Capítulo 31

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Capítulo 31

O que me deixou pensativo foi o fato de ela ter dito "minha mascote". Que tipo de mascote ela poderia criar naquele aquaterrário? Se não era um peixe, quem sabe o que poderia ser? Um anfíbio? Um réptil? Seria uma rã? Um lagarto, uma iguana, um sapo, um jacaré... Uma cobra? E se fosse uma cobra? Eu sempre tive uma certa fobia desse tipo de animal, certamente não iria querer dividir o quarto com um bicho peçonhento. Se for uma cobra, não durmo mais naquele andar — decretei.

Aquilo ocupou tanto a minha mente que foi tudo o que eu consegui pensar durante o resto de minha caminhada. Terminei de correr depressa porque estava curioso demais  para descobrir de que animal se tratava a tal mascote de nome difícil.

Minha dúvida foi sanada tão logo entrei na casa. Rebecca e seu pai estavam discutindo em voz alta, perto do elevador.

— Ela nem exigia tantos cuidados assim, pai! Era só dar de comer uma vez ou outra. Qualquer funcionário poderia ter feito isso.

Rebecca parecia tremendamente zangada. Mas Pickford, como sempre, mantinha seu ar impassível e a voz baixa.

— Filha, eu pensei que seria o melhor a fazer. E se ela tivesse morrido sob meus cuidados? Você não iria me perdoar, iria?

— Tartarugas da raça dela vivem 30, 40 anos, pai. Não é possível que você iria matá-la!

Ah-há! Era uma tartaruga! Por alguma razão, esse era um dos poucos animais nos quais eu sequer havia pensado. Que alívio! Pelo menos não era uma cobra.

Eu já tinha ouvido o suficiente, então subi pelas escadas mesmo, para permitir que os dois pudessem prosseguir com sua discussão tendo alguma privacidade.

Antes de ir tomar banho, parei por um momento no quarto de Rebecca e observei o enorme aquaterrário sob a TV. Fiquei me perguntando que tipo de tartaruga precisaria de um tanque daquele tamanho. Certamente uma das grandes, concluí.

Quando estava saindo do quarto, me deparei com Megan no corredor. Ela estava usando um maiô florido e bóias de braço. Veio correndo até mim assim que me viu.

— Sam, vamos nadar! Por favor?

— Por que está usando bóias? — ignorei seu pedido. — Você sabe nadar muito bem!

— Ah, isso foi um presente do Zane. — Ela agora parecia totalmente envergonhada.

— Esse cara deve achar que você tem uns 2 anos de idade. E você deixa.

— Ele só está querendo me proteger. Garantir que eu vou estar segura nadando no lago.

— Bom, então divirta-se no lago, nadando com suas bóias para bebê, porque eu vou tomar banho.

Dei as costas para ela e comecei a caminhar em direção ao meu quarto.

— Você é um chato! — esbravejou. E eu pude sentir que ela fazia uma careta para mim, apesar de não poder vê-la.

Não sei por quanto tempo fiquei no banho. Provavelmente tempo demais. Mas como não ficar? A banheira era gigante, tinha hidromassagem e até uma TV de frente para ela (o que eu achei desnecessário). Meus dedos já estavam enrugados quando saí.

Depois de me vestir, desci as escadas com os cabelos ainda molhados. Me surpreendi ao ver que Rebecca e seu pai ainda discutiam, mas agora na cozinha; e sobre outro assunto. Mamãe e Megan também estavam na cozinha, presenciando toda a cena. A mesa do café da manhã estava posta, e todos comiam enquanto falavam. Eu parei e fiquei ouvindo de longe, sem que eles pudessem me ver.

SOB O MESMO CÉUWhere stories live. Discover now