meio a toneladas de areia não me parecia muito atrativa. Mas só precisamos nos conectar brevemente à rede do Divino para descobrir a localização exata dele com um sinal de socorro seguido de uma breve imagem mental do dito cujo.

          Aquele era o tipo de mensagem de emergência enviado por batedores que precisavam avisar os postos sem gastar muito tempo. E, como estávamos perto da fronteira, não era difícil adivinhar que se tratava de alguém cuidando do território de um dos vários pontos responsáveis por monitorar quem entrava ou saía do território do Divino. E, considerando que eles não precisavam ir muito longe, isso significava que o alcance não era muito grande, indicando que o nosso alvo estava por perto.

          Embora isso facilitasse nossa busca, Kendra parecia ainda mais ansiosa. A última vez que havia a visto ficar tão inquieta tinha sido quando os Amaldiçoados amigos do Brayan atacaram a Escola do Divino e aquela nuvem de pássaros cobriu todo o local. E, considerando que daquela vez nós encontramos toda a escola coberta de ratos e insetos mortos, metade dos prédios estavam desabando, e os Amaldiçoados que havíamos capturados tinham fugido surfando em um pilar de pedra que abriu um rombo na muralha da escola se movendo mais rápido do que qualquer cavalo, eu não estava muito ansiosa para ver o que nos esperava quando finalmente estivéssemos frente a frente com nosso alvo.

          Obviamente, minhas perspectivas não melhoraram quando encontramos os corpos de três batedores jogados no meio da areia.

          — Não há sinais de luta — disse Gladys após analisar os ferimentos dos corpos. — Quem quer que os tenha atacado não deu nenhuma chance de defesa.

          Bem, não era muito difícil de adivinhar que aquele era o caso, já que um deles teve o pescoço quebrado sem sequer sujar a espada. E, considerando que outro teve o peito afundado até quase virar uma panqueca, era de se esperar que alguém forte o suficiente para enfrentar o Executor tenha passado por ali. No mais, isso também serviu para mostrar que se tratava de alguém hostil. Se é que já não fosse óbvio suficiente.

          Kendra também não pareceu exatamente surpresa, embora a cara de dor de barriga dela tivesse ficado pior. Ou talvez fossem os hematomas finalmente a fazendo sentir a dor.

          — Não parece que eles foram mortos há muito tempo. Talvez o responsável esteja apenas um pouco a nossa frente — completou Gladys, se levantando.

          — Bem, eles eram novatos, mas não exatamente inexperientes, se eles foram trucidados assim, talvez fosse melhor chamarmos reforços — comentei, esperando evitar ter meus ossos transformados em poeira.

          Kendra ficou em silêncio por um instante e, então, sem dizer uma única palavra, começou a andar novamente. Suspirando, aceitei minha derrota e comecei a segui-la.

          Dito isso, em algum lugar dentro de mim, tinha esperança de que o nosso alvo teria ido direto para algum posto da fronteira. Considerando que eles possuíam um sistema de redes mais amplo e soldados melhor treinados, talvez conseguissem segurar ele até reforços chegarem e então vencer por uma vantagem numérica.

          Minhas esperanças foram transformadas em poeira quando finalmente chegamos ao posto e fomos recebidas por uma muralha cheia de buracos e uma das torres explodindo como se um punho invisível gigante tivesse acabado de socá-la com toda sua força. No lado positivo, não tinha nenhum animal morto por perto dessa vez.

          Kendra acirrou os olhos e disparou em direção ao posto, Gladys e eu seguindo logo atrás. Àquela altura, eu já estava suando frio. Eu podia até me garantir em uma luta e era uma lutadora bem acima da média. Mas quando seu inimigo rivaliza alguém que pode explodir casas com uma espada, faria bem considerar uma solução mais diplomática.

          Passando pelos portões dos postos, vimos o que só posso descrever como uma cena de um conto de horror. Metade do chão do pátio principal estava afundado, como se uma pedra tivesse caído nele de uma grande altura. O que eu só podia chutar serem os corpos dos soltados do posto amassados contra o chão. Embora todas as fraturas expostas e pedaços de metal amassados tornassem a identificação de quantos eram um tanto difícil.

          E de pé, a única figura ainda verdadeiramente inteira, estava a pessoa na armadura negra. Na frente dele estava algum pobre coitado que havia sido cortado perfeitamente ao meio, a poça de sangue ainda crescendo entregava que havíamos chegado apenas alguns instantes tarde demais para o grosso da luta.

          Minha cabeça começou a soar com mensagens da rede do Divino na região. Aparentemente, os postos estavam a caminho, mas ainda demoraria algum tempo até que chegassem. E, considerando que ele já havia percebido nossa presença, tempo era algo que não achava que tínhamos.

          Respirando fundo, preparei meu tridente. Se já estávamos ali, não fazia sentido virar as costas e sair correndo em pânico. Focando em nosso inimigo, tentei achar alguma abertura que pudesse usar para acabar com aquela luta o mais rápido possível.

          A armadura, apesar de todos os detalhes com tema de leão, não parecia muito diferente das de placa comuns. A espada dele era um pouco diferente das que eu estava acostumada. O corpo dela era largo, com a ponta se curvando para cima como se fosse um gancho. Era um pouco difícil de dizer de que tipo de metal ela era feita, já que a lâmina possuía uma cor preta. Mas o que mais me surpreendia era o quão limpa ela estava. Considerando que ele obviamente havia acabado de partir o cara ao meio, era de se esperar que pedaços de carne e sangue estivessem cobrindo toda a lâmina. Mas ela parecia tão limpa que você poderia jurar que havia acabado de ser feita.

          Eu pensei em comentar isso com as outras duas, já que detalhes estranhos assim costumavam ser alguma pista de qual era o poder do inimigo. Mas, antes que eu pudesse sequer respirar para ganhar fôlego, Kendra já havia disparado como uma rajada de vento contra o inimigo.

          No espaço de tempo entre ela disparar e se chocar contra ele, um frio correu pela minha espinha. Gladys provavelmente teve a mesma sensação, pois ela bateu seu martelo no chão, fazendo o chão embaixo de Kendra se levantar, jogando-a para trás.

          Kendra percebeu o que Gladys estava fazendo e tentou mudar a direção de seu movimento, e então o som do chão ao redor do inimigo estourando encheu meus ouvidos. O pedaço de terra que Gladys havia levantado se transformou em poeira, com uma marcação circular se formando em um raio de dois metros com a pessoa na armadura negra no centro. Se Kendra não tivesse parado sua investida, ela provavelmente teria sido amassada como os outros soldados do posto.

          Sabendo que se aproximar era perigoso, Gladys movimentou seu martelo, arrastando ele em uma meia-lua no chão. A terra que a ponta tocou seguiu o movimento, formando uma onda de pedra e poeira que avançou com tudo contra o alvo. A pessoa na armadura negra reagiu, erguendo sua espada na direção da onda, como se estivesse cortando o ar.

          Quase que imediatamente, o som de estouro soou outra vez, com uma força invisível quebrando a energia do ataque e transformando tudo em uma linha de pelo menos cinco metros na direção da lâmina em uma cratera.

          Pelo menos, com aquilo, já sabíamos o que havia derrubado a torre, mas então uma ideia cruzou pela minha cabeça.

          — Continue mandando terra na direção dele. Acho que sei como o poder dele funciona, mas preciso confirmar.

          Gladys simplesmente acenou com a cabeça. Balançando seu martelo novamente, ela começou a riscar o chão ao redor dela, ganhando mais velocidade quanto mais ela manuseava o martelo. Ondas de terra começaram a avançar contra o alvo de quase todas as direções possíveis. Até mesmo eu teria dificuldade em evitar todas elas naquela velocidade, mas ele nem sequer tentou se mover do lugar.

          Assim que as ondas chegaram à marca circular criada pela primeira explosão, ele abaixou a espada. E, novamente, o chão ao redor dele estourou. Desta vez, criando rachaduras que se expandiram até bem depois da suposta área de impacto. Todas as ondas dentro do círculo se desfizeram e caíram no chão agora que haviam sido paradas completamente.

          Gladys começou a andar enquanto fazia os movimentos, tentando fazer arcos maiores com seu martelo. A terra começou a responder com ondas que começaram a circular o alvo antes de tentar acertá-lo por trás. Porém, mesmo com a tentativa de ataque surpresa, assim que elas chegavam a três metros dele, a força invisível estourava, desfazendo todas.

          Ela, então, tentou mudar sua estratégia, segurando o martelo o mais perto da ponta possível e arrastando ele em uma linha reta na direção do alvo. Isso criou uma onda de terra tão grande quanto ela que avançou com tudo na direção do alvo.

          Dessa vez, ele respondeu cortando o ar na direção da onda horizontalmente. Isso fez com que a própria terra que havia se erguido fosse cortada ao meio, o impacto foi tão grande que todo o ataque se desfez.

          E com isso, todos os ataques de Gladys tinham sido anulados com ele movendo seu braço duas vezes e sem dar um passo sequer. No lado positivo, isso havia me dado uma boa ideia de como o poder dele funcionava.

          Troquei olhares com Gladys, que, a essa altura, também havia percebido o que estava acontecendo. Ela, então, ergueu o martelo o mais alto que podia, trazendo sua cabeça contra o chão com toda sua força.

          O chão de ambos os lados do alvo se ergueu, começando a se fechar sobre ele como duas paredes. Mesmo que ele usasse os seus ataques, não poderia simplesmente ficar parado ou o entulho acabaria o enterrando.

          Antecipando-me aos seus movimentos, disparei para a esquerda enquanto minha mão livre agarrou a Dominadora. O inimigo saiu de meu campo de visão quando o chão erguido por Gladys ficou entre nós. Sem perder tempo, corri em direção à parede, pulando para o topo o mais rápido possível.

          Poucos segundos depois, senti a terra tremendo e rachando sob meus pés, com a força ao redor da pessoa na armadura estourando novamente. Como esperado, a força acabou lançando a pedra onde eu estava para cima. Dali, eu saltei em direção contrária à Gladys.

          Tirando Dominadora de meu cinto, eu a joguei para baixo, esperando que estivesse certa, e ele fosse dar um passo para trás. E, obviamente não querendo se passar por idiota se deixando enterrar, ele surgiu por entre os escombros, com Dominadora se enrolando ao redor dele.

          Comemorando, girei meu corpo no ar para ficar de barriga para baixo. Logo ele começaria a ficar sonolento, e então teria que usar a chance para acertar um arremesso de meu tridente no braço dele para que largasse a espada.

          No começo, achei que meu plano daria certo. Com ele começando a cambalear de um lado para o outro. Já havia apertado meu punho ao redor do cabo do tridente enquanto o preparava para um lançamento quando uma rajada forte de vento bateu com tudo contra minha barriga.

          Só tive tempo de perceber que aquilo era Kendra me empurrando para longe quando tudo na minha frente virou uma nuvem de poeira. Caí com tudo de costas nos restos dos soldados do posto, os corpos amenizaram minha queda de um jeito macabramente sortudo.

          Tentando me levantar, a poeira começou a se assentar. No centro da explosão, estava a pessoa na armadura negra, ainda de pé e claramente irritado. O círculo ao redor dele havia aumentado de três metros para quase metade do pátio e se transformado em uma verdadeira cratera. Não havia sequer sinal do corpo cortado ao meio, de Dominadora ou até mesmo do chão ao redor dele. Engolindo em seco, contemplei a minha sorte de que Kendra havia me tirado da área de impacto.

          Do outro lado de pátio, vi as outras duas, Gladys havia erguido pelo menos quadro paredes de pedra para proteger ela e Kendra do impacto e, mesmo assim, as duas foram lançadas até o portão do posto, poeira e arranhões cobriam seus corpos.

          A pessoa na armadura negra, então, se virou para mim, e percebi que havia cometido um enorme erro mais cedo. Tinha sido fácil adivinhar como as explosões funcionavam, mas eu havia esquecido que ele havia feito Executor recuar.

          Todo esse tempo, ele não estava usando toda a sua força. E agora que eu estava sentindo todo meu corpo ser coberto por calafrios, sabia que ele estava usando todo seu Miasma. E, considerando que ele havia transformado tudo ao redor dele em poeira e que minha Benção não havia me dado nenhuma pista até agora, eu sabia que estava morta.

          Segurando meu tridente com ambas as mãos, me perguntei se conseguiria acertar um golpe nele antes de ser transformada em poeira. Qualquer coisa em linha reta estava fora de questão. E, se chegasse muito perto, seria pulverizada em menos de um segundo. Não, não tinha como eu enfrentar um monstro daqueles. Era para isso que tínhamos gente como Executor e o Rei de Duas Coroas. Eu era apenas uma gladiadora, não uma caçadora de aberrações da natureza. Pelo menos não de coisas em que não podia usar minha Benção.

          Ele deu um passo para frente e, àquela altura, já estava fazendo as pazes com o fato de que eu iria morrer sem nem sequer deixar um corpo para trás. Mas, então, o som de metal batendo contra metal soou em meus ouvidos, e o meu futuro assassino olhou para o próprio ombro.

          Agora que minha crise de pânico havia sido interrompida, vi uma sombra se movendo do centro da cratera até a borda, rapidamente desaparecendo entre as pedras. E então várias estacas de pedra se formaram embaixo de onde a pessoa na armadura negra estava. Subindo rápido demais para ele ter tempo de usar uma explosão antes de uma das pontas arranharem sua armadura.

          Aquele era um golpe que eu reconhecia, fiquei aliviada pela primeira vez com um grupo de Amaldiçoados aparecendo de surpresa durante uma luta.

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