SOB O MESMO CÉU

Capítulo 13

Capítulo 13

Antes de sairmos do hospital, Dra Rosenberg ainda quis me encontrar mais uma vez, para dar suas últimas recomendações.

— Nada de analgésicos! Principalmente opióides. Vamos tentar controlar sua dor com outras medidas mais brandas. Aqui está — ela estendeu sua mão cheia de papéis em minha direção.

— O que é isso? — eu os apanhei.

— São encaminhamentos. Tem um pedido para cada especialidade. Quiropraxia, acupuntura, fisioterapia e, é claro, RPG.

— RPG?

— Sim. Reeducação Postural. Vai te ajudar a condicionar a forma como você move a parte dolorida. Além de diminuir a quantidade de impacto que ela recebe.

— Nossa, quanta coisa!

— É, isso tudo também vai te manter ocupado, ajudando a ficar longe dos remédios. Melhoras, rapaz — ela então estendeu sua mão novamente, dessa vez para que eu a cumprimentasse.

Depois de um cordial aperto de mão, deixamos o hospital, eu, minha mãe e Jessie. Fomos todos conhecer a nova casa que mamãe havia acabado de comprar apenas 9 dias antes.

Foram menos de 5 minutos de caminhada e já estávamos lá. A fachada da casa era simples, um jardim com grama verdinha ficava bem na entrada e havia uma frondosa árvore com folhas que até pareciam estar verdes demais para o verão.

Ao entrarmos foi que tive a maior surpresa: em vez de caixas fechadas e móveis para serem montados, havia mobília novinha e carpete impecavelmente limpo. A casa estava arrumada demais, não parecia que tínhamos acabado de nos mudar para lá.

— Uau! Está tudo tão organizado — observei boquiaberto.

— Tentei deixar tudo em ordem para quando você e Meggie saíssem daquele hospital — minha mãe disse, orgulhosa.

— Nós não tínhamos todos estes móveis — constatei.

— Bem... Zane nos deu uma ajudinha.

— Ajudinha?

Mamãe nem respondeu. Caminhou para outro cômodo e mudou logo de assunto

— Já abasteci a geladeira, você não vai ter problemas em passar a noite aqui sem mim, vai?

— Não, tudo bem.

— Então venha, vou te mostrar seu quarto.

Ela subiu as escadas. Eu e Jessie a seguimos. Fizemos um tour completo pela casa.  Quatro quartos perfeitamente organizados, uma sala de jantar com uma mesa de madeira de mogno maciça (que até então não possuíamos), armários novos e até uma TV que eu desconhecia. Nos fundos estava uma piscina em um espaçoso quintal que também tinha um enorme carvalho. Era tudo muito bonito! Mas aquela realmente não se parecia em nada com a casa onde vivíamos antes, onde eu havia crescido.

Antes de ir embora, minha mãe ainda estava preocupada em deixar que eu passasse a noite ali sozinho.

— Vou fazer alguma coisa para você jantar.

— Não, mãe, está tudo bem. Sério. Pode ir ficar com Meggie.

— Tem certeza?

— Sim, a gente se vira. Podemos pedir comida ou qualquer coisa assim.

— Tudo bem — mamãe me abraçou. — Cuidem bem da nossa nova casa.

— Pode deixar, Irina — Jessie falou, sorrindo.

— Vejo vocês amanhã — minha mãe se despediu ao sair.

Assim que Jessie e eu ficamos a sós, ela começou a demonstrar sua preocupação, tentando cuidar de mim.