Capítulo 41

31 7 0
                                    

Capítulo 41

O primeiro final de semana do mês de fevereiro era último ensaio que eu, Rebecca e Megan teríamos. O casamento estava marcado para o sábado seguinte, dia 10 de fevereiro.

Somente em nossa última oportunidade de ensaiar foi que o fizemos com maior afinco.

As três músicas que estávamos praticando eram: "The Way You Look Tonight", que tocaríamos os três juntos, eu com a guitarra, Rebecca no violoncelo e Meggie no sax; "La Vie en Rose", que Rebecca faria uma apresentação solo com o ukulele; e, por fim, "Heaven", que Meggie iria tocar sozinha com sua nova flauta transversal.

Ensaiamos incansavelmente durante horas a fio, muito mais do que havíamos feito em todos os finais de semana do mês de janeiro. Só tivemos de parar quando Meggie sentiu dores no peito. Seus pequenos pulmões provavelmente estavam sobrecarregados por passar tanto tempo praticando com instrumentos de sopro.

Como de costume, Rebecca cozinhou o jantar para nós. Foi dia de comida francesa. Bife bourguignon. Ou "falso bife bourguignon" como ela mesma classificou porque, segundo ela, a preparação tradicional leva vinho tinto, coisa que não havia utilizado. De qualquer forma, estava uma delícia!

Na segunda-feira levei uma bronca de Liam porque perdi o prazo final de inscrição para uma matéria eletiva que eu mesmo o havia convencido a fazer, e agora ele teria de cursar sem mim.

— Cara, você precisa focar mais! Nunca pensei que chegaria o dia em que eu te diria isso e não o contrário. Mas estou preocupado com você, irmão.

— Relaxa, Liam. Eu faço a matéria no próximo semestre. Tenho certeza de que vão ofertar de novo.

— Não é só isso. Sabe, você tem passado tempo demais fora do campus, perdeu o prazo da entrega de um trabalho importante na semana passada, não dorme mais aqui nos fins de semana... Não sei o que está acontecendo. Mas estamos chegando na reta final, parceiro. Você não pode ficar para trás. Não pode se perder agora.

— Vou conseguir — garanti. — Mas obrigado pelo alerta.

— Estou aqui para isso. — Ele socou meu ombro e sorriu amigavelmente.

Eu imaginei que aquele não fosse exatamente o melhor momento para convidar Liam para o casamento de minha mãe, então não toquei no assunto até mais tarde naquela noite.

Quando contei que minha mãe iria se casar de novo, ele disse:

— Cara, eu nem me lembro de quando minha mãe se casou com meu padrasto. Eles só foram a um cartório e oficializaram a união. É legal que sua mãe queira fazer uma cerimônia.

Ela não queria. Mas Liam não sabia disso e eu não queria ter de explicar. Por isso não falei nada a esse respeito. Apenas reiterei o convite que já havia feito:

— E aí, você vai ou não vai?

— Não dá. Dia 10 é o jogo contra a universidade do estado da Flórida.

— Nossa! Eu tinha me esquecido.

Estava completamente por fora das atividades do time já há algum tempo. Eu não ia aos jogos, não via os treinos; era quase como se eu nunca tivesse pertencido à equipe. Mas Liam ainda era o capitão e jamais deixaria de ir a um jogo. Eu tinha que ser compreensivo quanto a isso, mesmo querendo muito que ele fosse ao casamento. Não falamos mais nisso durante o resto da semana.

Na sexta-feira, um dia antes do casamento, eu estava dirigindo para Manalapan quando meu carro resolveu parar de funcionar. Provavelmente era algo relacionado à bateria. Eu fiquei com tanta raiva que chutei o para-choque dianteiro, o que causou mais dano a mim do que ao carro.

Liguei para Rebecca e contei o que havia acontecido. Ela se dispôs a ir me buscar. O guincho chegou e levou meu carro. Eu fiquei sozinho, sentado no acostamento, esperando que Becca viesse em meu resgate. Demorou menos de duas horas para que ela aparecesse dirigindo um belíssimo e luxuoso Rolls-Royce Ghost.

— Esse é o seu carro? — perguntei impressionado.

— É do meu pai — ela respondeu. — Ele coleciona carros.

Entrei no ostensivo veículo e me senti como se estivesse em uma nave espacial. Os bancos de couro exalavam um cheiro de carro novo. O ronco do motor era tão suave que se tornava quase imperceptível de dentro do carro. Dirigir uma máquina daquelas devia ser muito prazeroso!

Ao longo do caminho nós quase não conversamos. Apenas ouvimos músicas no rádio. Somente quando estávamos prestes a chegar foi que Rebecca me fez uma pergunta:

— Como foi que sua mãe e meu pai se conheceram?

— Sei lá — respondi, porque não sabia mesmo.

— Você não sabe?

— Nem você também, aparentemente. — Dei de ombros.

— É, mas eu não estava aqui.

Entramos no opulento terreno e Rebecca passou por um caminho de ladrilhos no qual eu nunca havia estado antes. Estacionou o carro, parando ao lado de vários outros veículos esportivos, em uma garagem isolada, na parte de trás da mansão principal. Era impressionante pensar que, mesmo tendo passado tanto tempo ali nas últimas semanas, ainda havia lugares totalmente desconhecidos para mim.

— Uau! Quantos carros maneiros!

— Papai é um colecionador. E eu sou uma entusiasta. Ele tem algumas verdadeiras jóias nessa coleção! Você quer ver?

— Com certeza!

Ela retirou os forros de cima de cada um dos veículos que estavam parados na garagem coberta. Era um mais lindo do que o outro! Eu fiquei embasbacado.

— Este é um Range Rover Autobiography. É um SUV, mas, para dizer a verdade, o preço é digno de um superesportivo. — Ela caminhou até outro carro. — Este daqui é o Lamborghini Aventador SV é um dos meus favoritos! Papai é um dos poucos que possuem essa beleza no mundo... — Rebecca exibia cada um dos carros de seu pai, dando uma breve explicação sobre todos eles. — Aqui temos a Ferrari 458 Italia. O motor é um 4.5 V8 de 605 cavalos e com câmbio de dupla embreagem, sete velocidades e tração traseira. Esta daqui é a Mercedes Classe G; faz de zero a 100 km/h em 5,3 segundos. Esta outra é uma Ferrari LaFerrari. Apenas 499 unidades foram produzidas no mundo todo. E por último, Mercedes-Maybach. Essa belezinha tem 455 cavalos de potência e pura elegância. Lindos, não é?

— Você parece uma vendedora de carros  falando — comentei. Ambos rimos. — Mas é realmente impressionante! São todos carros fantásticos! — E eram mesmo! Eu ainda continuava atônito. — Tem certeza de que seu pai não vai se importar por termos mexido nos carros dele?

— Tenho. Ele nem usa mesmo. — Becca parecia despreocupada.

Ela estava redondamente enganada. Pickford ficou muito, muito bravo!

SOB O MESMO CÉUOnde as histórias ganham vida. Descobre agora