Damas de Ferro

31 3 3
                                    

          Depois de que Kendra terminou de falar com sua mãe, ela parecia ainda mais determinada do que o de costume. Sem sequer esperar os seus ferimentos se curarem por completo, ela nos fez levantar acampamento e perseguir a pessoa na armadura negra o mais rápido que nossos pés conseguiriam nos levar.

          Embora a mudança de seu foco para ele fosse um pouco estranha, eu sabia que não teria uma resposta detalhada se simplesmente perguntasse o porquê do novo objetivo. Seria mais fácil esperar que alcançássemos nosso alvo para ver o que ela faria.

          Considerando que ele parecia estar indo na direção do Divino, a ideia de achar a trilha dele em meio a toneladas de areia não me parecia muito atrativa. Mas só precisamos nos conectar brevemente à rede do Divino para descobrir a localização exata dele com um sinal de socorro seguido de uma breve imagem mental do dito cujo.

          Aquele era o tipo de mensagem de emergência enviado por batedores que precisavam avisar os postos sem gastar muito tempo. E, como estávamos perto da fronteira, não era difícil adivinhar que se tratava de alguém cuidando do território de um dos vários pontos responsáveis por monitorar quem entrava ou saía do território do Divino. E, considerando que eles não precisavam ir muito longe, isso significava que o alcance não era muito grande, indicando que o nosso alvo estava por perto.

          Embora isso facilitasse nossa busca, Kendra parecia ainda mais ansiosa. A última vez que havia a visto ficar tão inquieta tinha sido quando os Amaldiçoados amigos do Brayan atacaram a Escola do Divino e aquela nuvem de pássaros cobriu todo o local. E, considerando que daquela vez nós encontramos toda a escola coberta de ratos e insetos mortos, metade dos prédios estavam desabando, e os Amaldiçoados que havíamos capturados tinham fugido surfando em um pilar de pedra que abriu um rombo na muralha da escola se movendo mais rápido do que qualquer cavalo, eu não estava muito ansiosa para ver o que nos esperava quando finalmente estivéssemos frente a frente com nosso alvo.

          Obviamente, minhas perspectivas não melhoraram quando encontramos os corpos de três batedores jogados no meio da areia.

          — Não há sinais de luta — disse Gladys após analisar os ferimentos dos corpos. — Quem quer que os tenha atacado não deu nenhuma chance de defesa.

          Bem, não era muito difícil de adivinhar que aquele era o caso, já que um deles teve o pescoço quebrado sem sequer sujar a espada. E, considerando que outro teve o peito afundado até quase virar uma panqueca, era de se esperar que alguém forte o suficiente para enfrentar o Executor tenha passado por ali. No mais, isso também serviu para mostrar que se tratava de alguém hostil. Se é que já não fosse óbvio suficiente.

          Kendra também não pareceu exatamente surpresa, embora a cara de dor de barriga dela tivesse ficado pior. Ou talvez fossem os hematomas finalmente a fazendo sentir a dor.

          — Não parece que eles foram mortos há muito tempo. Talvez o responsável esteja apenas um pouco a nossa frente — completou Gladys, se levantando.

          — Bem, eles eram novatos, mas não exatamente inexperientes, se eles foram trucidados assim, talvez fosse melhor chamarmos reforços — comentei, esperando evitar ter meus ossos transformados em poeira.

          Kendra ficou em silêncio por um instante e, então, sem dizer uma única palavra, começou a andar novamente. Suspirando, aceitei minha derrota e comecei a segui-la.

          Dito isso, em algum lugar dentro de mim, tinha esperança de que o nosso alvo teria ido direto para algum posto da fronteira. Considerando que eles possuíam um sistema de redes mais amplo e soldados melhor treinados, talvez conseguissem segurar ele até reforços chegarem e então vencer por uma vantagem numérica.

Estrela MortaWhere stories live. Discover now