Capítulo 82

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Capítulo 82

Levou mais de 24 horas para que Samantha me respondesse. Mas ela o fez. E com a classe que já era de se esperar vindo dela.

Estimado senhor Hart,
Não posso deixar de reconhecer que fiquei um tanto quanto surpresa com sua repentina aproximação. Confesso que não esperava ouvir de você tão brevemente. Porém fico contente que tenha tomado esta decisão.
Devo lembrá-lo de que é necessário que me envie seu currículo, para que eu possa encaminhá-lo ao setor responsável.
Quanto à assim referida "política de não telefone" não tenho nada a declarar. Sem maiores comentários.
Aguardo seu currículo para que possamos dar prosseguimento ao processo.
Atenciosamente,
Samantha Foster

Eu respondi imediatamente:

Prezada senhorita Foster,
É uma pena que não tenha reconsiderado meu pedido.
De qualquer forma, segue em anexo uma cópia do meu currículo.
Desde já agradeço.
Cortesmente,
Sam Hart.

Nós trocamos mais alguns e-mails assim por semanas, esperando que uma vaga surgisse. Enquanto eu aguardava a oportunidade, continuei fazendo meu trabalho. Viajei para as Carolinas do Norte e do Sul, para Delaware e até para a Costa Rica. Levava Pickford para todos os lugares onde ele precisava ir. Mas sem Liam, até mesmo pilotar aquele jato já estava perdendo a graça.

A casa era vazia e solitária. Eu detestava passar meu tempo lá, isolado, em uma solitude agoniante. O silêncio estava começando a me deixar maluco, então eu evitava ficar ali por mais tempo do que o necessário. Quando não estava viajando com Pickford, estava no hospital com Meggie.

Completou-se um mês desde que ela havia sido internada, mas ainda não dava sinais de melhora significativa. A bactéria havia se tornado mais e mais resistente e estava vencendo seu frágil organismo.

Até que, em um único dia, recebi duas notícias que me deixaram com um aperto enorme no coração. A primeira foi que Meggie teria que passar mais tempo internada, pois agora iria participar de um estudo clínico, testando drogas experimentais na tentativa de combater a bactéria que a estava debilitando. De certa forma, essa não era uma notícia completamente ruim, já que significava que ela estava sendo tratada, o que aumentaria suas chances de melhorar. Já a segunda notícia não tinha a ver com Meggie. Era sobre a entrevista de emprego.

Recebi um e-mail de Samantha me dizendo que havia surgido vagas para copilotos na United Airlines, e ela tinha conseguido uma entrevista para mim dali a alguns dias. Senti meu coração acelerar ao ler aquele curto e-mail.

Pensei em não contar para ninguém antes de já ter feito a entrevista. Afinal, podia acabar não dando em nada, e quanto menos gente soubesse, menos desapontamento seria. Mas não aguentei e acabei contando para algumas pessoas.

A primeira pessoa para quem contei sobre isso foi Meggie, quando estávamos a sós numa noite em seu quarto de hospital.

— Isso é incrível! Você devia ir mesmo. Vai ser legal poder ter um lugar para ficar quando eu for visitar Nova York — ela falou, satisfeita.

— Não sei, não. Acho que eu não deveria ir. Não quero abandonar você e mamãe aqui. Ainda mais com você nesta situação — apontei.

— Nem pense nisso. Eu não vou deixar minha doença te privar de seguir seus sonhos. Você tem que ir! Me prometa que você vai!

— Eu não sei, Meggie. — Baixei a cabeça. — Eu não sei mesmo.

— Sam, olha para mim. Você precisa ao menos tentar. Me diz que não vai perder essa entrevista.

— Tudo bem — suspirei. — Eu vou pensar sobre isso.

Também contei para Becca, por mensagens de texto, e ela me ligou na mesma hora.

SOB O MESMO CÉUWhere stories live. Discover now