Capítulo 3

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O que eu poderia responder naquela hora? Mentir? Não. Mentir não era uma opção. Tentei pensar rápido em alguma resposta honesta que não fosse desencadear uma reação ruim. Não consegui pensar em nenhuma.

— E você ficou? — apenas devolvi a pergunta.

— Sammy, me responda! — Jessie parecia mesmo estar zangada.

— Eu... eu não acho que deveríamos falar sobre isso agora — tentei desconversar. Falhei.

— Minha nossa! É uma pergunta simples, será que você pode me responder? Você ficou com alguém, ou não ficou?

Respirei fundo, e decidi contar a verdade.

— Foi só uma vez... Uma garota, numa festa...

Quando comecei a me explicar, ela arrancou o carro com um solavanco violento, pisando com força no acelerador.

— Eu não acredito que fez isso! Por que não me contou?

— Estou te contando agora. Jessie, eu sinto muito mesmo! Mas aquilo já ficou para trás. Você sabe que é você que eu amo!

— Qual é o nome dela?

— Isso importa?

— Você sabe ao menos o nome dela ou não sabe? — sua voz soava bem mais estridente do que o normal, demonstrando seu nítido descontentamento.

— É Samantha. O nome dela é Samantha. Ela estuda na Embry-Riddle... estudava. Ela se formou nesse ano. Foi na festa de formatura. Eu estava triste e sozinho; eu e você estávamos separados há meses. Liam me apresentou essa garota e daí... durante a festa eu... foi ela quem me bei...

— Ah, não! Não se atreva a dizer isso! — esbravejou.

— Tudo bem. Nós nos beijamos. Mas não significou nada. Jessie, se eu pudesse voltar no tempo, eu nunca teria feito isso. Eu juro.

— É. Mas você não pode!

Só então notei que a essa altura já haviamos entrado no terreno de sua casa. Jessie estacionou o carro e desceu enfurecida, batendo a porta.

— Meu amor, por favor, me escute! — desci do carro e caminhei atrás dela. — Eu não estava escondendo isso de você. Eu planejava te contar. Só não tinha surgido uma oportunidade ainda.

— Não quero discutir isso agora — rebateu.

— Por favor, você não pode ficar zangada comigo por algo que fiz quando nem sequer estávamos juntos. Não é como se eu tivesse te traído.

— Eu disse agora não!

Ela entrou na casa tão rápido que eu nem pude acompanhá-la, depois subiu as escadas saltando dois degraus de cada vez. Ouvi a porta do seu quarto bater com força e logo depois Jenna surgiu no alto das escadas, segurando o cãozinho Joy no colo.

— Está tudo bem, Sam? — perguntou lá de cima.

Eu balancei a cabeça negativamente e me sentei ofegante num degrau.

— O que houve? — Jenna desceu as escadas apressadamente. — Você está bem?

— Jessie está brava comigo.

— Ela pareceu furiosa mesmo! O que você fez?

— Jen, eu preferiria não falar sobre isso, se não se importar.

— Já entendi. Não é da minha conta.

Ela se levantou e subiu as escadas, afagando os pelos de Joy. Eu permaneci sentado. Minhas costas doíam tanto que eu começava a suar. Já havia passado da hora do remédio.

Caminhei lentamente até meu quarto, apanhei o frasco e retirei dois comprimidos, engolindo-os de uma só vez. Deitei-me no chão e esperei que fizessem efeito. Quando comecei a me sentir melhor, decidi ir falar com Jessie.

Subi as escadas e bati na porta de seu quarto. Sem resposta. Bati novamente. Nada.

— Jessie, posso entrar?

Ainda sem dizer nada, ela abriu a porta. Seus olhos estavam avermelhados, como se tivesse chorado bastante. Então comecei a falar:

— Sei que você não quer falar sobre isso, mas, acho que guardar esses sentimentos só para você vai ser muito pior. Precisamos colocar pra fora, conversar. Por favor, converse comigo!

— Eu não quero falar sobre isso, porque sei que vamos brigar.

— Não precisamos brigar. Se você não quer, eu também não quero.

— Mas vai querer.

— O quê? Como assim?

— Sammy, você vai querer brigar comigo porque... — Ela parou de olhar para mim e abaixou a cabeça. — Porque eu também fiquei com alguém.

SOB O MESMO CÉUWhere stories live. Discover now