Gêmea

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          — Não dá, é impossível.

          Minha irmã se jogou na cama após apenas alguns minutos tentando produzir Miasma. Havíamos acabado de chegar à escola, mas mesmo assim já precisávamos conseguir utilizar nossos poderes se quiséssemos manter nossos disfarces. Senhor Brayan estava acompanhando a Senhorita Alícia naquele momento, então tínhamos algum tempo para tentar.

          — Você não pode desistir tão facilmente, irmã! Nossa missão depende disso!

          — Mesmo assim. Por que eu tenho que me esforçar tanto só para gerar Miasma? Nós sempre funcionamos muito bem só absorvendo ele, não?

          — Mas é possível que a escola possua sistemas de alarme, nós precisamos ser cuidadosas!

          — Ahhhhh! Ainda é um saco! Eu só quero matar aquele velhote e ir embora logo.

          Minha irmã começou a rolar de um lado para o outro em sua cama, tentando ventilar suas frustrações. Eu conseguia entender ela, também não gostava de me sentir tão vulnerável. Mas esse não era o momento para nos deixarmos abater.

          — O Senhor Brayan também está dando o melhor de si. Nós não podemos abandoná-lo agora.

          Minha irmã parou de girar, ficando deitada de lado para que eu não pudesse ver seu rosto.

          — É claro que ele está dando o melhor que tem. Se ele não fizer isso, até uma formiga consegue derrotar ele.

          Era óbvio, pela sua voz, que ela havia se acalmado. Até mesmo ela já havia percebido a pessoa gentil que era o Senhor Brayan. Eu não gostava de usar o nome dele simplesmente para controlar o temperamento de minha irmã, mas se isso fosse mantê-la focada, tenho certeza que Senhor Brayan me perdoaria.

          Ainda assim, eu sentia meu peito apertar um pouco toda vez que falava o nome dele para minha irmã. Ela já havia se decidido a contar seu nome verdadeiro para ele, embora sua primeira tentativa tenha fracassado. Mas eu... Eu ficava nervosa demais para até mesmo pensar.

          E se ele não gostasse de mim? E se ele só me visse como amiga? Senhor Brayan era uma pessoa gentil, eu tenho certeza que ele não me magoaria se me rejeitasse, mas eu não conseguiria mais olhar na cara dele depois disso.

          Não, a situação é mais grave. E se ele pensasse que meu nome era estranho? Eu não conhecia muitos nomes comuns, então era possível que nossos pais fossem daquelas pessoas com péssimo gosto. Ahhhhhh! Por que as coisas têm de ser tão difíceis! Seria muito mais fácil se nós pudéssemos fazer com que ele se viciasse em nós antes de contar nossos nomes.

          Espere, isso pode dar certo. Talvez eu pudesse fazer minha irmã tomar a iniciativa e acompanhar logo em seguida. Isso, quando Senhor Brayan estivesse acostumado a nos dividir, ele não poderia nos recusar mais! Mesmo que nossos nomes fossem estranhos! Era o plano perfeito!

          — Enfim, você tem alguma ideia de como fazer essa tal de produção?

          As palavras de minha irmã fizeram-me voltar ao momento. Isso, nós ainda estávamos em uma missão. Conquistar o Senhor Brayan teria que ficar para depois.

          — Hum. Não. Mas o Senhor Brayan sempre faz isso, não? Talvez ele possa nos ajudar.

          — Há, eu aposto que ele nem sabe o que está fazendo e só balança aquela espada para todo lado até matar alguma coisa.

Estrela MortaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora